A semana que começa
Back to business - Nonfarm Payrolls
A atenção dos mercados volta esta semana para os indicadores económicos nos Estados Unidos, em particular para os do mercado de trabalho e da actividade económica do ISM.
As férias já lá vão e a dinâmica dos mercados volta a crescer. O grande tema do mercado continua a ser a dos cortes de taxas de juro a nível global, com enfoque especial de momento nos Estados Unidos.
Depois das palavras de Jerome Powell em Jackson Hole, os dados do emprego norte-americano passaram ainda a ter uma maior relevância do que aquela que já tinham, tal como o impacto esperado no mercado.
O relatório de emprego (nonfarm payrolls) será o foco da semana, depois do último número abaixo das estimativas do mês passado e das revisões em baixa no período de Abril de 2023 a Março de 2024. Uma leitura abaixo de 100 mil nas folhas de pagamento e uma taxa de desemprego a subir para 4,4% ou mesmo 4,5%, irão colocar o mercado a esperar um corte de 50 pontos base por parte do Fed no próximo dia 18 de Setembro, dado o comentário de Powell de que “não procuramos nem acolhemos com satisfação um maior arrefecimento nas condições do mercado de trabalho”. No entanto, se os nonfarm payrolls chegarem aos 150 mil e a taxa de desemprego se mantiver nos 4,3% ou descer para os 4,2%, em linha com as expectativas do mercado, então provavelmente o mercado irá esperar um corte de 25 pontos base.
Eu diria que há uma grande probabilidade de termos um número entre os 100 e os 150 mil novos postos de trabalho, o que deixará de novo tudo em aberto. A FedWatch Tool da CME apontava no final da semana passada mais de 30% de probabilidade para um corte de 50 pontos. Veremos qual será a probabilidade no final desta semana.
Continuando a falar em bancos centrais, esta semana teremos a reunião do Banco do Canadá.
O mercado espera que o banco central canadiano corte a sua taxa directora pela terceira reunião consecutiva, com a desaceleração da inflação e o aumento do desemprego a incentivar o banco central a continuar os cortes de taxas.
O BoC iniciou o actual ciclo de flexibilização na reunião de 5 de Junho com base em que "dados recentes aumentaram nossa confiança de que a inflação continuará a se mover em direcção à meta de 2%". Isso foi seguido por um segundo corte em 24 de Julho. Desde então o emprego caiu pelo segundo mês consecutivo e a inflação desacelerou para 2,5%, bem dentro do intervalo de meta de 1-3% do Banco do Canadá, abrindo a porta para que os cortes de taxas continuem.
Dados Económicos
Estados Unidos da América
Nesta semana, depois das declarações de Jerome Powell em Jackson Hole há duas semanas, todos os olhos estarão postos nos dados do mercado de trabalho.
No último dia de semana iremos ter os números de novos postos de trabalho criados em Agosto, com as estimativas a apontarem para um aumento dos 113 mil do mês de Julho, para 163 mil. As estimativas apontam também para um recuo na taxa de desemprego para 4,2%, depois da subida de 4,1% para 4,3% no mês passado, e os ganhos médios/hora a acelerarem em termos mensais dos 0,2% para 0,3%, mantendo o crescimento de 3,6% em termos anuais.
Mas até chegarmos a sexta-feira, investidores e analistas terão muitos dados a considerar e avaliar.
Depois de um fim-de-semana prolongado com o feriado do Dia do Trabalhador a colocar de fora os mercados na segunda-feira, teremos logo na terça-feira os dados finais do índice PMI manufactureiro da S&P Global, que deverá manter a leitura preliminar de 48. Já o índice ISM manufactureiro irá atrair mais as atenções do mercado, que estima uma ligeira subida de 46,8 para 47,8, estando também atento aos subíndices do emprego e dos preços. Teremos ainda o índice de optimismo económico RCM/TIPP, com as estimativas a apontarem para uma subida de 44,5 para 45.
Na quarta-feira as atenções voltam-se para os dados das novas vagas de emprego JOLTS, com as estimativas a apontarem para uma ligeira redução de 8,18 milhões de vagas para 8,09 milhões. Iremos ter também os números da balança comercial de Julho que, segundo as previsões, deverá aumentar o défice de 73,1 mil milhões de dólares, para 74 mil milhões. As encomendas às fábricas de Julho deverão mostrar uma queda de 1,8%, melhorando o mês anterior que mostrou uma redução de 3,3%. No final do dia teremos ainda o Beige Book do Fed.
Na quinta-feira é a vez de termos os dados privados do emprego ADP, com as estimativas a apontarem para um aumento dos 122 mil empregos em Julho, para 140 mil em Agosto. O número semanal de novos pedidos de subsídio de desemprego, segundo as estimativas, deverá manter-se em torno dos 231 mil anteriores. Teremos ainda dados da actividade de serviços. O ISM, segundo as estimativas, deverá manter-se em torno dos recentes níveis, subindo ligeiramente de 51,4 para 51,5, onde o mercado irá estar também particularmente atento ao subíndice do emprego, assim como ao dos preços dos serviços. Iremos ter ainda a leitura final do PMI de serviços da S&P Global.
Zona Euro
Iremos ter uma semana mais tranquila, mas ainda com um número interessante de indicadores.
Teremos os dados finais dos PMI do sector industrial e de serviços, onde os mercados não estimam desvios nas leituras preliminares. O mesmo é esperado do número final do PIB relativo ao segundo trimestre deste ano que deverá confirmar o crescimento de 0,3%.
