A semana que começa
Uma semana intensa

A semana que começa Uma semana intensa

Num contexto de incerteza global, a evolução das negociações comerciais, sobretudo entre os Estados Unidos e a China, manterá os mercados em alerta, a par da expectativa em torno da divulgação de importantes dados económicos.

Semana intensa nos mercados: PIB, inflação, eleições no Canadá e Banco do Japão em destaque.

A semana que se avizinha promete ser de elevada intensidade para os mercados financeiros, com a agenda económica dominada pela divulgação de indicadores e eventos de grande relevância.



O destaque inicial irá para a publicação dos dados do PIB nos Estados Unidos e na Zona Euro. A evolução do crescimento económico será escrutinada ao detalhe, numa altura em que os investidores tentam avaliar as respectivas economias face a um contexto de persistente incerteza global. Um abrandamento mais acentuado do que o esperado poderá reforçar expectativas de mais cortes de taxas por parte dos bancos centrais.

A meio da semana, a atenção irá virar-se para os dados de inflação na União Europeia. Qualquer sinal de persistência nas pressões inflacionistas poderá levar os mercados a recuar nas expectativas de continuação de cortes de taxas de juro por parte do BCE.

Nos Estados Unidos, será também publicada a medida de inflação preferida do Fed, o índice PCE (Personal Consumption Expenditures), que servirá como mais um teste à narrativa de flexibilização monetária para este ano. Um dado acima das expectativas poderá reavivar receios de que a Fed mantenha uma postura mais prudente durante mais tempo.

A semana encerrará com a divulgação dos sempre muito aguardados dados do mercado de trabalho norte-americano (nonfarm payrolls). Numa fase em que a robustez do mercado laboral continua a ser um dos principais pilares da economia dos EUA, eventuais sinais de enfraquecimento poderão ser interpretados como mais um argumento a favor de cortes mais rápidos nas taxas de juro.

Para além dos dados económicos, os investidores estarão também atentos às eleições no Canadá. As sondagens apontam para uma vantagem do Partido Liberal, agora liderado por Mark Carney, antigo governador do Banco do Canadá e do Banco de Inglaterra, cuja experiência poderá trazer estabilidade e previsibilidade à política económica do país. Um resultado claro poderá impactar os mercados canadenses e o dólar local.

Finalmente, haverá ainda foco na reunião de política monetária do Banco do Japão. Depois de décadas de estímulos ultra-expansionistas, a autoridade monetária nipónica continua sob pressão para gerir o processo de normalização monetária.




Resultados empresariais.

No âmbito corporativo, a semana promete ser intensa, com alguns dos maiores nomes a apresentarem resultados.

O destaque vai para os gigantes tecnológicos: Apple, Microsoft, Amazon e Meta divulgam esta semana os seus relatórios trimestrais, num momento em que o sector continua a ser o principal motor dos mercados globais. As expectativas estão elevadas, e qualquer sinal de desaceleração poderá trazer volatilidade acrescida.

Para além da tecnologia, outros pesos pesados também sobem ao palco. No sector farmacêutico, a Eli Lilly promete captar atenções, enquanto no consumo, os investidores estarão atentos aos números da Coca-Cola e da McDonald's, importantes barómetros da confiança do consumidor.

No sector financeiro, Visa e Mastercard revelarão as suas contas, oferecendo pistas sobre os padrões de consumo e saúde económica. No sector industrial, Honeywell dará indicações sobre a actividade no segmento da indústria pesada. No sector da energia apresentam resultados a Exxon Mobil e a Chevron.



Dados Económicos



Estados Unidos da América
Esta semana será bastante bem preenchida de dados económicos relevantes, desde os números do crescimento económico, dados do mercado de trabalho, a medida preferida do Fed para a inflação e ainda medidas de confiança do consumidor e as importantes pesquisas do Institute for Supply Management, de impacto bem maior do mercado do que os PMIs da S&P Global divulgados na semana passada.
Mas, começando pelo principio, a semana inicia-se com um dia praticamente vazio de indicadores, onde iremos ter apenas a divulgação do índice manufactureiro do Fed de Dallas, com os mercados a esperar por uma ligeira melhoria de -16,3 para -15.
Na terça-feira, a agenda começa a ficar mais preenchida. Iremos ter os números da balança comercial de bens do mês de Março que, segundo as previsões, deverá mostrar um défice de 143,7 mil milhões de dólares, reduzindo ligeiramente dos 147,9 mil milhões do mês anterior. Iremos ter os números preliminares dos inventários grossistas que deverão mostrar um aumento de 0,6%, após os 0,3% do mês de Fevereiro. Teremos ainda a divulgação do índice de preços das casas S&P/Case-Shiller de Fevereiro, onde se espera uma desaceleração de 4,7% para 4,6%. Os mercados irão estar a olhar especialmente para os números das novas vagas de emprego JOLTS, onde esperam mais uma ligeira redução de 7,75 milhões para 7,48 milhões, e ainda para o índice de confiança do consumidor da Conference Board, onde o consenso aponta para uma queda de 92,9 do mês anterior, para 87,4.
Na quarta-feira, teremos um dia bastante compacto de dados. Começamos com os números do emprego privado ADP, com as estimativas a apontarem para um aumento de 123 mil novos postos de trabalho, ligeiramente abaixo dos 155 mil do mês de Março. Iremos ter os primeiros números do PIB do primeiro trimestre deste ano, onde os mercados estimam um crescimento de 0,4%, bem abaixo dos 2,4% apresentados no último trimestre de 2024. Antes da medida preferida do Fed para a inflação, o mercado terá ainda acesso ao Índice de Custo do Emprego relativo ao primeiro trimestre de 2025, que deverá manter o crescimento de 0,9% do trimestre anterior. O Core PCE Price Index deverá mostrar um aumento dos preços em termos mensais de 0,1%, caindo dos 0,4% do mês anterior, com a medida anual a cair de 2,5% para 2,2%, com os rendimentos pessoais a desacelerarem de 0,8% para 0,4% e as despesas pessoais a manterem um crescimento de 0,4%. Iremos ter ainda os números das vendas pendentes de casas, que deverão mostrar uma desaceleração dos 2% em Fevereiro, para 0,9% em Março, e ainda o índice Chicago PMI, onde o consenso aponta para uma queda de 47,6 para 45,9.
Na quinta-feira, iremos ter um dia mais leve. O foco estará principalmente no PMI manufactureiro do ISM, onde o consenso aponta para uma queda de 49,0 para 48,0, levando a actividade industrial ainda mais para contracção e onde as atenções irão ainda estar nos seus subcomponentes de preços, emprego e produção. Iremos ter os números finais do PMI manufactureiro da S&P Global e ainda os habituais números semanais dos novos pedidos de subsídio de desemprego, com as estimativas a apontarem para que se mantenham em torno dos recentes níveis (224 mil).
No último dia da semana, iremos ter os tão esperados números do mercado de trabalho, onde o consenso aponta para que os nonfarm payrolls mostrem a criação de 130 mil novos postos de trabalho, bem abaixo dos 228 mil do mês anterior, onde a taxa de desemprego de deverá manter nos 4,2%, tal como o crescimento médio salarial em 0,3%. Iremos ter ainda os números das encomendas às fábricas no mês de Março, onde as estimativas apontam para um crescimento de 4,2%.

