Semana Revista
Juros mais altos e …

Uma semana em que o BCE levou os juros para o nível mais elevado da história do euro, o que não impediu ganhos das acções, do petróleo e do dólar.
Num cenário de taxas de juro mais elevadas na Europa e onde a resiliência dos dados nos Estados Unidos apontam para que a Reserva Federal deva, no mínimo, manter as taxas de juro elevadas por muito tempo, as acções terminaram a semana em ganhos significativos na Europa e na Ásia, enquanto nos Estados Unidos os mercados aguardaram pela reunião da próxima semana da Reserva Federal.
O dólar segue a caminho do máximo deste ano, o que não está a impedir também novos máximos do ano nos preços do petróleo.
O Banco Central Europeu subiu esta semana as suas taxas de juro pela décima vez consecutiva. As taxas aumentaram 25 pontos base com a taxa de depósito a ficar nos 4,00%, o nível mais elevado de sempre. Os mercados acabaram por não ser apanhados completamente desprevenidos, na medida que uma notícia da Reuters nos dias anteriores à decisão, ventilou a possibilidade deste desfecho, ao referir que as projecções do BCE para a inflação e para o crescimento económico apontavam para que pudesse vir a subir as taxas de juro.
O comunicado do Banco Central Europeu no final da reunião começou com:
“A inflação continua a descer, mas ainda se espera que permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo. O Conselho do BCE está determinado a assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objectivo de médio prazo de 2%. Com vista a reforçar o progresso para o seu objectivo, o Conselho do BCE decidiu hoje aumentar as três taxas de juro directoras em 25 pontos base.”
Para seguir com as previsões dos especialistas do banco central para a inflação e crescimento económico:
“As projecções macroeconómicas de Setembro para a área do euro elaboradas por especialistas do BCE indicam uma inflação média de 5,6% em 2023, 3,2% em 2024 e 2,1% em 2025, o que representa uma revisão em alta para 2023 e 2024 e uma revisão em baixa relativamente a 2025. (...) Os especialistas do BCE reviram ligeiramente em baixa a projectada trajectória da inflação excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares para uma média de 5,1% em 2023, 2,9% em 2024 e 2,2% em 2025.”
O comunicado afirmou que “os anteriores aumentos das taxas de juro decididos pelo Conselho do BCE estão a ser transmitidos de forma vigorosa.” onde as “... condições de financiamento tornaram-se mais restritivas e estão a refrear cada vez mais a procura, o que constitui um importante factor para fazer a inflação regressar ao objectivo.” Esta situação acabou por levar a uma revisão em baixa do crescimento económico da Zona Euro, onde se lê no comunicado “... os especialistas do BCE reduziram significativamente as suas projecções para o crescimento económico. Esperam agora que a economia observe uma expansão de 0,7% em 2023, 1,0% em 2024 e 1,5% em 2025.”
Os mercados receberam esta reunião como dovish, apesar do aumento de taxas de juro, já que o comunicado aponta para uma interrupção do ciclo de subida de taxas de juro, possivelmente mesmo o seu final, deixando ainda assim a possibilidade de nova subida de taxas se assim os dados o exigirem (ou permitirem …), podendo ler-se no comunicado:
“ Com base na sua actual avaliação, o Conselho do BCE considera que as taxas de juro directoras atingiram os níveis que – se forem mantidos durante um período suficientemente longo – darão um contributo substancial para o retorno atempado da inflação ao objectivo. As futuras decisões do Conselho do BCE assegurarão que as taxas de juro directoras sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos, durante o tempo que for necessário. O Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados na determinação do nível e da duração adequados da restritividade. Mais especificamente, as decisões do Conselho do BCE sobre as taxas de juro continuarão a basear-se na avaliação das perspectivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária.”
