A semana que começa
PMI, PIB, Inflação e tensão geopolítica

A semana que começa PMI, PIB, Inflação e tensão geopolítica

Mais uma semana onde certamente a tensão geopolítica se irá manter, com os mercados a receberem informações da actividade empresarial e de mais dados de inflação e crescimento económico nos Estados Unidos.

As tensões geopolíticas estão longe de se afastarem de cena. Na Ucrânia as dificuldades de defesa são cada vez mais visíveis, assim como a necessidade de apoio militar do Ocidente. No Médio Oriente, Israel continua a realizar operações militares em Gaza, enquanto se mantêm mais tensas as relações entre o Irão e Israel, com provocações de parte a parte.
A semana passada terminou com a resposta israelita ao ataque massivo por parte do Irão. Aparentemente ambos não parecem estar interessados em escalar o conflito, mas um erro de cálculo poderá levar a um alargamento do conflito.





O mercado está a tomar como certo um corte de taxas de juro por parte do Banco Central Europeu na próxima reunião de Junho. Esta semana os dados de actividade empresarial não deverão certamente alterar essas expectativas, mas irão dar mais informação de recuperação ou não do tecido empresarial europeu, que irá dar de alguma maneira pistas ao mercado como irá ser o caminho do banco central após esse primeiro corte.

Nos Estados Unidos, os mercados afastam-se cada vez mais dos três cortes de 25 pontos projectados nos dot plot da passada reunião do FOMC de Março, com as expectativas a apontarem agora para dois cortes ou mesmo um, até ao final deste ano. Os dados do PIB relativo ao primeiro trimestre deste ano e, principalmente, a medida de inflação preferida da Reserva Federal a conhecer esta semana, poderão reforçar mais essa expectativa, agora que até o presidente da Reserva Federal parece estar a aderir à causa hawkish do FOMC.





A época de resultados segue em força, com um elevado número de empresas a reportar resultados, com especial destaque para as grandes gigantes tecnológicas como a Alphabet, Microsoft e Meta. Mas teremos muito mais para olhar. Nos Estados Unidos iremos ter relatórios, entre muitas outras empresas, da Verizon, Visa, Tesla, Pepsico, GE, Texas Instruments, Philip Morris, Raytheon, UPS, Lockheed Martin, Qualcomm, IBM, AT&T, Boeing, Amazon, T-Mobile, Caterpillar, Comcast, Intel, S&P Global, Exxon Mobil, AbbVie, Chevron, CME Group, Ford e Spotify. Na Europa os destaques vão para a Kering, Renault, Amadeus, Iberdrola, Eni, LLoyds Banking, Orange, Michelin, Carrefour, Hermes, AstraZeneca, Sanofi, BNP Paribas, Pernod Ricard, Repsol e Total. Em Portugal teremos resultados da Ibersol e da Jerónimo Martins.


