A divergência de expectativas sobre cortes de taxas de juro entre o Banco Central Europeu e a Reserva Federal aumenta e o mercado olha agora para o próximo nível psicológico 1,0500 negociando em novos mínimos do ano.

Os indicadores económicos norte-americanos vinham a mostrar que a economia não necessita de um corte urgente de taxas de juro. Os números da inflação deste ano mostravam mesmo uma paragem no processo de desinflação, mas Jerome Powell acredita (ou acreditava …) que fossem apenas alguns percalços no difícil percurso em direcção da meta de 2% da Reserva Federal.
Os mercados vinham a acreditar também nessa narrativa e o dólar mostrava-se “barato” acreditando nos dados económicos divulgados, com o EUR/USD a negociar acima do valor que tais dados indicariam.

Esta semana tudo mudou. Dados da inflação nos Estados Unidos de novo acima do esperado, ainda por cima depois de um forte relatório do emprego na semana anterior, levou os mercados a atirarem com a toalha ao chão e a correrem de novo para o dólar, levando o EUR/USD para um novo mínimo do ano.
O dólar finalmente ganhou apoio e foi impulsionado por yields obrigacionistas a dispararem para novos máximos do ano. As tensões geoestratégicas em torno da situação no Médio Oriente também deram uma ajuda. Isto para não mencionarmos a continuação de comentários de responsáveis do FOMC que continuam a mostrar pouca vontade de cortar taxas de juro no curto prazo, e alguns mesmo a não mostrarem vontade de as cortar de todo.

O Banco Central Europeu também fez o seu papel. Como unanimemente esperado manteve inalterada a sua política monetária, mas deu sinais de que um corte de taxa deverá vir a caminho já na próxima reunião de Junho.
Pela primeira vez no comunicado de decisão de política monetária temos uma referência a possível corte de taxas e Lagarde, na conferência de imprensa que se seguiu à decisão disse mesmo que alguns governadores quereriam mesmo que o primeiro corte de taxas tivesse acontecido já nesta reunião de Abril.

Esta semana iremos ter uma semana bastante tranquila no que se refere a indicadores económicos de impacto mais forte tanto nos Estados Unidos como na Zona Euro, mas as tensões geopolíticas parecem querer aumentar o que levará os mercados a preferirem o dólar ao euro.

As discussões entre a divergência de expectativas em torno dos cortes de taxas de juro entre a Zona Euro e os Estados Unidos poderá ainda aumentar.
Enquanto por parte do Fed há cada vez mais elementos a questionar a necessidade de cortes, no Banco Central Europeu, até governadores mais resistentes a cortes como Holzman, do Banco da Áustria, referia no final da semana passada que seria provável um corte de taxas em Junho, apesar de estar dependente de dados.
Esta divergência levará certamente a mais pressões sobre o EUR/USD com o nível psicológico 1,0500 a funcionar como um magneto.
Já para não falar nas possíveis discussões e especulações que irão surgir no mercado de um retorno à paridade entre o euro e o dólar.

Por tudo isto, em minha opinião o EUR/USD poderá continuar a tendência descendente que acelerou na semana que terminou.
O nível psicológico de 1,0500 e a referência dada pelo mínimo de 2023 a 1,0448 estão agora ao alcance, com os mercados, mais cedo ou mais tarde, a voltarem a colocar os olhos na paridade.


Tecnicamente

Gráfico EUR/USD semanal

Fonte XTB xStation 5


O EUR/USD rejeitou fortemente na semana passada o teste feito à linha da média móvel das 21 semanas e da linha de tendência ascendente de médio prazo, já anteriormente quebrada. O preço veio bem para o interior da Nuvem de Ichimoku semanal e registou um novo mínimo do ano a 1,0622 com a maior perda semanal que se registou desde Setembro de 2022.

O RSI segue agora bem abaixo da linha de 50 mostrando um forte momentum negativo para, enquanto o MACD continua ligeiramente positivo, mas com a linha de MACD a afastar-se cada vez mais abaixo da linha de Sinal.

A forte vela bearish da semana, com o break do anterior mínimo do ano a 1,0695, indicia que mais perdas poderão vir a caminho.
O break dos 38,2% Fibonacci retracement a 1,0611, do movimento mínimo de 2022 / máximo de 2023, deixará exposto o nível psicológico 1,0500, que se por sua vez ultrapassado, mostrará a nova referência a 1,0448, o mínimo de 2023.

Uma inversão da actual tendência descendente que leve o preço a um fecho acima da Nuvem de Ichimoku semanal, poderá ser indicação de que o preço poderá voltar para a anterior tendência ascendente, mas só um fecho acima do máximo da semana anterior (a 1,0885) irá inviabilizar o actual cenário bearish para o par.

Gráfico EUR/USD diário

Fonte XTB xStation 5

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O comentário é disponibilizado todas as manhãs, tentativamente entre as 10h00 e as 10h30.

O EUR/USD na semana passada voltou a testar a linha de tendência descendente de mais curto prazo e a resistência dada pela Nuvem de Ichimoku diária, mas o mercado rejeitou fortemente esse teste e veio mesmo quebrar o suporte importante dado pela linha da média móvel dos 200 dias (de momento a 1,0790) e posteriormente o mínimo anterior do ano a 1,0695, acabando a semana a registar novos mínimos deste ano a 1,0622.

O RSI e o MACD mostram um forte momentum negativo para o par, com o RSI bem abaixo de 50 perto de zona de sobre venda e o MACD abaixo da linha zero, e dando sinais de mais perdas para o par com a linha do MACD a cruzar de forma descendente a linha de Sinal.

O momentum descendente do par dá sinais de aceleração. O quebrar do recente mínimo do ano a 1,0622 dá sinais dessa aceleração, com a próxima referência/suporte a encontrar-se no nível psicológico 1,0500, antes do mínimo de 2023 a 1,0448.

Uma correcção do actual movimento descendente irá certamente encontrar resistência na área 1,0695/1,0724. O ultrapassar dessa área poderá dar força ao par para um teste à importante resistência dada pela MM 200 dias, de momento em torno de 1,0800.


Resistências - Suportes

1,0695 - 1,0500

1,0724 - 1,0448

1,0800 - 1,0405