Christine Lagarde admitiu na conferência de imprensa que alguns membros teriam preferido já uma pausa, mas no final a decisão foi apoiada por uma “maioria sólida”, uma vez que a inflação, embora abrandando, ainda “se espera que permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo”. Mesmo relendo várias vezes durante a sua conferência de imprensa, que as taxas do BCE “atingiram níveis que, mantidos por um período suficientemente longo, contribuirão substancialmente para o regresso atempado da inflação ao objectivo”, Lagarde disse que não poderia dizer que as taxas atingiram o seu pico. Foi reiterada uma abordagem dependente de dados, mas parece agora mais provável que seja utilizada para avaliar durante quanto tempo as taxas serão mantidas em níveis tão restritivos, do que para decidir se será necessário novo aumento antes de atingir o pico. Também segundo a presidente do BCE, não houve qualquer discussão sobre uma redução mais rápida do Programa de Compra de Activos (APP) ou um início de redução do PEPP (Pandemic Emergency Purchase Programme), com os reinvestimentos a manterem-se até ao final de 2024.
No dia seguinte ao da decisão, voltaram ao mercado as intervenções verbais dos membros do Banco Central Europeu.
Christine Lagarde, em Santiago de Compostela, disse que o Conselho do BCE ainda não discutiu qualquer opção de corte de taxas de juro.
O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse acreditar que a inflação total e a inflação subjacente da Zona Euro irão continuar a cair. Em declarações à Rádio COPE salientou que quaisquer futuras decisões relativas à redução das taxas de juro irão estar ligadas a vários factores, reiterando que também ele acredita que as taxas atingiram o nível suficiente para “domar” a inflação se permanecerem assim por “algum tempo”.
Madis Muller, membro do Conselho do BCE, disse num blog que não são esperados mais aumentos nas taxas de juros nos próximos meses, acrescentando que as taxas de juros já atingiram um nível alto o suficiente para trazer a inflação de volta. Ainda assim fez notar que: “Isto, claro, não exclui a possibilidade de que, se o rápido aumento dos preços recuar de forma mais persistente do que o esperado, as taxas de juro ainda terão de ser aumentadas no futuro”.
Dados Económicos
Nos Estados Unidos foi uma semana bastante bem preenchida de dados económicos, em véspera de semana de reunião da Reserva Federal, onde a chamar mais a atenção dos mercados esteve principalmente os dados da inflação do mês de Agosto. O Índice de Preços do Consumidor, mostrou que os preços aumentaram 0,6% em linha com o esperado (a maior subida desde Junho de 2022) com a inflação anual a subir de 3,2% para 3,7%, acima dos 3,6% estimados pelo mercado. Esta subida foi devida essencialmente ao aumento mensal de 10,6% nos preços da gasolina. Sem energia e alimentação os preços registaram um aumento mensal de 0,3%, face a 0,2% esperado, com a medida anual a cair de 4,7% para 4,3%, em linha com o esperado pelo mercado e para o nível mais baixo desde Setembro de 2021.
A confirmar o aumento de preços esteve ainda o Índice de Preços do Produtor que subiu no mês de Agosto 0,7%, a maior subida em mais de um ano, ultrapassando a subida do mês anterior e as previsões de 0,4%. Excluídos os itens mais voláteis como alimentos e energia, os preços aumentaram 0,2%, desacelerando dos 0,4% do mês anterior.
O mercado esteve também atento à divulgação dos números das vendas a retalho que subiram mais do que o esperado de 0,5% para 0,6%, face a estimativas de 0,1%, continuando a apontar um forte consumo. Se excluídas as vendas automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços alimentares, as vendas subiram 0,1%.
Os habituais números semanais dos novos pedidos de subsídio de desemprego subiram de 217 mil para 220 mil, ficando abaixo dos 225 mil estimados pelo mercado. A média móvel de quatro semanas, que elimina a volatilidade semanal deste indicador, caiu de 229,5 mil para 224,5 mil.
A confiança do consumidor da Universidade de Michigan caiu de 69,5 para 67,7, ficando abaixo das estimativas de mercado de 69,1. As expectativas de inflação anual baixaram de 3,5% para 3,1%, a mais baixa desde Março de 2021, enquanto as expectativas de 5 anos, recuaram de 3% para 2,7%.