Dados Económicos



Estados Unidos da América
As atenções irão estar voltadas principalmente para a divulgação da medida de inflação preferida do Fed, o Core PCE Price Index, que poderá dar mais razões, ou não, aos que começam a prever que a Reserva Federal deixe as taxas inalteradas durante todo este ano de 2024. As estimativas do mercado apontam para que a medida a nível mensal suba 0,3% e em termos anuais 2,8%, o que apesar de inferior ao Índice de Preços do Consumidor, continua demasiado elevado para dar confiança ao Fed para um corte de taxas antes de Setembro.
Mas há mais dados importantes esta semana que vão também ter toda a atenção por parte dos mercados, como será o caso o PIB relativo ao primeiro trimestre deste ano e os PMI da S&P Global.
Os primeiros dados a serem divulgados esta semana serão os PMIs. As estimativas apontam para um ligeiro crescimento, tanto da actividade industrial como da actividade de serviços, com o PMI manufactureiro a subir de 51,9 para 52 e o de serviços de 51,7 para 52.
As previsões apontam para que o PIB mostre um crescimento da economia norte-americana de 2,4% no primeiro trimestre deste ano, recuando do crescimento de 3,4%, revisto em alta, do último trimestre de 2023, mas ainda assim amplamente em linha com a tendência de crescimento.
Teremos ainda mais uma mão cheia de dados a conhecer esta semana.
No mercado imobiliário e da construção teremos as vendas de casas novas, onde as estimativas apontam para um crescimento de 2,7% em Março, de 662 mil no período anterior, para 668 mil, e as vendas pendentes de casas que deverão desacelerar do aumento de 1,6 no período anterior, para 0,9%.
O índice Manufactureiro de Richmond deverá, segundo as estimativas, recuperar ligeiramente, de -11 para -7.
Teremos as encomendas de bens duradouros, com as previsões a apontarem para uma aceleração no crescimento de 1,3% para 2,2% e se excluídos os itens de transportes a manterem o ritmo de crescimento do período anterior de 0,3%.
Os dados preliminares dos inventários grossistas deverão desacelerar do aumento de 0,5% do período anterior, para 0,2% em Março.
O défice comercial de Março deverá aumentar ligeiramente de 90,3 mil milhões de dólares para 91,2 mil milhões.
As estimativas apontam para que os rendimentos pessoais em Março deverão aumentar 0,5%, acima dos 0,3% em Fevereiro e as despesas cresçam 0,6%, desacelerando do crescimento de 0,8% no mês anterior.
Os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego deverão continuar em torno dos recentes valores em 215 mil.
Teremos ainda a revisão dos dados de confiança do consumidor e das expectativas de inflação da Universidade de Michigan.

Zona Euro
Esta é semana de PMIs!
A actividade industrial tem mostrado alguma recuperação e a actividade de serviços voltou para terreno de expansão no mês passado, pela primeira vez ao fim de oito meses. As estimativas do mercado apontam para que a tendência de crescimento se mantenha em ambos os sectores. O PMI manufactureiro deverá subir de 46,2 para 46,9, ficando ainda bem em terreno de contracção, enquanto o PMI de serviços deverá continuar a subir, desta vez de 51,5 para 51,8.
Tanto na Alemanha como em França, os PMIs deverão mostrar também crescimento relativamente ao mês anterior. Em França o PMI manufactureiro deverá subir de 46,2 para 46,9 e o de serviços de 48,3 para 48,9. Na Alemanha o PMI de serviços deverá continuar em expansão, subindo de 50,1 para 50,6 e o manufactureiro a recuperar de níveis em torno de mínimos a 41, para 42,8.
Iremos ter ainda o indicador de confiança do consumidor que deverá mostrar uma ligeira melhoria de -15 para -14.
Os mercados irão estar ainda bastante atentos aos dados alemães do IFO e da confiança do consumidor GfK.
O indicador de confiança empresarial IFO, segundo as estimativas, deverá mostrar uma pequena recuperação de 87,8 para 88,9, tal como o indicador de confiança do consumidor GfK deverá crescer de -27,4 para -25,9.

Reino Unido
Também por aqui são os dados dos PMIs que irão estar esta semana em destaque.
As estimativas apontam para que a actividade manufactureira e industrial se mantenham em expansão, mas recuando ligeiramente dos níveis mostrados no mês passado. O PMI manufactureiro deverá manter-se nos 50,3, revisto em alta, do mês de Março, e o PMI de serviços deverá registar um recuo muito ligeiro de 53,1 para 53,0. Termos mais alguns indicadores a observar como o Índice de Preços dos Imóveis do Rightmove, logo a abrir a semana.
As expectativas de encomendas industriais da CBI deverão mostrar uma recuperação de -18 para -15.
Os empréstimos líquidos no sector público deverão crescer de 7,5 mil milhões de libras para 8,9 mil milhões.
Teremos ainda o indicador de confiança do consumidor GfK, onde as previsões apontam para uma ligeira melhoria de -21 para -20.

