Semana Revista
O ruído da banca abafou BCE e inflação

Semana Revista O ruído da banca abafou BCE e inflação

Ainda há umas semanas atrás os grandes destaques da semana teriam ido para a inflação norte-americana e a reunião do BCE. Acabaram por ser a banca e a estabilidade (ou instabilidade!) financeira.

No passado fim-de-semana, as autoridades norte-americanas assumiram o controlo de dois bancos que estavam a passar por uma grave crise de liquidez. A resposta foi forte, todos os depósitos nos dois bancos seriam cobertos e o Fed criou um novo programa de financiamento a prazo, onde os bancos poderiam ter acesso a liquidez contra garantias elegíveis de qualidade elevada que seriam avaliadas ao par. Não é comum que um banco central não se proteja de perdas de crédito impondo haircuts no colateral e a resposta pode ser considerada impactante. No entanto, na quinta-feira, as preocupações concentraram-se noutro banco norte-americano, o First Republic Bank, até receber um depósito de 30 mil milhões de dólares provenientes dos maiores bancos nacionais. Os receios também se reflectem no aumento do novo mecanismo de empréstimo do Fed, num fluxo de depósitos de médios para grandes bancos americanos e na fuga de investidores para fundos de mercado monetário.



As preocupações com a estabilidade do sector bancário passaram rapidamente para este lado do Atlântico. Na Suíça, o banco central foi forçado a intervir e fornecer um empréstimo de liquidez ao seu segundo maior banco, o Credit Suisse, na noite de quarta-feira, depois do preço das acções afundar e o mercado de credit default swaps (CDS) precificar um risco crescente de incumprimento. Na quinta-feira, o preço das acções começou a recuperar, mas os CDS continuavam a negociar em níveis alarmantes. Alguns indicadores de risco sistémico também aumentaram. A volatilidade esperada no mercado accionista aumentou e mais ainda no mercado obrigacionista.



Depois de mais de uma década de taxas de juro excepcionalmente baixas, poderíamos levantar a questão se o forte e rápido aumento de taxas de juro por parte dos bancos centrais, abanando toda a estrutura financeira, não iria levar a que alguma coisa tombasse. Os eventos que têm vindo a ocorrer desde a situação do Silicon Valley Bank serviram como um sinal de alarme de que poderá ser melhor haver um compromisso por parte dos bancos centrais entre o combate à inflação e a estabilidade financeira. Mas olhando para a conferência de imprensa da presidente Lagarde na passada quinta-feira, após o Banco Central Europeu ter aumentado as suas taxas em mais 50 pontos base, os bancos centrais discordam.

A comunicação de Christine Lagarde mostrou uma clara preferência e foco na inflação sobre a estabilidade financeira. A sua primeira frase foi: “A inflação deve permanecer muito alta por muito tempo". Disse também que não há compromisso entre estabilidade de preços e estabilidade financeira, com o BCE pronto para lidar com cada um dos casos à sua própria maneira. A primeira via taxas de juros, a segunda via ferramentas de liquidez. Com base no seu tom agressivo, a actual turbulência do mercado não parece impedir o BCE de continuar a aumentar as taxas de juro nas próximas reuniões.



Entretanto, a China deu mais um passo para voltar à normalidade pré-Covid. Reabriu as suas fronteiras para turistas estrangeiros pela primeira vez desde o surto, restaurando a emissão de todos os tipos de vistos. Foi a última medida de controlo transfronteiriço que estava em vigor e deve ajudar a impulsionar o turismo e o crescimento ao removê-la. Em 2022, cerca de 116 milhões de viagens transfronteiriças foram feitas dentro e fora da China, com estrangeiros representando apenas 4,5 milhões. Em 2019, antes da chegada da pandemia, foram registadas 670 milhões de viagens, sendo quase 100 milhões por conta de estrangeiros.


