A semana que começa
Bancos centrais

As atenções vão estar quase em exclusivo para as diversas reuniões dos bancos centrais, mais de uma dúzia, mas onde o palco principal estará ocupado pela Reserva Federal dos Estados Unidos.
Uma super semana de bancos centrais, onde o destaque acaba por ir para a reunião da Reserva Federal e para a super quinta-feira que irá contar com um número elevado de diversas reuniões de bancos centrais, entre eles o Banco de Inglaterra, o Banco Nacional Suíço, o Norges Bank e o Banco do Japão.
Em termos de dados económicos teremos uma semana relativamente suave, onde o destaque vai de novo para os dados da actividade privada, principalmente na Zona Euro que tem mostrado um sector manufactureiro em queda, fazendo recear uma recessão e com a actividade de serviços, que tem dado suporte à economia na Europa, a começar também a ceder.
Mas todos os olhos irão estar voltados para a reunião da Reserva Federal dos Estados Unidos, apesar dos mercados darem como adquirido uma pausa por parte do banco central relativamente ao aumento de taxas de juro.
O FedWatch Tool da CME mostra 98% de probabilidades para a manutenção do actual nível de taxas de juro nos Estado Unidos, com os restantes 2% para um aumento de 25 pontos base. Até ao final do ano os mercados não descontam mais do que aproximadamente 40% de probabilidades para mais uma última subida de taxas.
Os mercados irão estar à espera das projecções da FOMC para tentarem cimentar estas estimativas. Os dot plot de Junho apontavam para uma taxa máxima dos Fed Funds para o intervalo 5,50%-5,75%. O reiterar desta projecção poderá levar a uma subida de expectativas relativamente a mais uma subida de taxas de juro. Já uma projecção abaixo das projecções de Junho (o que em minha opinião me parece difícil de suceder) irá ser entendido como o fim do actual ciclo de subida de taxas de juro, onde os mercados irão tentar avaliar para quando o primeiro corte de taxas, que de momento a avaliar pela FedWatch Tool está “empurrada” para Junho do próximo ano.
Dados Económicos
Estados Unidos da América
O destaque da semana a nível de dados económicos volta a estar nos dados da actividade empresarial privada, onde os mercados estimam que o PMI manufactureiro mostre que a actividade manufactureira permaneça em terreno de contracção com o índice a estabilizar a 47,9. Já o índice do sector de serviços poderá mostrar um pequeno recuo de 50,5 para 50,3, permanecendo ainda assim acima da linha de 50, que separa a contracção da expansão.
Os dados do mercado imobiliário e construção irão estar também sob a atenção dos mercados. As licenças de construção, segundo as estimativas, poderão aumentar de 1,44 milhões para 1,45, enquanto o número de início de construção de imóveis poderá mostrar uma queda de 1,45 milhões para 1,44. As vendas de casas usadas deverão mostrar um pequeno aumento de 4,07 milhões para 4,10 milhões. O índice do mercado imobiliário NAHB deverá manter-se estável nos 50.
Teremos também os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego, onde as estimativas apontam que se devam manter em torno dos 220 mil. Iremos ter ainda o Índice Manufactureiro do Fed de Filadélfia, com as previsões a voltarem a apontar para uma leitura negativa (-0,4), depois dos 12 do mês passado.
Zona Euro
Também aqui as atenções se irão voltar esta semana para a divulgação dos dados da actividade manufactureira e de serviços HCOB.
As estimativas do mercado apontam para que a actividade privada continua a cair, com o PMI composto a poder voltar a cair esta semana, desta vez de 46,7 para 46,3. O PMI manufactureiro, segundo as estimativas, poderá recuperar ligeiramente dos 43,5 para ficar nos 44, enquanto o sector de serviços poderá voltar a ceder, com o índice a poder cair de 47,9 para 47,5.
Além dos PMIs para a Zona Euro, teremos ainda os dados regionais de França e Alemanha, onde a actividade de serviços deverá continuar a manter a tendência de queda, enquanto a da indústria transformadora poderá mostrar uma modesta recuperação dos recentes mínimos.
