Café da Manhã
Em aversão ao risco

Café da Manhã Em aversão ao risco

Os mercados seguem em modo de aversão ao risco depois de Israel ter retaliado esta noite o ataque iraniano de há menos de uma semana, aumentando o risco de uma guerra mais ampla na região.

Relatos de uma explosão no Irão, perto da cidade de Isfahan, que alberga uma importante base militar, renovaram os receios sobre uma escalada no conflito no Médio Oriente. Segundo a Reuters, as autoridades iranianas dizem que as explosões foram causadas pela destruição de três drones pelo sistema de defesa aérea do Irão, em vez de mísseis. Segundo a Bloomberg, os Estados Unidos confirmaram o ataque, mas Israel não comenta.

A nova turbulência no Médio Oriente abalou os mercados globais, fazendo com que as acções caíssem à medida que o petróleo e os activos de refúgio, como as obrigações do Tesouro e o dólar, subiam.

Ontem, os mercados accionistas norte-americanos serpentearam entre ganhos e perdas durante o dia de ontem, com as yields obrigacionistas a voltarem a máximos e com dados económicos mistos divulgados nesta quinta-feira. Os pedidos de subsídio de desemprego continuaram baixos, os dados da indústria em Filadélfia robustos e as vendas de casa ligeiramente abaixo do esperado pelos mercados.
John Williams, presidente do Fed de Nova Iorque, disse que seria possível uma subida de taxas embora essa não seja a sua ideia base, enquanto Raphael Bostic voltou a referir que se sente confortável com o actual nível de taxas, acreditando que não seja necessário reduzir taxas antes do final do ano.
O índice Dow Jones terminou a sessão a avançar marginalmente 0,06%, o S&P 500 recuou timidamente 0,22% e o Nasdaq perdeu 0,52%.

Na Ásia, com a confiança dos investidores abalada pelos acontecimentos no Médio Oriente, em receios de um alargamento do conflito que vá disromper a oferta de crude e a passagem de uma importante via comercial, as acções terminaram o último dia da semana em perdas significativas.
No Japão, o índice Nikkei liderou as perdas ao cair 2,53% nesta sexta-feira e o Topix perdeu 1,92%.
Na Austrália, o índice ASX 200 caiu 0,98% e o Kospi, da Coreia do Sul, 1,62%.
Na China, o índice CSI 300 perdeu 0,79%, o Shanghai Composite 0,29% e o Hang Seng, de Hong Kong, 1,02%.

Na Europa, as acções estão a começar este último dia da semana também em perdas, com os investidores de costas voltadas para os activos de risco em véspera de um fim-de-semana.
O índice Euro Stoxx 600 perde 0,70% e o Euro Stoxx 50 0,83%.
Na Alemanha, o índice DAX cai 0,96% e o CAC 40, de França, 0,67%.
No Reino Unido, o índice FTSE 100 recua 0,59%.

O mercado cambial segue também em modo de aversão ao risco, com as divisas tidas como de refúgio a ser preferidas pelo mercado, contra fortes vendas das moedas tidas como de mais voláteis e menos líquidas.
Durante esta noite, quando das notícias que davam conta da resposta israelita, o DXY negociou a 106,12, enquanto o iene japonês e o franco suíço registavam estrondosos ganhos. O USD/JPY registou um mínimo a 153,59, o EUR/JPY a 163,02 e o EUR/CHF a 0,9566. Em sentido contrário estiveram divisas como o peso mexicano e a coroa sueca, com o USD/MXN a atingir um máximo acima de 18,00, o que não acontecia desde Outubro de 2023 e o EUR/SEK um novo máximo dos últimos cinco meses acima de 11,71.
A não continuação (para já) de novos ataques está a levar os mercados cambiais a acalmar e a voltarem aos níveis anteriores ao ataque.
O EUR/USD volta a negociar em torno de 1,0640, o USD/JPY volta para perto dos recentes máximos, cotando a 154,40 e o EUR/JPY a 164,40, enquanto o EUR/CHF recupera dos mínimos e volta a cotar a 0,9660, mas ainda “longe” dos 0,9700 onde terminou o dia de ontem.
A libra segue pouco alterada, com o GBP/USD a negociar a 1,2440 e o EUR/GBP a 0,8560.
O peso mexicano recuperou das fortes perdas que levou o USD/MXN a máximos de mais de seis meses, para negociar de momento a 17,35.

Os preços do petróleo registaram fortes ganhos quando as notícias do ataque impactaram os mercados, com o Brent a voltar acima dos $90 por barril e o WTI dos $85, mas seguem de momento a preparar-se para terminar uma semana de perdas. O mercado espera que as tensões geopolíticas no Médio Oriente não escalem de forma ampla e por outro lado, as taxas de juro altas por mais tempo aumentam os receios de uma menor procura por petróleo.
O Brent segue de momento a negociar a $87,40 por barril e o WTI a $82,10.

Bom fim-de-semana!


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