Café da Manhã
A confusão continua

Café da Manhã A confusão continua

O assunto Credit Suisse continua a ser o tema principal, quando temos hoje a reunião do Banco Central Europeu com uma difícil decisão a tomar.

O BCE prometeu aumentar as taxas em 50 pontos base na reunião de hoje, mas devido a todos os acontecimentos que de há uma semana a esta parte têm vindo a suceder, com especial ênfase em torno do Credit Suisse, os mercados esperam um corte mais modesto de 25 pontos.
Mas o BCE remeteu-se ao silêncio em todo este tempo e com a inflação subjacente a não mostrar sinais de abrandamento, o banco central poderá mesmo continuar com o aumento de 50 pontos. Os eventos recentes não têm impacto imediato na economia real. Poderá entretanto ter a oportunidade de manter uma abordagem de esperar para ver na próxima reunião de Maio. Além de que uma redução para 25 pontos pode ser vista como um sinal de pânico e aumentar a turbulência do mercado.

Os mercados accionistas foram ontem fortemente abalados por dúvidas relativamente à situação do Credit Suisse. Os principais índices europeus terminaram o dia a cair cerca de 3,5%, com o índice suíço SMI a perder “apenas” 1,87% na sessão em que o Credit Suisse perdeu 24% do seu valor em bolsa.
Os mercados obrigacionistas voltaram a registar ganhos consideráveis, com as respectivas yields a voltarem a afundar. As yields das bunds a 2 anos registaram novo mínimo a 2,35%, terminando o dia a 2,48%, abaixo da taxa de depósitos do Banco Central Europeu (2,50%) e registando a maior queda diária desde 1995. As yields das treasuries norte-americanas para o mesmo período também renovaram o mínimo deste ano, a 3,75%, nível que não se registava desde Setembro de 2022.

À noite, o BNS e o regulador suíço emitiram uma declaração conjunta sobre o Credit Suisse. Referiram que o Credit Suisse "reúne os requisitos de capital e liquidez impostos aos bancos com importância sistémica". A declaração disse ainda que forneceriam uma linha de liquidez, se tal fosse necessário.
Durante esta noite, um comunicado do Credit Suisse disse que ia recorrer ao Banco Nacional Suíço para um empréstimo de 50 mil milhões de franco suíços e lançou uma oferta pública para a recompra de 3 mil milhões da sua dívida.

Esta tentativa de acalmar os mercados, reforçando a liquidez do banco e a confiança dos mercados financeiros, levou a perdas mais comedidas nos mercados accionistas norte-americanos e asiáticos do que as verificadas na Europa.

Os mercados accionistas norte-americanos começaram o dia de ontem em perdas significativas mas terminaram a sessão a recuperar e longe dos mínimos registados.
O índice Dow Jones terminou a recuar 0,87%, o S&P 500 0,70%, enquanto o Nasdaq conseguiu mesmo terminar em terreno positivo avançando marginalmente 0,05%.

Na Ásia, os principais índices voltaram a negociar em terreno negativo.
O índice Nikkei, do Japão, terminou a sessão de hoje a perder 0,80% e o ASX 200, da Austrália, 1,46%, depois de sólidos números divulgados do mercado de trabalho com a taxa de desemprego a cair de 3,7% para 3,5%.
Na China, o índice Shanghai Composite caiu 1,12% e o Hang Seng, de Hong Kong, 1,72%.
Na Coreia do Sul, o índice Kospi, terminou a recuar marginalmente 0,08%.

As acções na Europa começaram o dia de hoje a recuperar em força as perdas de ontem, mas depressa esses ganhos iniciais começaram a arrefecer, com os principais índices a seguirem ainda em terreno positivo.
O índice Euro Stoxx 600 avança de momento 0,23% e o Euro Stoxx 50 0,56%.
Na Alemanha, o índice DAX avança 0,39% e o CAC 40, de França, 0,45%.
No Reino Unido, o índice FTSE 100, avança 0,58%.

No mercado cambial, ontem, o dólar ganhou e o euro perdeu, com a incerteza em torno do sector bancário a atingir a Europa depois dos Estados Unidos.
O dólar voltou a brilhar com o seu estatuto de moeda de refúgio a voltar, depois de ter abrandado o tumulto no sector bancário norte-americano. O índice do dólar DXY subiu de 103,50 até um máximo acima de 104,70, negociando de momento a 104,15.
O EUR/USD caiu de níveis, com que começou o dia de ontem, acima de 1,0700 para chegar a atingir um mínimo a 1,0516, terminando a 1,0575. Em dia de reunião do Banco Central Europeu, o EUR/USD segue de momento em torno de 1,0600, com os mercados agora a equacionarem a possibilidade de um aumento abaixo do anteriormente anunciado de 50 pontos.
O franco suíço registou forte perdas durante o dia de ontem, com o EUR/CHF a terminar o dia a 0,9873 depois de ter atingido um mínimo perto de 0,9700, enquanto o USD/CHF, que começou o dia a 0,9140, terminou a 0,9335.
Já em fortes ganhos negociou o iene japonês. O EUR/JPY foi todo o caminho de um máximo de praticamente a 145,00 até um mínimo de 139,48, enquanto o USD/JPY caiu do nível de abertura a 134,22 para terminar a 133,43, apesar dos ganhos globais do dólar. O iene continua a negociar hoje em ganhos com o USD/JPY abaixo de 133,00 e o EUR/JPY a 141,00.

Os preços do petróleo voltaram ontem a registar fortes perdas entre receios de que os problemas do sector financeiro alastrem para a economia em geral, levando a uma queda na procura por energia. Os preços chegaram a cair mais de 8% tendo o Brent atingido um mínimo abaixo de $71,80 por barril e o WTI abaixo de $65,70, níveis que não se registavam desde Dezembro de 2021.
O Brent segue de momento a negociar a $74,50 por barril e o WTI a $68,30.


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