Os Bancos Centrais



O Banco Central Europeu, como anteriormente sinalizado, aumentou todas as suas taxas de juro em 50 pontos base, mesmo apesar das recentes preocupações com a estabilidade financeira. A sua taxa de depósito subiu de 2,5% para 3%, a de refinanciamento de 3% para 3,5% e a de facilidade permanente de cedência de liquidez de 3,25% para 3,75%, já que “a inflação deve permanecer muito alta por muito tempo”.
As previsões globais de inflação sofreram uma revisão em baixa devido, sobretudo, devido à maior queda dos preços da energia. O BCE prevê agora uma inflação média de 5,3% em 2023, 2,9% em 2024 e 2,1% em 2025, face às estimativas anteriores de 6,3%, de 3,4% e de 2,3%, respectivamente. Simultaneamente reviu em alta a sua previsão de inflação subjacente para este ano de 4,2% para 4,6% antes de desacelerar em 2024 para 2,5% (anteriormente a 2,8%) e em 2025 para 2,2% (de 2,4%). Espera, portanto, que a inflação permaneça acima da sua meta de 2% ao longo do horizonte de política monetária. As previsões do crescimento económico aumentaram de 0,5% para 1% para este ano de 2023, mas caíram de 1,9% para 1,6% e de 1,8% para 1,6%, respectivamente para 2024 e 2025. Acrescentam que estas previsões foram feitas com base em dados anteriores às recentes tensões nos mercados financeiros, o que implica maior incerteza em torno dos mesmos.
O BCE deixa de dar qualquer orientação futura e muda para decisões tomadas de reunião a reunião dependentes dos dados que forem sendo divulgados. Não só para avaliar as perspectivas de inflação, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária, mas também para acompanhar de perto as actuais tensões do mercado e estar pronto para responder conforme necessário para preservar a estabilidade financeira na área do euro, bem como a estabilidade dos preços.

O Banco da Indonésia manteve a sua taxa de juro inalterada em 5,75% pela segunda reunião consecutiva.


Dados Económicos




Nos Estados Unidos as atenções relativamente a dados económicos estavam esta semana na inflação de Fevereiro.
O Índice de Preços do Consumidor mostrou um aumento mensal de 0,4%, em linha com o esperado, mas se a estes retirarmos a energia e a alimentação, teremos uma subida de 0,5%, acima dos 0,4% esperados e do mês anterior. No comparativo anual a inflação ficou nos 6,0%, em linha com o estimado pelo mercado e abaixo dos 6,4% do mês anterior. É o nível de inflação mais baixo desde Setembro de 2021. A inflação core caiu de 5,6% para 5,5% em linha com o previsto e com o mês anterior.
Os preços no produtor caíram ainda mais, reduzindo no mês 0,1%, face a uma subida esperada e do mês anterior de 0,3% e no comparativo anual os preços a desacelerarem de 5,7% para 4,6%.
Também em destaque estiveram as vendas a retalho que caíram 0,4% no mês de Fevereiro, surpreendendo o mercado que previa uma queda de 0,3% após um aumento revisto em alta de 3,2% no mês anterior. Se excluídas as vendas de automóveis caíram 0,1%, em linha com o esperado, e depois de uma subida de 2,4% no mês anterior.
Da Universidade de Michigan tivemos os dados da confiança do consumidor que caiu pela primeira vez nos últimos quatro meses. Caiu de 67 para 63,4, face às estimativas de se manter ao anterior nível. As expectativas de inflação para este ano baixaram dos 4,1% para 3,8% e a 5 anos de 2,9% para 2,8%, ambas a surpreenderem os mercados.
Outros indicadores importantes foram o Índice Manufactureiro de Nova Iorque que caiu para -24,6, bem abaixo das previsões de -8 dos -5,8 do mês anterior, e o Índice Manufactureiro do Fed de Filadélfia que subiu de -24,3 para -23,2, abaixo das expectativas de -15.
Os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego voltaram a surpreender o mercado ao caírem 20 mil em relação à semana anterior para 192 mil, bem abaixo dos 205 mil esperados.
O NFIB Small Business Optimism Index subiu de 90,3 para 90,9 e a produção industrial permaneceu inalterada em Fevereiro, abaixo de expectativas de um aumento de 0,2%.
No mercado imobiliário e da construção, o índice NAHB/Wells Fargo Housing Market subiu pelo terceiro mês consecutivo, de 42 para 44, acima das previsões de 40, o número de início de construção de imóveis aumentou de 1,32 milhões para 1,45 milhões e o das licenças de construção de 1,34 milhões para 1,52 milhões, o número mais alto dos últimos cinco meses.

Na Zona do Euro foi mais uma semana bastante vazia de indicadores económicos.
A produção industrial aumentou em Janeiro 0,7%, recuperando parcialmente de uma contracção de 1,3% do mês anterior e acima das expectativas do mercado de 0,4%. Numa base anual, a produção industrial cresceu 0,9%, ultrapassando as previsões de mercado de um aumento de 0,2%.
A leitura final do Índice de Preços no Consumidor mostrou o abrandamento da primeira leitura da inflação de 8,6% para 8,5% e confirmou os 5,6% da inflação subjacente.
A nível regional o destaque foi para a produção industrial em Itália que caiu em Janeiro 0,7%, uma queda maior do que a esperada pelo mercado de 0,3% e depois do aumento de 1,2% no mês anterior e ainda para a leitura final da inflação em França que ficou a 6,3%, acima da dada pela leitura preliminar de 6,2% e a mais elevada desde Maio de 1985.