O New York Empire State Manufacturing Index disparou surpreendentemente de -19 para 1,9, bem acima das previsões de -10.
Tivemos ainda os dados da produção industrial que mostraram um aumento mensal de 0,4%, acima das estimativas de 0,1%, mas ficando abaixo do aumento do mês anterior de 0,7% revisto em baixo. A taxa de capacidade de utilização aumentou de 79,5% para 79,7%, acima dos 79,3% esperados.
O Índice de Optimismo de Pequenas Empresas NFIB diminui de 91,9 para 91,3, ficando abaixo dos 91,6 esperados e os inventários empresariais estabilizaram no mês de Julho, depois de uma queda revista de 0,1% no mês anterior.
Na Zona do Euro, relativamente a dados económicos foi uma semana bastante ligeira.
As atenções estiveram especialmente dirigidas para o indicador de confiança económica ZEW na Zona Euro e na Alemanha. Na área do euro registou mais uma queda de -5,5 para -8,9, ficando mesmo abaixo de uma expectativa de -6,2, enquanto na Alemanha o mercado foi surpreendido por uma recuperação de -12,3 para -11,4, face a estimativas do mercado de -15.
Os dados da produção industrial mostraram uma queda de 1,1% em Julho, maior do que a queda esperada de 0,8%, pondo fim a um período de expansão de três meses.
A balança comercial do mês de Julho mostrou uma redução do seu superávite do número de Junho revisto em baixa para 8,6 mil milhões de euros, para 2,9 mil milhões, falhando completamente as estimativas de um aumento para 13,5 mil milhões.
O crescimento salarial na Zona Euro desacelerou de 4,9% para 4,6% no segundo trimestre deste ano, ainda assim ficando acima das previsões de 4%. Estes dados apontam para uma diminuição do rendimento real, tendo ficado abaixo da taxa de inflação média no mesmo período, situada nos 6,2%. O custo laboral hora aumentou 4,5%, face ao mesmo período no ano passado, abrandando dos 5,2% do período anterior.
A nível regional, em Itália, a produção industrial caiu em Julho 0,7%, depois de um aumento de 0,5% no mês anterior, ficando abaixo das previsões do mercado de uma contracção de 0,3%, dando sinais de que o sector industrial está a enfrentar uma pressão significativa decorrente do aumento custos de financiamento impostos pelo BCE.
No Reino Unido, na semana que antecede uma importante reunião do Banco de Inglaterra onde é esperada mais do que uma subida de taxas de juro, um sinal de que estas possam também estar a chegar ao fim de ciclo de aperto monetário, tivemos os não menos importantes dados do mercado de trabalho e do crescimento económico britânico.
A taxa de desemprego aumentou para 4,3% entre Maio e Julho, o nível mais elevado desde o terceiro trimestre de 2021, mostrando que o mercado de trabalho pode estar a arrefecer após meses de aperto da política monetária por parte do Banco de Inglaterra. O número de desempregados aumentou 159 mil e o número de pessoas empregadas diminuiu 207 mil nos três meses até Julho, ultrapassando as estimativas do mercado de uma queda de 185 mil e depois de uma diminuição de 66 mil no período anterior. O número de pedidos de subsídio de desemprego no mês de Agosto caiu de 7,3 mil no mês anterior, para pouco menos de mil, contrariando previsões que apontavam para um aumento para 17 mil. Os salários, excluindo bónus, foram 7,8% superiores aos do ano anterior durante os três meses até Julho, marcando o maior aumento desde que começaram os registos em 2001. O crescimento salarial total, incluindo bónus, acelerou de 8,4% para 8,5%, superando as expectativas de 8,2%.
A economia britânica contraiu em Julho 0,5% em relação ao mês anterior, a maior queda deste ano e anulando um crescimento de 0,5% em Junho. Os números foram abaixo das previsões do mercado de uma queda de 0,2%. Considerando os três meses até Julho, o PIB aumentou 0,2%.
