EUR/USD
Semanal

O mês de Agosto foi o menos volátil dos últimos três, apesar de não terem faltado motivos para sobressaltos: tarifas recíprocas a entrar em vigor, Trump a intensificar ataques ao Fed e dados económicos que surpreenderam de várias formas.
Agosto: calma aparente ou prenúncio de turbulência?
Logo no arranque do mês, o mercado de trabalho deu sinais de fraqueza inesperada. Foram criados apenas 73 mil postos de trabalho em Julho, muito abaixo das estimativas, e as revisões em baixa dos meses anteriores — para 14 mil em Junho e 19 mil em Maio — lançaram dúvidas adicionais sobre a robustez da economia. Ainda assim, outros indicadores trouxeram uma leitura distinta: o PIB do segundo trimestre foi revisto em alta para 3,3%. A inflação global manteve-se nos 2,7%, mas a subjacente acelerou para 3,1%, enquanto o IPP surpreendeu em forte alta (+0,9%), enquanto o Core PCE subiu 0,3% em Julho, levando a taxa anual para 2,9%, em linha com o esperado.
Os índices de confiança dos consumidores, por sua vez, mostraram maior prudência: o da Universidade de Michigan recuou para 58,2 e o da Conference Board para 97,4. Em contrapartida, os PMI de Agosto superaram as expectativas, com a indústria a regressar ao crescimento (53,3) e os serviços a manterem-se confortavelmente em terreno expansionista (55,4).
No plano político, o foco esteve em Donald Trump, que manteve a pressão sobre Jerome Powell e aproveitou a saída inesperada de Adriana Kugler para reforçar a sua influência no Conselho de Governadores do Fed, nomeando para o seu lugar Stephen Miran. O afastamento de Lisa Cook, por alegadas irregularidades, poderá abrir a porta a mais uma nomeação alinhada com a sua visão. Caso se confirme, Trump terá já indicado quatro dos sete elementos do Conselho de Governadores, aumentando o risco de erosão da independência da política monetária norte-americana.
Para já, os mercados parecem desvalorizar esse risco e continuam a antecipar um corte de 25 pontos-base na reunião de Setembro, com possibilidade de mais um corte até final do ano. Na Zona Euro, a expectativa é de estabilização da política monetária, com apenas espaço para mais uma redução de 25 pontos-base. A inflação permanece próxima da meta e a actividade económica tem mostrado maior resiliência do que inicialmente previsto.
O EUR/USD acabou por se manter confinado a um intervalo relativamente estreito, aproximadamente entre 1,1400 e 1,1700, durante Agosto. Mas essa aparente estabilidade poderá ser ilusória. Se os investidores começarem a olhar de outra forma para as tentativas de Trump em condicionar o Fed, poderemos assistir a um regresso do sentimento de “Sell America” e a pressões significativas sobre o dólar.
A semana começa com os mercados norte-americanos encerrados esta segunda-feira pelo Dia do Trabalhador. As atenções da semana recaem novamente sobre o mercado de trabalho. A expectativa é de criação de 75 mil empregos em Agosto, mas mais do que o número em si, os mercados estarão atentos a novas revisões dos meses anteriores.
Num contexto de crescente desconfiança quanto à fiabilidade dos dados, um número acima do esperado dificilmente irá alterar as actuais expectativas de cortes de taxas, mas uma surpresa em baixa poderá acelerar a expectativa de cortes de taxas mais agressivos já em Setembro.
Em minha opinião, Agosto pode ter sido apenas uma pausa antes de maiores movimentações. A volatilidade poderá regressar rapidamente, sobretudo com a sequência de indicadores que se aproxima: ISM, ADP e, sobretudo, os nonfarm payrolls. Dados sólidos tenderão a manter o EUR/USD perto de 1,1500, mas sinais de nova fragilidade no emprego poderão empurrar o par para máximos anuais, ainda que contidos pela incerteza política em França.
Agosto trouxe calma — mas Setembro pode muito bem trazer a tempestade.
Principalmente se o mercado começar a dar mais peso às tentativas de Donald Trump para controlar a política monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos. Mas creio que isso ainda não será tema para a primeira semana de Setembro.
Tecnicamente
Gráfico EUR/USD semanal
Fonte XTB xStation 5
O EUR/USD negociou nas últimas semanas em volatilidade reduzida, ficando contido entre um máximo de 1,1742 e um mínimo de 1,1573.
No gráfico semanal, o RSI e o MACD, continuam com um momentum positivo no par, mas as suas leituras “flat” favorecem a consolidação em torno dos recentes níveis.
O romper do máximo de Agosto (1,1742) poderá colocar de novo o EUR/USD na tendências ascendente de mais longo prazo (deste ano). Uma primeira resistência poderá ser encontrada no actual máximo do ano a 1,1830, que se ultrapassada poderá levar o par a atingir o primeiro objectivo da projecção Fibonacci do movimento mínimo 2025 (1,0177) / máximo de Abril a 1,1573 / mínimo de Maio a 1,1065 (61,8%), a 1,1928, antes da referência psicológica dos 1,2000.
O quebrar do mínimo da semana passada (1,1573) poderá levar o EUR/USD de novo a um teste ao suporte dado pela média móvel das 21 semanas, de momento a 1,1517, antes do nível psicológico 1,1500, área esta que se quebrada irá expor o mínimo de Agosto a 1,1391 e a possibilidade de um teste a 1,1357 (61,8% Fibonacci retracement do movimento mínimo de Maio / máximo do ano). Este nível se ultrapassado, poderá encontrar novo objectivo a 1,1198 (38,2% Fibonacci retracement do movimento mínimo/máximo deste ano).
Gráfico EUR/USD diário
Fonte XTB xStation 5
Pode acompanhar diariamente os comentários/análises ao EUR/USD no nosso canal YouTube clicando aqui .
O comentário é disponibilizado todas as manhãs, tentativamente entre as 10h00 e as 10h30.
O EUR/USD nas últimas semana manteve-se a consolidar em torno das médias móveis dos 21 e 55 dias, acima da Nuvem de Ichimoku diária e abaixo de uma linha de tendência descendente que vem desde o máximo do ano de 1,1830, atingido no primeiro dia de Julho deste ano.
No gráfico diário, os indicadores de momentum MACD e RSI continuam em torno das respectivas linhas neutras, sinalizando ausência de direcção clara e favorecendo a manutenção da consolidação em torno dos níveis recentes.
O romper da resistência dada pela linha de tendência descendente, confirmada pelo ultrapassar do máximo de Agosto de 1,1742, irá expor o máximo do ano a 1,1830, que se por sua vez ultrapassada poderá colocar o mercado de olhos postos no nível psicológico de 1,2000.
O quebrar do suporte (de momento fraco) dado pela Nuvem de Ichimoku neste gráfico diário (de momento 1,1585/1,1605), irá expor o mínimo de Agosto a 1,1391, tendo pelo meio que quebrar suportes a 1,1573, 1,1527 e 1,1453. O quebrar dos 1,1391 irá expor o mínimo relevante de finais de Maio de 1,1210.
Resistências - Suportes
1,1742 - 1,1605
1,1830 - 1,1527
1,1909 - 1,1453