No Reino Unido, no que se trata de dados económicos, a semana foi dominada pelos dados do mercado de trabalho.
O número de pessoas a trabalhar na Grã-Bretanha aumentou em 65 mil nos três meses até Janeiro de 2023, bem acima das previsões de um aumento de 52 mil e após um crescimento de 74 mil no período anterior.
A taxa de desemprego no mesmo período ficou nos 3,7%, praticamente inalterada em comparação com o período anterior de três meses e abaixo da subida esperada para os 3,8%.
Os salários semanais médios, incluindo bónus, aumentaram 5,7% em relação ao ano anterior, nos três meses até Janeiro, o menor aumento desde Julho, após um aumento revisto de 6% nos últimos três meses de 2022.

No Canadá as vendas manufactureiras mensais em Janeiro aumentaram 4,1%, surpreendendo o mercado que previa uma redução de 0,4% e depois da queda revista do mês anterior de 2,1%.
O início de construção de imóveis aumentou em Fevereiro 13% em relação ao mês anterior, para 244 mil unidades, superando as expectativas do mercado de 220 mil. As vendas grossistas aumentaram 2,4%, menos do que os esperados 4%, mas recuperaram da contracção de 0,8% do mês anterior.

Na Suíça, os preços no produtor e de importação aumentaram em Fevereiro 2,7% em relação ao ano anterior, desacelerando do ganho de 3,3% no mês anterior. Foi a menor inflação de preços no produtor e de importação desde Abril de 2021. Numa base mensal, os preços no produtor e importados caíram 0,2%, após um aumento de 0,7% no mês anterior.

Na China, uma série de dados económicos de Fevereiro divulgados esta semana mostraram um cenário misto sobre o ritmo da recuperação depois do país ter mudado abruptamente a sua abordagem ao Covid-19 no final do ano passado. As vendas a retalho nos primeiros dois meses do ano aumentaram 3,5% em comparação com o mesmo mês do ano passado, face a uma queda de 1,8% em Dezembro e em linha com o esperado.
Já a produção industrial mesmo ganhando 2,4% ficou abaixo das expectativas de 2,6%, mas bem acima do 1,3% anterior.
O investimento em activos fixos aumentou 5,5% em relação ao ano anterior, superando as previsões do mercado de 4,4% e acima dos 5,1% anteriores. O aumento do investimento em activos fixos sugere que o crescimento pode continuar dependente do apoio persistente do governo.
A taxa de desemprego, em Fevereiro, subiu de 5,5% para 5,6%, o nível mais alto desde Novembro do ano passado.

No Japão, o deficit comercial aumentou em Fevereiro para 897,7 mil milhões de ienes, de 711,5 mil milhões no mesmo mês do ano anterior, face a estimativas do mercado de 1.069 mil milhões de ienes. As exportações aumentaram 6,5% face aos 7,1% esperados e depois de um crescimento de 3,5% no mês anterior e as importações cresceram 8,3% contra estimativas de 12,2% e após 17,5% no mês anterior.
As encomendas principais de máquinas, que excluem as de navios e empresas de energia eléctrica, aumentaram em Janeiro 9,5%, acelerando de um aumento revisto em baixo de 0,3% no mês anterior, ultrapassando por muito as expectativas de um ganho de 1,8%.
A produção industrial de Janeiro foi revista em baixa de 4,6% para 5,3%, depois de um ganho de 0,3% no mês anterior. Foi a primeira queda na produção industrial desde Outubro passado.

Na Nova Zelândia o destaque esteve nos números do Produto Interno Bruto. A economia neozelandesa contraiu 0,6% no último trimestre de 2022, após um ganho de 1,7% no período anterior e de previsões de uma contracção de 0,2%. Foi a primeira contracção desde o primeiro trimestre de 2022 e a mais acentuada desde o terceiro trimestre de 2021. Em relação ao ano anterior, a economia neozelandesa cresceu 2,2%, desacelerando de um crescimento de 6,4% no período anterior, mas abaixo das estimativas do mercado de 3,3%.