A produção da construção caiu 0,5%, em linha com as estimativas do mercado, depois do crescimento de 1,6% no mês anterior. Também a produção industrial, depois do crescimento de 1,8% no mês anterior, mostrou uma queda de 0,7%, maior do que a esperada de 0,6%.
A balança comercial de bens mostrou uma redução no défice de 15,5 mil milhões de libras, para 14,1 mil milhões, contrariando estimativas que apontavam para um aumento desse défice para 15,9 mil milhões.
O índice de Equilíbrio de Preços Imobiliários RICS, que mede a diferença entre a percentagem de inquiridos que observam aumentos e quedas nos preços das casas, caiu em Agosto para -68, de um valor revisto de -55 no mês anterior, atingindo um novo mínimo de 14 anos, com os elevados custos das hipotecas e as preocupações económicas a pesaram sobre a procura.
As Expectativas de Inflação do Consumidor aumentaram de 3,5% para 3,6%.
No Canadá tivemos esta semana os dados das vendas grossistas e das vendas manufactureiras. As primeiras registaram um aumento de 0,2%, depois de uma queda de 2,8% no mês anterior, mas ficando muito abaixo das previsões que apontavam para um aumento de 1,2%. As vendas manufactureiras, quase que anularam a queda de 1,7% do mês anterior, ao aumentarem 1,6%, ficando bem acima do aumento previsto de 0,7%.
Na Suíça os preços ao produtor e às importações caíram 0,2% em Agosto, depois de uma queda de 0,1% no mês anterior e desiludindo as estimativas que apontavam para um aumento de 0,1%.
Na China, os dados divulgados esta semana alimentam a esperança de que as medidas tomadas pelas autoridades possam começar a reflectir-se na sua economia, com sinais de estabilização e recuperação.
Logo no início da semana, os dados dos novos empréstimos bancários em yuans mostraram um aumento acentuado no mês de Agosto, subindo para 1,36 mil milhões de yuans, face a 350 milhões no mês de Julho, tendo ultrapassado as estimativas que apontavam para 1,2 mil milhões.
A semana terminou com a divulgação de um conjunto de dados que pintaram um cenário mais animador.
As vendas a retalho cresceram em Agosto 4,6% em comparação com o mesmo período do ano passado e a produção industrial aumentou 4,5%, acima dos 2,5% e 3,7%, respectivamente, do mês anterior. Ambos os indicadores excederam (em muito) as estimativas dos analistas, que apontavam subidas de 3,0% e 3,9% respectivamente, apontando para que o pior possa ter ficado para trás. A taxa de desemprego diminuiu ligeiramente de 5,3% para 5,2%, um sinal encorajador, mas cauteloso.
Os investimentos em activos fixos desacelerou de 3,4% para 3,2%, por entre os contínuos problemas que ainda se mantêm no sector imobiliário.
No Japão, o índice de confiança da indústria no Japão, Reuters Tankan, caiu acentuadamente para +4, face ao máximo de um ano de +12 do mês passado, com as empresas japonesas a queixarem-se dos elevados custos de produção de matérias-primas e da fraca procura externa e interna.
Já o inquérito empresarial às grandes empresas japonesas no terceiro trimestre mostrou um aumento de -0,4 para 5,4, ficando acima das estimativas de +0,2.
As encomendas de maquinaria caíram 17,6% em relação ao ano anterior, mesmo assim um pouco melhor do que a queda de 19,7% no mês anterior. Se excluídas as encomendas de navios e de empresas de energia eléctrica, as encomendas caíram em termos mensais 1,1%, depois do crescimento de 2,7% no mês anterior, pior do que o estimado pelo mercado de uma queda de 0,9%.
Os preços ao produtor no Japão aumentaram em Agosto 3,2% em termos anuais, desacelerando de um aumento revisto em baixo de 3,4% no mês anterior e abaixo da estimativa de 3,3%, registando a leitura mais baixa desde Março de 2021.
