A semana que começa
Uma semana agitada

A semana que começa Uma semana agitada

Inflação e PIB na Europa e Estados Unidos, os importantes dados do mercado de trabalho norte-americanos, a reunião do Banco do Japão e uma semana forte de apresentação de resultados empresariais.

A semana será marcada por uma série de eventos económicos de grande importância, tanto na Zona Euro quanto nos Estados Unidos. Os dados do PIB e da inflação a serem divulgados fornecerão percepções sobre o desempenho das duas maiores economias do mundo e poderão influenciar as decisões de política monetária dos bancos centrais. A proximidade das eleições americanas e da reunião do FOMC adiciona um componente político ao cenário, com potencial para gerar maior volatilidade nos mercados financeiros.




A situação no Médio Oriente, com o ataque israelita ao Irão, irá certamente agitar as primeiras águas da semana.
Com o alvo dos ataques dirigido a sites militares, sem terem sido atingidos infra-estruturas energéticas, poderemos esperar que as tensões possam vir a abrandar com o decorrer da semana.
Com o Ministério do Petróleo iraniano a anunciar que as suas refinarias e instalações petrolíferas não foram afectadas pelos ataques aéreos israelitas, afirmando que as operações da indústria petrolífera do país continuam inalteradas, poderá levar a uma mais suave abertura dos mercados petrolíferos no início da semana. O ministério sublinhou que a incursão de Israel no espaço aéreo iraniano violou o direito internacional, mas as inspecções não confirmaram quaisquer danos nas infra-estruturas petrolíferas.





As eleições norte-americanas já no dia 5 de Novembro irão certamente influenciar em muito o sentimento de mercado esta semana.
À medida que as sondagens continuam a indicar uma disputa apertada entre os dois candidatos, que permanecem empatados nos estados decisivos, as pesquisas divulgadas ao longo da semana poderão exercer uma influência significativa nos mercados financeiros.
Os mercados aparentemente têm vindo a colocar como hipótese mais provável uma vitória de Trump, com o dólar, as yields obrigacionistas e mesmo os mercados accionistas a registarem ganhos. Uma aceleração nas pesquisas favorável a Trump, poderá levar à continuação destes movimentos, enquanto uma subida de Harris nas sondagens, poderá levar a um recuo destes activos.





A época de resultados empresariais do terceiro trimestre tem esta semana uma super-semana! Além da divulgação dos resultados de cinco das sete empresas que constituem os chamados “7 Magníficos”, a Apple, Microsoft, Amazon, Meta (Facebook) e Alphabet (Google), iremos ter mais um conjunto muito alargado de empresas bem conhecidas no mercado e com força para mover mercados. Para dar alguns (muitos) exemplos temos a Visa, AMD, McDonald's, Eli Lilly, Airbus, Caterpillar, HSBC, UBS, Santander, BNP Paribas, Mastercard, Merck, Novartis, Ford, PayPal, BP, Shell, Total, Pfizer, Uber, Intel, Estée Lauder, Exxon Mobil e Chevron, entre muitas outras.