Na Zona Euro teremos ainda o índice de confiança do consumidor, os números da conta corrente e as leituras finais da inflação.
Reino Unido
Mesmo em véspera da reunião do Banco de Inglaterra, onde irão decidir sobre taxas de juro, iremos ter os importantes dados da inflação, que poderão ser decisivos para o caminho a tomar da sua política monetária. Os mercados estimam que o Índice de Preços do Consumidor aumente de 6,8% para 7,1%, devido à subida dos preços da energia, enquanto a medida core, sem os itens mais voláteis dos alimentos e energia, deverá abrandar de 6,9% para 6,8%.
As atenções irão estar também focadas nos dados das vendas a retalho e dos PMIs que irão sair depois da reunião do BoE.
Depois da queda de 1,2% nas vendas a retalho no mês de Julho, os mercados estimam um aumento em Agosto de 0,5% e se retirarmos da equação as vendas de combustível, elas deverão mostrar um aumento de 0,6%.
A actividade privada deverá mostrar, segundo as estimativas, uma estabilização, com o PMI composto a manter-se a 48,6, com o índice manufactureiro a ficar inalterado no nível revisto em alta a 43, e o índice de serviços a deslizar dos 49,5 para os 49.
Os empréstimos líquidos no sector público deverão mostrar um aumento de 3,5 mil milhões de libras, 9,8 mil milhões, a confiança do consumidor GfK deverá continuar a cair, desta vez de -25 para -26 e as expectativas de encomendas industriais CBI deverão mostrar uma queda de -15 para -18.
Canadá
O destaque da semana vai para os dados da inflação onde as previsões apontam para que os preços no mês de Agosto devam ter aumentado 0,2%, caindo dos 0,6% no mês anterior, com a inflação anual a aumentar de 3,3% para 3,8%. Já a medida retirando os 40% dos itens mais voláteis deverá mostrar um abrandamento de 3,6% para 3,5%.
As atenções irão estar também nos dados das vendas a retalho, onde as estimativas apontam para um aumento mensal em Julho de 0,4%, acima dos 0,1% do mês anterior, e se excluídas as vendas automóveis, deverão recuperar uma boa parte da queda do mês de Junho de -0,8%, aumentando 0,5%.
Teremos ainda os números do início de construção de imóveis, onde as estimativas apontam para um ligeiro aumento de 255 mil para 257 mil e o Índice de Preços de Casas Novas que deverá mostrar uma estabilização, depois de mostrar uma queda de 0,1% no mês anterior.
Suíça
Iremos ter os números da balança comercial do mês de Agosto, onde o excedente comercial deverá mostrar um aumento de 3,13 mil milhões de francos suíços, para 4,23 mil milhões.
Japão
Em semana de reunião do Banco do Japão iremos ter os dados da inflação, da balança comercial e dos PMIs.
Os mercados estimam que a inflação desacelere em termos homólogos em Agosto de 3,3% para 3,2%, enquanto a inflação subjacente excluindo alimentos frescos e energia poderá registar um ligeiro aumento de 4,3% para 4,4%.
A balança comercial no mês de Agosto deverá aumentar o défice de 78,7 mil milhões de ienes, para 659 mil milhões, com as importações a caírem mais acentuadamente (-19%) e as exportações a caírem 1,7%.
O Jibun Bank Composite PMI deverá mostrar uma estabilização em torno de 52,6, com as estimativas a apontarem para que o índice manufactureiro suba de 49,7 para 50 e o de serviços a recuar de 54,3 para 54.
Nova Zelândia
O destaque da semana vai para o PIB do segundo trimestre deste ano, onde as estimativas apontam para um crescimento económico de 0,4%, depois da contracção registada no trimestre anterior de 0,1%.
Iremos ter também os dados da balança comercial do mês de Agosto, com as estimativas a apontarem para um défice de 900 milhões de dólares neozelandeses, depois de 1,1 mil milhões no mês anterior.
Teremos ainda o índice de serviços do BusinessNZ e o da confiança do consumidor Westpac.