Na Nova Zelândia o Índice Manufactureiro BusinessNZ caiu de 46,6 para 46,1, o sexto mês consecutivo de contracção no sector manufactureiro.
Na Austrália o destaque da semana esteve nos dados do mercado de trabalho, que surpreenderam positivamente os mercados.
O emprego australiano aumentou em Agosto 64,9 mil novos empregos, acima da estimativa de 25 mil, depois de uma queda revista em baixo no mês anterior de -1,4 mil. O número de desempregados diminuiu ligeiramente em cerca de 3 mil, mantendo a taxa de desemprego inalterada em 3,7%. A taxa de participação, entretanto, subiu para um máximo histórico de 67%, continuando a reflectir um mercado de trabalho apertado. A pintura deste forte relatório do mercado de trabalho fica menos limpa quando se verifica que a maior parte do aumento do emprego se deveu aos empregos a tempo parcial (62,1 mil).
O índice de confiança do consumidor Westpac caiu 1,5%, depois de uma queda de 0,4% no mês passado, para 79,7, ficando no nível mais baixo desde a pandemia.
Já o índice de confiança empresarial NAB subiu de 1 para 2 em Agosto, na leitura mais elevada desde Janeiro.
Mercados accionistas
Numa semana em que o Banco Central Europeu decidiu subir pela décima vez consecutiva a sua taxa de juro e onde os dados da inflação nos Estados Unidos mostraram que a desinflação vem a um ritmo mais lento do que o já esperado, foi sem surpresa que vimos novamente as yields obrigacionistas a registarem novas subidas, incluindo as obrigações nipónicas.
Os dados na China desta semana mostraram finalmente alguma luz ao fundo do túnel, com os empréstimos bancários a aumentarem, assim como a produção industrial e as vendas a retalho, mostrando que a economia chinesa poderá finalmente mostrar uma recuperação menos anémica, da que tem mostrado até ao momento.
Os ganhos desta semana foram mais significativos na Europa e na Ásia, enquanto Wall Street registou um desempenho ligeiramente negativo.
Na Ásia
No Japão os mercados terminaram a semana a subir perto de 3%, liderando os ganhos na Ásia. O índice Nikkei ganhou esta semana 2,99% e o Topix 2,94%.
Na Austrália, o índice ASX 200 ganhou 1,71%, enquanto na Coreia do Sul, o índice Kospi subiu 2,10%.
As acções na China registaram um desempenho mais fraco, com o índice Shanghai Composite a terminar a semana praticamente inalterado (+0,03%) e o Hang Seng, de Hong Kong, a avançar marginalmente 0,20%.
Na Europa, depois do Banco Central Europeu aumentar a sua taxa de juro para um máximo histórico, mas dar sinais de ter sido o último aumento deste ciclo de aumento de taxas, os mercados accionistas europeus terminaram a semana em ganhos sólidos.
O índice Euro Stoxx 600 ganhou 1,60% e o Euro Stoxx 50 1,39%.
Na Alemanha, o índice DAX avançou 0,94% registando o desempenho mais fraco nos principais índices europeus, enquanto o CAC 40, de França, ganhou 1,91%.
Enquanto, no Reino Unido, o índice FTSE 100 liderou os ganhos, ao ganhar esta semana 3,12%.
Nos Estados Unidos, os investidores continuam cautelosos. Com as acções com ganhos significativos durante o corrente ano, em semana onde a inflação voltou a subir e em véspera de reunião da Reserva Federal, os principais índices accionistas de Wall Street acabaram por terminar a semana sem uma direcção bem definida, em tom globalmente negativo.
O índice Dow Jones conseguiu terminar a semana em terreno positivo, com um ganho marginal de 0,12%.
Já os índices S&P 500 e Nasdaq terminaram em terreno negativo, com o primeiro a recuar 0,16% e o segundo 0,39%.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Mercado cambial
O dólar continua imparável tendo registado a nona semana consecutiva de ganhos, a caminho de um novo máximo do ano que de momento se encontra a 105,88 registado em Março, há seis meses atrás. Yields obrigacionistas a continuarem a subir, dados que continuam a mostrar uma economia norte-americana resiliente, com os dados da inflação desta semana a poderem dar à Reserva Federal dos Estados Unidos mais razões para manterem as suas taxas elevadas durante bastante mais tempo, acabaram por dar ainda mais suporte aos ganhos do dólar.