Dados Económicos



Estados Unidos da América
Depois de uma semana bastante ligeira de dados económicos, esta será bastante preenchida de indicadores de primeira linha, de potencial forte impacto nos mercados financeiros.
Com os mercados de olhos postos principalmente nos dados do mercado de trabalho a terem lugar no último dia da semana, a semana irá começar verdadeiramente na terça-feira, com os dados da abertura de vagas de empregos JOLTS, com as estimativas a apontarem para uma redução para 7,92 milhões de vagas, face às 8,04 milhões do mês anterior. No mesmo dia teremos o índice da confiança do consumidor da Conference Board, que deverá subir de 98,7 para 99,2. Teremos também o Índice de Preço das Casas S&P/Case-Shiller, que deverá mostrar um aumento de 4,6%, depois dos 5,9% do mês passado. O défice comercial do mês de Setembro deverá aumentar dos 94,3 mil milhões de dólares em Agosto, para 96,1 mil milhões. Iremos ter ainda os dados preliminares dos inventários grossistas, com as previsões a apontarem para um aumento de 0,2%, acelerando dos 0,1% do mês anterior.
Na quarta-feira as atenções irão estar nos números preliminares do PIB do terceiro trimestre, onde o mercado estima que apresente um crescimento económico de 3%, em linha com o do trimestre anterior. Iremos ter também os números do emprego privado, ADP, com as estimativas a apontarem para a criação de 101 mil novos postos de trabalho, recuando dos 143 mil do mês anterior. Teremos ainda os números das vendas pendentes de casas, que deverão mostrar um crescimento de 0,9% em Setembro, acelerando dos 0,6% de Agosto.
Quinta-feira é a vez de termos a divulgação da medida preferida do Fed para a inflação, o Core PCE Price Index. Os mercados estão a prever um aumento dos preços a nível mensal de 0,2%, com a medida anual a manter-se nos 2,7%, onde tanto as despesas como os ganhos pessoais deverão aumentar 0,4%, acelerando dos 0,2% do mês anterior. O Índice de Custo do Emprego relativo ao terceiro trimestre deverá subir 0,9%, em linha com o trimestre anterior. Os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego deverão mostrar uma ligeira subida para 231 mil, dos 227 mil da semana passada. Teremos ainda o índice Chicago PMI que se deverá manter em contracção, mas recuperando dos 46,6 para os 47,1.
Finalmente na sexta-feira teremos os tão esperados nonfarm payrolls. Os mercados estimam que a economia norte-americana tenha criado cerca de 111 mil novos postos de trabalho em Outubro, caindo dos 254 mil de Setembro, com o impacto dos furacões Helene e Milton e ainda pela greve da Boeing. A taxa de desemprego deverá manter-se nos 4,1%, enquanto o crescimento médio da hora de trabalho deverá ser de 0,3%, desacelerando dos 0,4% do mês de Setembro. Iremos ter a divulgação do ISM manufactureiro, que poderá apresentar um ligeiro aumento, consistente com os dados menos pessimistas do relatório ”Beige book” do Fed, mas permanecendo em território contraccionista, de 47,2 para 47,5. Teremos ainda a leitura final do PMI manufactureiro da S&P Global.

Zona Euro
Também por aqui será uma semana bastante bem preenchida de indicadores económicos de primeira linha, onde as atenções irão estar colocadas principalmente no PIB do terceiro trimestre e na inflação de Outubro.
As previsões apontam para que a economia da Zona Euro tenha crescido 0,2% no terceiro trimestre em linha com o trimestre anterior, com a medida anual a aumentar de 0,6% para 0,8%.
Os dados dos preços deverão mostrar um crescimento mensal de 0,1%, depois da queda de 0,1% no mês de Setembro, com a inflação total anual a subir de 1,7% para 1,9% e a subjacente a manter-se nos 2,7%.
Teremos ainda a taxa de desemprego que se deverá manter no actual mínimo de 6,4%.
A nível regional:
Alemanha: O mercado estima uma contracção do PIB de 0,1% no terceiro trimestre, resultando numa contracção anual de 0,3%. A taxa de desemprego deve subir de 6,0% para 6,1%, enquanto a inflação anual deve acelerar de 1,6% para 1,8%. Os preços ao consumidor devem registar subida de 0,2% em Outubro. O índice de confiança do consumidor GfK deve apresentar uma leve recuperação, subindo de -21,2 para -20,4.
França: Estima-se um crescimento do PIB de 0,4% no trimestre, com desaceleração da inflação de 1,1% para 1%. Os preços ao consumidor devem registar subida de 0,2% em Outubro.
Itália: As previsões apontam para um crescimento do PIB de 0,3% no trimestre, acompanhado por um aumento da inflação anual de 0,7% para 1%. A taxa de desemprego deve permanecer estável em 6,2%.
Espanha: O PIB espanhol deve apresentar um crescimento de 0,6% no trimestre, com leve arrefecimento da inflação em Outubro, passando de 1,5% para 1,4%.

Reino Unido
Relativamente a indicadores económicos será uma semana ligeira.
A semana começa com os dados do retalho da Confederação da Indústria Britânica que as estimativas apontam para um crescimento de 4 para 10.
Mais tarde teremos os dados da aprovação de hipotecas em Setembro que deverão se mostrar estáveis nos 65 mil. Teremos ainda os números dos empréstimos líquidos a particulares, que deverão mostrar um ligeiro recuo dos 4,2 mil milhões de libras, para 4,1 mil milhões.
O Índice de Preço de Casas da Nationwide deverá mostrar um crescimento de 0,3% em Outubro, desacelerando dos 0,7% em Setembro.
Teremos ainda a leitura final do PMI manufactureiro que não deverá apresentar qualquer desvio dos 50,3 observados na leitura preliminar.