Os mercados estarão atentos ao Índice de Preços no Produtor, com as estimativas a apontarem para uma desaceleração do aumento de 0,5% do mês anterior, para 0,3%.
As vendas a retalho, segundo as estimativas, deverão mostrar um aumento de 0,1%, recuperando parcialmente a queda de 0,3% do mês anterior.
Segundo as estimativas, a produção industrial alemã deverá desacelerar do crescimento de 1,4% do mês anterior, para 1%, e a francesa mostrar uma aceleração de 0,8% para 1,0%. A balança comercial de Julho em França deverá mostrar um aumento do défice de 6,1 mil milhões de euros, para 6,5 mil milhões de euros, e o excedente comercial alemão deverá aumentar de 20,4 mil milhões de euros para 22 mil milhões.
Ainda na Alemanha, as encomendas às fábricas deverão mostrar uma desaceleração de 3,9% para 0,5% e em Itália, as vendas a retalho deverão recuperar da queda de 0,2% em Junho, aumentando em Julho 0,3%.
Reino Unido
A semana começa com os dados finais do PMI manufactureiro da S&P Global e mais tarde com o índice de actividade de serviços, onde o mercado não espera qualquer alteração dos valores preliminares.
O índice das vendas a retalho BRC, segundo as estimativas, deverá mostrar uma subida de 1,8%, acelerando dos 0,3% do mês anterior.
O índice PMI da construção, segundo as estimativas, deverá desacelerar dos 55,3 do mês passado, para 54,6 neste mês.
Por fim teremos o índice de preços das casas do Halifax que, segundo as estimativas, deverá mostrar uma aceleração dos 0,8% do mês de Julho, para 1% no mês de Agosto.
Canadá
Em termos de indicadores económicos, as atenções esta semana irão estar nos dados do emprego. O número de novos postos de trabalho deverá mostrar um aumento de 25,6 mil novos empregos, recuperando da queda de 2,8 mil do mês de Julho, e a taxa de desemprego, segundo as previsões, deverá subir de 6,4% para 6,5%.
Iremos ter o índice Ivey PMI que, segundo as estimativas, deverá mostrar uma queda de 57,6 para 55,3.
Teremos também a divulgação do índice PMI manufactureiro que deverá mostrar uma subida de 47,8 para 48,5, mantendo-se em terreno de contracção, e ainda os números da balança comercial de Julho que, segundo as previsões, deverá mostrar uma queda do excedente de 640 milhões de dólares canadianos para um défice de 300 milhões de dólares canadianos.
Suíça
Esta semana será uma semana bem preenchida de indicadores económicos.
A semana começa com os dados das vendas a retalho do mês de Julho que deverão mostrar uma queda de 0,2%, acelerando a de 0,1% do mês anterior, com o número anual a desacelerar de -2,2% para -0,2%. Teremos também o índice PMI manufactureiro, onde as estimativas apontam para uma ligeira recuperação de 43,5 para 43,7, continuando bem em terreno de contracção.
As atenções irão estar especialmente focadas nos dados da inflação e do PIB na terça-feira. Os preços em Agosto deverão mostrar um aumento de 0,1%, após a queda de 0,2% no mês anterior, levando a inflação anual a cair de 1,3% para 1,2%.
Os números do PIB do segundo trimestre deverão, segundo as previsões, mostrar um crescimento trimestral de 0,5% em linha com o trimestre anterior, com o crescimento económico anual a subir de 0,6% para 0,9%.
Iremos ter também dados do emprego, com a taxa de desemprego a manter-se nos 2,3%, o indicador de confiança económica, que deverá registar um ligeiro arrefecimento de -32 para -33 e teremos ainda dados do Banco Nacional Suíço das reservas em moeda estrangeira.
China
Depois dos dados oficiais de actividade económica privada na semana passada, esta semana é a vez de termos os indicadores privados da Caixin.
O índice manufactureiro, segundo as estimativas, deverá subir de 49,8 para 50, enquanto o de serviços deverá manter-se nos 52,1.
Japão
Por aqui teremos uma semana mais ligeira de dados económicos.
Iremos ter a divulgação dos dados finais do PMI manufactureiro; Os números dos rendimentos médios deverão mostrar uma desaceleração dos 4,5% anteriores para 3%; E os números da despesa das famílias deverá mostrar um crescimento de 1,2%, depois da queda de 1,4% no mês anterior.
Austrália
Esta semana as atenções irão estar especialmente dirigidas para os dados do PIB do segundo trimestre. As previsões apontam para um crescimento do segundo trimestre de 0,3%, acelerando os 0,1% mostrados no trimestre anterior, com a medida anual a cair de 1,1% para 1%.
Os mercados estarão também atentos aos números da balança comercial de Julho que deverão mostrar um excedente comercial de 5,15 mil milhões de dólares australianos, abaixo dos 5,59 mil milhões do mês anterior.
Iremos ter ainda os números dos empréstimos para investimento imobiliário, que segundo as estimativas deverão desacelerar dos 2,7% do mês de Junho, para 2,3% em Julho, e também os empréstimos para compra de habitação que deverão mostrar uma aceleração de 0,5% para 1%.
Teremos também os números das licenças de construção, que depois da queda de 6,5% no mês anterior, deverão mostrar um crescimento de 2,4%.
Teremos ainda dados das vagas de emprego, com o índice do ANZ, segundo as estimativas, a cair 1,5%, depois da queda de 3% no mês anterior e os lucros operacionais empresariais que deverão mostrar uma queda de 0,6% no segundo trimestre, melhorando da queda de 2,5% no trimestre anterior.