O índice DXY começou a semana a negociar acima de 105,00 (105,06) pela primeira vez desde Fevereiro, registou um mínimo a 104,42, para terminar a 105,32, encostado ao máximo da semana (e dos últimos seis meses) a 105,44.
O EUR/USD, apesar da subida de taxas de juro em 25 pontos base por parte do BCE, não conseguiu inverter a forte tendência descendente que tem vindo a registar nos últimos dois meses. Sinais de que o BCE possa ter terminado o ciclo de subida de taxas de juro em conjunto com uma inflação nos Estados Unidos que continua a desafiar o Fed, acabaram por levar a pressões adicionais no par.
O EUR/USD começou a semana a negociar a 1,0699. Notícias que antecederam a reunião do BCE deram um impulso ao par, que chegou a atingir um máximo a 1,0769, mas acabou por terminar a 1,0659, depois de ter atingido um mínimo a 1,0632, tendo ido testar o mínimo de Maio de 1,0635.
A libra acompanhou as perdas registadas no euro, com os mercados a descontarem a possibilidade do Banco de Inglaterra na reunião da próxima semana dar também ele sinais de que o fim do ciclo de subida de taxas de juro possa estar a chegar ao fim.
O GBP/USD terminou a semana a 1,2384, encostado ao mínimo da semana e dos últimos três meses a 1,2379, depois de ter iniciado a semana a negociar a 1,2462 e ter chegado a atingir um máximo a 1,2548.
O EUR/GBP terminou a semana acima de 0,8600 (0,8606) depois de ter começado a semana a negociar a 0,8587, tendo pelo meio registado um mínimo a 0,8558 e um máximo a 0,8631.
O iene japonês até começou a semana em ganhos, depois de Kazuo Ueda, governador do Banco do Japão, ter dito no fim de semana que o banco central poderia pôr fim à sua política de taxas de juro negativas quando a meta de inflação de 2% fosse alcançada de forma sustentável, acrescentando que o BoJ poderá ter dados suficientes até ao final do ano para determinar se pode levar a cabo as alterações na sua política monetária. Mas os ganhos tiveram perna curta, com os mercados a voltarem a levar o ienes para perdas, onde terminou a semana.
O USD/JPY começou a semana a 147,80 para de imediato registar um mínimo a 145,90, mas voltou a negociar em alta, terminando a 147,85, encostado novamente ao máximo da semana e a um novo máximo do ano de 147,95.
O EUR/JPY continua a negociar em torno dos máximos dos últimos quinze anos, recuando ligeiramente esta semana. Depois de começar a semana a negociar a 158,16, terminou a 157,64, tendo registado um máximo a 158,66 e um mínimo a 156,58.
A coroa norueguesa acabou esta semana por devolver os ganhos registados na semana passada, depois dos dados da inflação abaixo do esperado pelos mercados e pelas próprias projecções do Norges Bank levarem a baixar a expectativa de subida de taxa de juro na reunião da próxima semana.
O EUR/NOK começou a semana a negociar a 11,43 para terminar a 11,50, entre um máximo de 11,52 e um mínimo de 11,40.
O USD/NOK começou a semana a negociar a 10,69, terminando a 10,79, depois de um mínimo a 10,62 e um máximo da semana e dos últimos dois meses a 10,79.
O franco suíço acelerou as perdas durante esta semana, com os mercados de volta a negociarem em modo de risco.
O EUR/CHF começou a semana a negociar a 0,9555 para terminar a 0,9570, entre um mínimo a 0,9528 e um máximo de 0,9602.
O USD/CHF terminou a negociar a 0,8977, um máximo da semana e dos últimos dois meses, depois de ter começado a semana a negociar a 0,8929 e ter chegado a atingir um mínimo a 0,8897.