Canadá
As atenções estarão esta semana nos dados do PIB mensal de Agosto, onde as estimativas apontam para uma estagnação, após o crescimento de 0,2% no mês anterior.
Teremos ainda o índice PMI manufactureiro que deverá mostrar um crescimento ligeiro de 50,4 para 50,5, continuando em expansão.

Suíça
O destaque da semana vai para a divulgação dos dados da inflação do mês de Outubro que se deverá manter no 0,8%, com os preços a nível mensal a estabilizarem, depois da queda de 0,3% em Setembro.
Teremos também o barómetro económico KOF, com as estimativas a apontarem para uma queda de 105,5 para 105,1, e o Índice da Confiança Económica da UBS a mostrar uma recuperação dos -8,8 para -5.
Iremos ter os números das vendas a retalho de Setembro, com as previsões a apontarem para um crescimento mensal de 0,1%, desacelerando dos 0,4% do mês de Agosto, e em termos anuais a desacelerar de 3,2% para 2,5%.
Teremos ainda o PMI manufactureiro que, segundo as estimativas, deverá manter-se em contracção, caindo de 49,9 para 49,5.

China
Por aqui é semana de PMIs. Segundo as estimativas, o PMI manufactureiro oficial deverá mostrar uma subida de 49,8 para 50,0, ficando em cima da linha que separa a contracção da expansão. O índice da actividade de serviços deverá subir de 50,0 para 50,5, voltando a território de expansão.
O PMI privado da Caixin da actividade industrial deverá mostrar também um crescimento, de 49,3 para 49,7, mas manter-se em contracção.

Japão
Iremos ter esta semana um conjunto de indicadores económicos de segunda linha. Começamos com a taxa de desemprego do mês de Setembro que se deverá manter nos 2,5%.
O indicador de confiança do consumidor de Outubro deverá registar uma ligeira queda de 36,9 para 36,8.
Teremos também os números preliminares da Produção Industrial de Setembro que, segundo as estimativas, deverão mostrar um crescimento de 1%, depois da queda de 3,3% em Agosto.
As vendas a retalho, em Setembro, deverão mostrar um aumento de 2,3%, desacelerando dos 2,8% do mês anterior.
O início de construção de casas em Setembro, segundo as previsões, deverá continuar a cair, desacelerando da queda de 5,1% em Agosto, para uma de 4,2%.

Nova Zelândia
Tudo o que há por aqui é o índice de confiança empresarial ANZ que deverá mostrar uma queda dos 60,9 do mês de Setembro, para 55 em Outubro, e ainda os números das licenças de construção de Outubro que deverão mostrar uma queda de 1,6%, depois da de 5,3% em Setembro.

Austrália
O destaque da semana vai para os números da inflação do terceiro trimestre. Segundo as previsões, a inflação trimestral foi de 0,3%, caindo dos 1% do segundo trimestre, com a inflação em termos anuais a cair de 3,8% para 2,9%. A medida mais observada pelo Reserve Bank of Australia, que exclui 30% dos itens mais voláteis, deverá cair, a nível trimestral, de 0,8% para 0,7%, com a medida anual a cair de 3,9% para 3,5%. Iremos ter também os números das vendas a retalho do mês de Setembro onde, segundo as estimativas, deverão aumentar 0,3%, depois dos 0,7% de Agosto. Teremos os números das licenças de construção que, depois da queda de 6,1% em Agosto, deverão mostrar um aumento de 1,9% em Setembro. Os empréstimos para compra de casas deverão mostrar uma subida de 0,3%, desacelerando dos 0,7% do mês anterior, tal como desaceleraram os empréstimos para compra de imóveis para investimento, de 1,4% para 0,6%.


Bancos Centrais



Banco do Japão
As expectativas do mercados alinham-se para que o Banco do Japão mantenha inalterada a sua política monetária, com a sua taxa de juro nos 0,25%.
Ao discursar em Washington na semana passada, o governador do banco central nipónico, Kazuo Ueda, indicou que o BoJ terá tempo para considerar os seus próximos passos, apontando para a necessidade de avaliar o impacto do recente enfraquecimento do iene e os riscos da economia a nível global.
Os mercados prestarão especial atenção ao relatório trimestral de perspectivas do Banco do Japão. A perspectiva de inflação para todo o ano de 2024 poderá ser revista em alta, mas não são esperadas grandes alterações para o próximo ano, enquanto a perspectiva do PIB para o exercício de 2024 deverá ser revista em baixa, reflectindo as recentes quedas de produção relacionadas com o sector automóvel e catástrofes naturais.


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