Na Austrália, foram os dados do mercado de trabalho que estiveram esta semana em destaque.
Os dados do mercado de trabalho australiano de Fevereiro foram muito mais fortes do que o esperado. A economia criou 64,5 mil empregos, face a uma redução de 10,9 mil em Janeiro, e de cerca de 50 mil esperados pelo mercado. A taxa de desemprego caiu acentuadamente de 3,7% para 3,5% e a taxa de participação subiu para 66,6%.
A Confiança do Consumidor Westpac manteve-se inalterada e o índice de Confiança Empresarial NAB caiu de 6 para -4.
As expectativas de inflação do Melbourne Institute registaram um ligeiro abrandamento de 5,1% para 5,0%.


Mercados accionistas



Foi uma semana complicada nos mercados financeiros em geral e isso foi bem visível nos mercados accionistas.
Tal como receado, o evento Silicon Valley acabou mesmo por criar ondas de choque no sistema financeiro norte-americano, levando também ao fecho do Signature Bank e impactando a credibilidade e estabilidade do restante sistema financeiro. O banco seguinte na fila foi o First Republic Bank. Tanto o regulador como o Tesouro norte-americano actuaram de forma rápida e forte tentando restabelecer a confiança em todo o sistema. Garantiram o acesso aos fundos por parte dos depositantes e o Fed anunciou também um novo Bank Term Funding Program (BTFP), que fornecerá financiamento aos bancos até um ano contra garantias avaliadas ao par. Desta forma os bancos poderão ter acesso a financiamento de emergência sem terem de vender activos realizando grandes perdas potenciais.
As ondas de choque rapidamente atravessaram o Atlântico e chegaram à Europa, mais particularmente à Suíça. Palavras do seu principal accionista de que não injectaria mais fundos no banco levou o mercado a suspeitar da sua solidez, e de novo vimos todo o sistema bancário posto em causa. De novo, o banco central e regulador suíços foram rápidos na sua actuação. O BNS e o regulador suíço emitiram uma declaração conjunta referindo que o Credit Suisse "reúne os requisitos de capital e liquidez impostos aos bancos com importância sistémica". A declaração disse ainda que forneceriam uma linha de liquidez, se tal fosse necessário.
Nos Estados Unidos o First Republic Bank contou com um depósito de 30 mil milhões de dólares por parte dos maiores bancos norte-americanos, fornecendo assim liquidez e confiança ao banco, enquanto na Suíça, o Credit Suisse recorreu à linha de liquidez do BNS para se financiar em 50 mil milhões de francos suíços.
Apesar de todo o esforço para acalmar os mercados financeiros, estes terminaram a semana em volatilidade elevada e mantendo um cenário tempestuoso pela frente.
A aversão ao risco que se sentiu toda a semana levou uma corrida a activos de refúgio, como o são as obrigações soberanas, preterindo activos de risco como o são as acções. Ainda assim os mercados accionistas registaram uma semana com desempenho misto, tendo sido na Europa onde se reflectiram mais perdas no final de toda a semana.

Na Ásia, o índice nipónico Nikkei e o australiano ASX 200 perderam esta semana 2,88% e 2,10%, respectivamente, enquanto na China o índice Shanghai Composite avançou 0,63%, o Hang Seng, de Hong Kong, 1,03% e o índice Kospi, da Coreia do Sul terminou a semana praticamente inalterado (+0,05%).

Na Europa os principais índices terminaram em média a perder cerca de 4%, com o índice britânico FTSE 100 a cair 5,33%.

Nos Estados Unidos, com o sector bancário/financeiro a ser o mais atingido o índice Dow Jones terminou a semana a recuar marginalmente 0,15%, enquanto os índices S&P 500 e Nasdaq registaram ganhos. O S&P ganhou 1,43% e o Nasdaq Composite liderou os ganhos subindo 4,41%.

A volatilidade voltou a aumentar fortemente esta semana. O índice VSTOXX Euro 50, depois da subida de 17% na semana anterior, somou mais cerca de 13% esta semana. O índice S&P 500 VIX somou esta semana cerca de 11%, aos 34% que tinha ganho na semana anterior.


Gráfico Fonte XTB xStation 5


Mercado cambial



Poderíamos pensar que em semana onde iríamos ter a divulgação dos importantes números da inflação norte-americana a uma semana da reunião do seu banco central, e em semana em que tivemos a reunião do Banco Central Europeu, com mais uma forte subida de taxas de juro (50 pontos), teríamos aqui o nosso “motor” para o mercado cambial da semana. Não, não foi isso que aconteceu. O que voltou a impulsionar o mercado cambial foi a forte aversão ao risco sentida durante praticamente toda a semana e as variações de sentimento de mercado que levou as yields obrigacionistas a viajarem numa autêntica montanha russa toda a semana. O índice MOVE que acompanha a volatilidade do mercado de obrigações disparou esta semana cerca de 42%.