O dólar canadiano voltou esta semana a negociar em ganhos, ajudado pela contínua subida de preços do petróleo.
O USD/CAD negociou esta semana em sentido único, começando a negociar em máximos da semana a 1,3641, para terminar a 1,3526, depois de registar um mínimo a 1,3494.
O EUR/CAD começou a 1,4596, registou um máximo a 1,4622, para terminar a semana a negociar a 1,4422, recuperando do mínimo atingido a 1,4359.
O peso mexicano esteve de volta a ganhos durante esta semana, com os mercados a voltarem a negociar em modo de risco e o impacto do desfazer das posições curtas de USD/MXN do seu banco central a começar a desaparecer.
O USD/MXN começou a semana a negociar em máximos a 17,59, para terminar em mínimos a 17,08.
A lira turca continua a negociar em torno dos mínimos históricos, mesmo com um banco central a usar políticas de controlo de inflação mais ortodoxas, continuando a levar a maiores aumentos das taxas de juro.
O banco central turco está a tornar mais dispendioso para os bancos locais a oferta de esquemas de depósitos de curto prazo aos clientes no âmbito do programa KKM. KKM foi uma iniciativa lançada no final de 2021 através da qual os turcos podem depositar as suas liras em contas que oferecem uma determinada taxa de juro. Se as perdas liras turcas ultrapassarem os juros recebidos sobre o depósito, o governo compensa a diferença. Desta forma reduziu o incentivo à troca da lira, cada vez mais fraca, por moedas estrangeira, incluindo o dólar, tendo-se revelando-se fundamental para conter perdas adicionais da lira turca. A desvantagem é que está a corroer as finanças do Estado. O banco central decidiu agora aumentar a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter como reserva, aumentando o rácio de reservas obrigatórias de 15% para 25%. Isto irá retirar liquidez da lira turca do mercado (já que os bancos detêm mais reservas), mas a medida corre o risco de perder eficácia se os consumidores começarem a trocar as liras que já não podem ser depositadas sob o programa KKM.
O EUR/TRY continuou esta semana a negociar em torno dos recentes máximos terminando a 28,80 e o USD/TRY a 27,00.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Commodities
Petróleo
Os preços do petróleo voltaram a negociar em alta, a terceira semana consecutiva, renovando os máximos do ano, com o WTI a negociar acima de $90 por barril pela primeira vez desde Novembro do ano passado.
A impulsionar os ganhos do petróleo esteve o relatório mensal da OPEP.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) revelou no seu relatório de Setembro publicado esta semana que a estimativa do grupo para o crescimento da procura global de petróleo em 2023 e 2024 se manteve inalterada face ao cálculo anterior em 2,4 e 2,2 milhões de barris por dia, respectivamente.
O relatório observou que o número resultou da combinação de revisões em alta observadas na China, nos Estados Unidos e na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) na Europa e uma revisão em baixa no resto da Ásia.
Às preocupações em torno duma oferta deficitária devido aos continuados cortes na produção da Arábia Saudita e da Rússia, juntaram-se dados animadores na China relativamente a uma possível recuperação económica mais rápida afastando os receios de uma diminuição da procura, levando os preços do petróleo a ganharem esta semana cerca de 4%.
O barril de Brent começou a semana a negociar a $90,81, tendo registado um mínimo a $90,44, para terminar a $94,37, recuando de um máximo da semana e do ano a $94,87.
O WTI terminou a semana a negociar a $91,10 por barril, encostado ao novo máximo do ano a $91,26, depois de ter iniciado a semana a $87,42 e registado um mínimo a $86,88.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Ouro
O preço do ouro, apesar da valorização do dólar, acabou a semana a recuar muito ligeiramente das recentes perdas.
A onça de ouro começou a semana a negociar a $1 919,10 para terminar a $1 923,90, tendo pelo meio registado um mínimo a $1 901,05 e um máximo a $1 930,80.
Gráfico Fonte XTB xStation 5