EUR/USD
Semanal

EUR/USD Semanal

Jerome Powell deu o pontapé de saída para mais ganhos no dólar, cabe aos dados económicos até à reunião do Fed continuarem a empurrá-lo para a frente, mas a defender o euro teremos o BCE.

Num esperado testemunho de Jerome Powell perante o Senado, tivemos umas inesperadas palavras hawkish da sua parte.
Depois de na declaração que se seguiu à última reunião do Fed, ter vindo a dizer que o caminho da "desinflação" tinha começado, apesar de continuar a ver um mercado de trabalho apertado, Powell disse esta semana que as pressões inflacionistas persistem, que a economia está mais resiliente do que o inicialmente esperado e o mercado de trabalho mais apertado do que aparentava à altura da última reunião. Realçou que o ritmo de subida de taxas de juro pode voltar a aumentar, caso a situação assim o exija.
Os mercados reagiram de imediato com uma subida das yields obrigacionistas, com o mais curto prazo a superar os ganhos de mais longo prazo, levando a uma ainda maior inversão da curva de taxa de juro. As probabilidades de 50 pontos de subida para a próxima reunião de 22 de Março, segundo o CME Fed WatchTool, disparam de imediato de 30% para 70%. O dólar registou ganhos acentuados e o EUR/USD registou um mínimo mais perto do mínimo deste ano.
No testemunho do dia seguinte, Powell manteve o tom hawkish abrandando-o um pouco ao referir que nada estava decidido e tudo dependeria dos dados a divulgar até à data da reunião.
Isto colocou mais pressão sobre a importância dos dados a divulgar. Os primeiros já saíram e apontam para o tal aumento de ritmo de subida de taxas, com o JOLTS a mostrar 10,8 milhões de vagas de empregos, o ADP a mostrar 242 mil novos postos de trabalho no sector privado e os nonfarm payrolls 311 mil, todos os números acima do esperado pelo mercado.
Esta semana teremos a inflação, as vendas a retalho e a confiança do consumidor da Universidade de Michigan. A inflação é de longe o dado com mais peso e qualquer surpresa em alta irá certamente levar a elevar as expectativas para a tal subida de 50 pontos. Mas um aumento de vendas a retalho inesperado e/ou um aumento na confiança do consumidor, irá certamente fazer aumentar os receios de que as pressões inflacionistas persistem.

Mas esta semana é também a semana de reunião do Banco Central Europeu. Os mercados têm como certo um aumento de 50 pontos na sua taxa de juro, passando de 3,00% para 3,50%, com a atenção a estar na declaração, observando as novas projecções do conselho de governadores para o crescimento económico e inflação, e a conferência de imprensa de Christine Lagarde que se lhe segue.
Ultimamente têm-se ouvido mais as vozes do lado hawkish do BCE, lideradas por Isabel Schnabel, que evidenciam a necessidade de manter aumentos de 50 pontos base para controlar uma inflação (subjacente) que continua sem dar sinais de querer inverter o seu curso. Esta semana Robert Holzmann, governador do banco central austríaco, diz apoiar mesmo uma subida de 50 pontos nas próximas quatro reuniões.
Apesar de não ser esta a posição de todos os membros do BCE, com Ignazio Visco a criticar duramente o seu colega e Philip Lane a referir que a política monetária iria decorrer dependente sempre dos dados económicos que forem sendo recebidos, o euro tem vindo a receber suporte por um aumento das expectativas de subida de taxas de juro, com o mercado já mesmo à espera de um novo aumento de 50 pontos a seguir-se ao desta semana.

O EUR/USD esta semana encontra-se entre as perspectivas de um aumento do ritmo de subida de taxas de juro do Fed e uma posição mais hawkish do BCE.
Números da economia norte-americana acima do esperado irão colocar uma subida de 50 pontos mais perto e o EUR/USD poderá voltar a negociar abaixo de 1,0500.
Mas as surpresas têm-se ultimamente sucedido e uma comunicação de Lagarde mais hawkish, por exemplo, indicando a possibilidade de mais subidas de 50 pontos base nas próximas reuniões, poderá “estragar a festa”, suportando o euro e levando o EUR/USD a ganhos.

O EUR/USD tem vindo a negociar num intervalo relativamente apertado entre 1,0700 e 1,0500 com as expectativas do mercado a apontarem para mais entre três e quatro aumentos de 25 pontos por parte da Reserva Federal e por mais duas subidas de 50 pontos e uma a duas de 25 pontos por parte do BCE.
Um aumento de 50 pontos do Fed não parece tão descontado no mercado, pelo que essa surpresa poderá ter mais impacto no mercado, do que mais 50 pontos do BCE. Ao acontecer este cenário, parece maior a probabilidade do EUR/USD voltar abaixo de 1,0500 do que acima de 1,0800.
Já uma comunicação mais hawkish de Lagarde, referindo por exemplo, que a continuação de aumentos de 50 pontos não são de excluir, poderão colocar de novo o EUR/USD no caminho de 1,1000.


Tecnicamente

Gráfico EUR/USD semanal

Fonte XTB xStation 5


O preço na semana passada manteve-se ao mesmo nível da semana anterior, com o mínimo a atingir 1,0524 e o máximo 1,0700, face à semana anterior de 1,0691 e 1,0533. O preço tocou mesmo no importante suporte dado pela MMS das 21 semanas (de momento a 1,0525) antes de recuperar, fechando a semana a 1,0637.
O EUR/USD segue a negociar bem dentro da Nuvem de Ichimoku no gráfico semanal, com a linha do RSI a continuar acima da linha de 50 e com o MACD afora a apontar para a possibilidade de perdas no par.

O quebrar do suporte da MMS das 21 semanas irá expor o possível primeiro objectivo da correcção do movimento que trouxe o preço do mínimo de 2022 a 0,9535, até ao máximo deste ano a 1,1033, dado pelos 38,2% Fibonacci a 1,0460. Este nível se quebrado poderá abrir caminho a um teste a Senkou A semanal, de momento a 1,0320, que se por sua vez quebrado irá expor o importante nível psicológico dado pela paridade.

O quebrar do máximo das duas últimas semanas a 1,0704, poderá levar a um teste a Senkou B semanal, de momento a 1,0854, que se quebrado poderá indiciar que a correcção iniciada no final de Janeiro, princípio de Fevereiro terminou, com o preço de volta à tendência ascendente com que iniciou este ano de 2023.


Gráfico EUR/USD diário

Fonte XTB xStation 5

O EUR/USD voltou a testar a área de suporte 1,0480/1,0530 e, de novo rejeitou essa área, tendo ido testar de seguida a área de resistência em torno de 1,0700 e recentes máximos, negociando à volta da MMS dos 21 dias. Tanto o MACD como o RSI no gráfico diário revelam leituras neutras para o par.

O quebrar da área de resistência em torno dos recentes máximos a 1,0700, abre a possibilidade de um teste à resistência a 1,0805, que se quebrada poderá possivelmente indicar que a correcção que trouxe o preço até perto de 1,0500 terminou.

o quebrar da área de suporte 1,0480/1,0530 irá expor a MMS dos 200 dias, de momento a 1,0308.


Resistências - Suportes

1,0704 - 1,0524

1,0805 - 1,0470

1,0942 - 1,0308



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