Canadá
As atenções irão estar voltadas para as vendas a retalho do mês de Março, que depois da queda de 0,3% no mês anterior, as estimativas apontam para um ligeiro crescimento de 0,1%. Se excluídas as vendas automóveis, as vendas deverão mostrar uma estagnação, depois do crescimento de 0,5% verificado no mês de Fevereiro.
Temos ainda o Índice de Preços de Casas Novas que, segundo as previsões, deverá mostrar uma queda de 0,1%, depois do aumento de 0,1% no mês anterior.

Japão
Relativamente a indicadores económicos as atenções vão para os dados da inflação de Tóquio, a divulgar momentos antes da decisão da reunião de política monetária do Banco do Japão.
Os mercados estimam que a inflação se mantenha em Abril nos 2,6%, com a inflação sem alimentos frescos (a mais observada pelo banco central) a cair de 2,4% para 2,2%, continuando acima da meta de 2% do Banco do Japão, e a medida sem alimentos nem energia a cair de 2,9% para 2,7%.
As atenções irão estar também voltadas para os PMIs do Jibun Bank, com as estimativas do mercado a apontarem para um crescimento do índice composto de 51,7 para 52, com o PMI industrial a continuar em contracção mas a subir de 48,2 para 48,9 e o de serviços a manter-se em expansão mas a recuar ligeiramente de 54,1 para 54,0.

Nova Zelândia
O destaque da semana vai para os números da balança comercial de Março, com as previsões a apontarem para um crescimento do défice de 218 milhões de dólares neozelandeses para 505 milhões.

Austrália
As atenções dos mercados vão para os dados da inflação relativos ao primeiro trimestre deste ano. As previsões apontam para que os preços no mês de Março se mantenham nos 3,4% pelo quarto mês consecutivo. No primeiro trimestre deste ano, as previsões apontam para uma subida trimestral de 0,8%, acelerando de 0,6% do trimestre anterior, enquanto a inflação anual deverá cair de 4,1% para 3,4%. A medida mais observada pelo banco central australiano, que exclui os 30% itens mais voláteis, deverá mostrar um crescimento de 0,9% no trimestre, acelerando dos 0,8% do trimestre anterior.
Já o Índice de Preços do Produtor deverá mostrar uma desaceleração de 0,9% do último trimestre de 2023, para 0,6% no primeiro trimestre de 2024.
Os mercados irão também estar atentos aos dados da actividade empresarial do Judo Bank, onde as estimativas apontam para que o índice composto recue ligeiramente de 53,3 para 53,2, com o PMI manufactureiro em contracção mas a recuperar de 47,3 para 47,9 e o de serviços em expansão mas a recuar de 54,4 para 54,0.


Bancos Centrais



O Banco do Japão
Depois do movimento histórico da última reunião, onde o banco central nipónico abandonou a política de taxas de juro negativas, subindo taxas pela primeira vez ao fim de 17 anos, o Banco do Japão deverá manter a sua taxa de curto prazo inalterada nos actuais 0% - 0,10%, assim como a restante política monetária. A atenção dos mercados irá estar principalmente na divulgação do seu relatório trimestral de perspectiva económica até 2026, em especial para as projecções da inflação depois da recente série de indicações sólidas de crescimento salarial.

O Banco Central da Turquia
Os mercados esperam que o banco central turco mantenha inalterada esta semana a sua taxa de juro nos actuais 50%, depois de na passada reunião ter aumentado inesperadamente a mesma em 5% e ainda medidas para eliminar o excesso de liras do mercado, de forma a combater o caminho galopante da inflação.

The People’s Bank of China
Os mercados esperam que o banco central chinês mantenha inalteradas as suas taxas de juro dos empréstimos preferenciais a 1 e 5 anos, nos actuais 3,45% e 3,95%, respectivamente.

O Banco Nacional da Hungria
Depois do corte de 75 pontos base na anterior reunião, os mercados esperam ver um novo corte de taxas de juro na Hungria, mas desta vez de 50 pontos base, com a taxa a cair de 8,25% para 7,75%.


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