Austrália
As atenções irão estar nos dados do PMI do Judo Bank, onde as previsões apontam para um ligeiro recuo na actividade manufactureira de 49,6 para 49,5 e uma queda no sector de serviços, com o índice a cair de 47,8 para 46,5.
Teremos ainda o Índice Avançado Westpac e a divulgação das minutas da última reunião do Reserve Bank of Australia.
Bancos Centrais
The Reserve Bank of United States não deverá surpreender o mercado que descarta quase na totalidade qualquer decisão que não seja a manutenção do actual nível de taxas dos Fed Funds no intervalo 5,25%-5,50%. A FedWatch Tool da CME mostra neste momento 98% de probabilidade para esse desfecho.
Os últimos dados económicos continuam a alimentar a possibilidade do Fed avançar com uma última subida de taxas de juro antes de dar como terminado este ciclo de subida de taxas de juro. As projecções do FOMC desta semana poderão dar aos mercados a confirmação quer de um aumento que eleve as taxas dos actuais 5,25%-5,50% para 5,50%-5,75% tal como apontado pelos dot plot em Junho, como, à semelhança do que sucedeu na semana passada com o BCE, sinalizar o fim deste ciclo de subida de taxas de juro.
The Bank of England irá voltar a reunir esta semana, com os mercados divididos entre um aumento de 25 pontos ou uma pausa. A maioria dos analistas aponta para um aumento da sua taxa de 5,25% para 5,50%, com o mercado a estar atento a qualquer sinal que aponte para uma futura interrupção deste ciclo de subida de taxas no Reino Unido.
O Banco Nacional da Suíça não deverá ainda interromper o seu ciclo de subida de taxas de juro, com os mercados à espera de um novo aumento de 25 pontos base esta semana, levando a sua taxa de juro dos actuais 1,75% para 2%.
O Banco do Japão deverá manter a sua política monetária inalterada, com a taxa de juro do dia a dia a continuar negativa a -0,10%, mantendo também o controlo da curva de taxa de juro a dez anos, não devendo também alterar a banda em torno de 0%, que ficou mais flexível na anterior reunião de Julho.
The Norges Bank sinalizou na reunião anterior um novo aumento para a reunião desta semana, com os mercados a acreditarem que este aumento possa ser o último deste ciclo de subida de taxas. A taxa do banco central norueguês deverá subir dos actuais 4,0% para 4,25%.
The Riksbank deverá continuar a subir a sua taxa de juro que segue em máximos dos últimos quinze anos, já que a inflação subjacente continua demasiado elevada e a sua moeda continua em torno de mínimos históricos. O mercado estima que o banco central sueco eleve a taxa dos actuais 3,75% para 4%.
O Banco Central da Turquia, depois da surpreendente subida no mês de Agosto, onde aumentou a sua taxa directora de 17,5% para 25%, deverá, segundo as estimativas do mercado, subir esta semana essa taxa para os 30%, continuando a tentar combater a inflação, que se encontra de momento em torno de 60%.
The People's Bank of Chinadepois da surpresa da semana passada onde baixou o rácio de requisitos obrigatórios de reserva de caixa para os bancos, o banco central chinês deverá manter inalteradas as suas taxas de empréstimo a 1 e 5 anos a 3,45% e 4,20%, respectivamente.
O Banco do Brasil iniciou no passado mês de Agosto um ciclo de flexibilização baixando a sua taxa de juro de 13,75% para 13,25%. Os mercados esperam esta semana que o Banco do Brasil continue esse ciclo ao mesmo ritmo, levando a sua taxa a cair de 13,25% para 12,75%.
The South Africa Reserve Bank, depois de dez aumentos consecutivos que levou a sua taxa de juro para um máximo dos últimos 14 anos, decidiu na reunião anterior de Julho, interromper o ciclo de subida de taxas. Os mercados esperam que o banco central sul-africano mantenha de novo a sua taxa inalterada nos actuais 8,25% na reunião desta semana.
O Banco Central das Filipinas irá certamente manter pela quarta vez consecutiva a sua taxa de juro inalterada nos actuais 6,25%.
O Banco da Indonésia deverá manter a sua taxa de juro inalterada nos 5,75%, pela oitava reunião consecutiva.