O dólar norte-americano negociou em perdas, pressionado pela falta de suporte dado pela taxa de juro, com as yields obrigacionistas a voltarem a cair e as expectativas de subida de taxas de juro por parte do Fed a arrefecer. Os futuros sobre os Fed Funds apontam agora para uma taxa máxima de juro do Fed a 4,79%, para Maio, bem longe dos 5,30% apontados para Agosto há apenas umas semanas atrás.
O índice do dólar DXY caiu dos níveis de fecho da semana passada a 104,60, para abrir esta semana em gap a 103,90, terminando a semana a 103,50. O máximo da semana foi de 104,70 e o mínimo 103,05.
Tecnicamente o preço cai depois do doji da vela da semana anterior e depois de ter testado a importante resistência dada pela média móvel das 21 semanas.

O Euro negociou esta semana em perdas, aguentando-se em torno dos recentes níveis face ao dólar, com o impacto da incerteza em torno do sistema financeiro a impactar ambas as divisas.
A resposta do mercado à subida de 50 pontos na taxa de juro do BCE foi nula, apesar de existirem algumas dúvidas se o banco central iria cumprir com o prometido aumento, face à situação de instabilidade vivida nos últimos dias.
O EUR/USD voltou a terminar a semana em torno dos níveis onde a começou a negociar. Terminou a 1,0665 depois de começar a 1,0638, tendo ficado entre um máximo de 1,0760 e um mínimo de 1,0516, mostrando um aumento na volatilidade relativamente à semana passada.

A libra negociou esta semana em ganhos, com o sistema financeiro britânico até ao momento a manter-se mais afastado do “olho do furacão”. Em semana se apresentação do orçamento para este ano, que poderia levar a alguma pressão sobre a libra, terminou a semana em ganhos significativos.
O EUR/GBP iniciou a semana perto de máximos a 0,8842 para terminar mais perto de mínimos a 0,8755, recuando desse mínimo a 0,8719.
O GBP/USD começou a semana perto de mínimos a 1,2033, terminando perto do máximo de 1,2204.

O iene japonês foi o grande ganhador da semana, com o seu papel de moeda de refúgio a voltar a aparecer, ajudado pelas fortes quedas das yields obrigacionistas a nível global.
O USD/JPY começou a semana em máximos a 135,12, para a terminar a 131,85, encostado ao mínimo de 131,55.
O EUR/JPY, depois de começar a semana a 143,73 e registar um máximo a 144,97, terminou a 140,63, depois de recuperar do mínimo registado a 139,13.

A coroa norueguesa continua pressionada pela instabilidade dos mercados e pela queda dos preços de energia. O EUR/NOK voltou a registar um novo máximo, desta vez a 11,49, máximos de quase três anos.

O dólar australiano recuperou esta semana dos mínimos registados a semana passada, ajudado pelos fortes dados do mercado de trabalho.
O AUD/USD começou a semana em mínimos a 0,6583, para terminar a 0,6700, muito perto do máximo a 0,6725, enquanto o EUR/AUD caiu de um máximo a 1,6214 até ao mínimo a 1,5850, terminando a 1,5916.

O peso mexicano voltou a negociar em forte volatilidade esta semana e a registar perdas, com o carry trade a ser preterido face a uma fuga para moedas de refúgio.
O USD/MXN terminou a semana a negociar a 18,90, depois de ter iniciado a semana a 18,48. O preço subiu de um mínimo a 18,24 até um máximo a 19,18.

Gráfico Fonte XTB xStation 5


Commodities



Os preços do petróleo registaram esta semana fortes perdas com os receios de que a instabilidade financeira possa transformar-se numa crise financeira com repercussões na procura por combustível.
O petróleo teve o pior desempenho semanal desde que caiu para território negativo há quase três anos atrás, caindo esta semana cerca de 13%.
O Brent terminou a semana a negociar a $72,50 por barril, perto do mínimo a $71,40, depois de ter iniciado a semana em máximos a $83,15.
O WTI começou a semana a negociar em máximos a $77,20 por barril, afundando até ao mínimo de $65,20 e terminando a $66,30. O WTI não negociava abaixo dos $70 por barril desde Dezembro de 2021.

Gráfico Fonte XTB xStation 5

O preço do ouro disparou esta semana quase 7%, continuando a ser impulsionado pela instabilidade que se vive no sector financeiro, pela crescente inflação e pela forte queda das yields obrigacionistas.
O preço da onça de ouro começou em torno de mínimos a $1 877, levando a uma semana de sentido único que terminou em máximos a $1 989.

Gráfico Fonte XTB xStation 5



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