Zona Euro
Com uma semana em que iremos ter o feriado do 1 de Maio pelo meio, as atenções irão estar especialmente nos números preliminares do PIB relativos ao primeiro trimestre deste ano e mais tarde para os dados da inflação relativos ao mês de Abril, a divulgar no último dia da semana.
As previsões apontam para que a Zona Euro deva mostrar um crescimento de 0,2% no primeiro trimestre deste ano, em linha com o do último trimestre de 2024, com a medida anual a cair de 1,2% no trimestre anterior, para 0,9%.
Na sexta-feira, os preços em termos mensais deverão mostrar um aumento de 0,4%, desacelerando dos 0,6% do mês anterior, onde a inflação anual global deverá voltar a cair, desta vez de 2,2% para 2% e a inflação subjacente (sem alimentos nem energia) a mostrar um ligeiro aumento de 2,4% para 2,5%.
Também no último dia da semana iremos ter a taxa de desemprego de Março, onde as previsões apontam para que se mantenha nos actuais 6,1%, e ainda os números finais do PMI manufactureiro, que não deverá mostrar um desvio dos números preliminares.
Iremos ter ao longo da semana números regionais que poderão ir alterando e/ou reiterando, as expectativas para o agregado da Zona Euro.
Na segunda-feira iremos ter em Espanha a divulgação da taxa de desemprego, onde os mercados esperam ver uma ligeira subida de 10,6% para 10,7%.
Na terça-feira, o Instituto Nacional de Estatística espanhol irá divulgar os dados da inflação e do PIB. A inflação em Abril deverá cair de 2,3% para 2% e o crescimento económico do primeiro trimestre deverá ser de 0,7%, abrandando dos 0,8% do trimestre anterior. Na Alemanha, iremos ter o indicador de confiança do consumidor GfK que deverá continuar a cair, desta vez de -24,5 para -25,6.
Na quarta-feira iremos ter a divulgação dos números do PIB e dos preços em França, Alemanha e Itália, antes dos do agregado da Zona Euro. Em França o mercado espera ver um crescimento de 0,1%, recuperando a contracção de igual valor do trimestre anterior, o mesmo na Alemanha que deverá recuperar da contracção de 0,2%, crescendo 0,2% e em Itália o crescimento deverá acelerar dos 0,1% anteriores, para 0,2%. Relativamente a preços, estes deverão mostrar um aumento mensal de 0,4% em França e na Alemanha, acelerando de 0,2% e 0,3%, respetivamente, enquanto em Itália deverão desacelerar dos 0,3% do mês anterior, para 0,2%. Ainda na quarta-feira, as despesas do consumidor em França deverão estagnar, as vendas a retalho na Alemanha, segundo as previsões, irão mostrar uma queda de 0,4%, após o aumento de 0,8% no mês anterior, e a taxa de desemprego alemã deverá manter-se nos 6,3%.
Na sexta-feira, em Itália, a taxa de desemprego deverá ficar inalterada nos 6,1%.

Reino Unido
Por aqui iremos ter uma semana bastante mais tranquila, onde destacamos o Índice de Preços das Casas Nationwide que deverá mostrar uma queda de 0,1%, a aprovação de hipotecas que deverá mostrar uma ligeira queda de 65 mil para 64 mil e ainda os empréstimos líquidos a particulares que deverão mostrar uma redução dos 4,6 mil milhões de libras para 4,4 mil milhões.

Canadá
Relativamente a indicadores económicos teremos também uma semana ligeira, onde as atenções irão estar colocadas nos números do PIB que em Fevereiro deverão mostrar estagnação, após o crescimento de 0,4% no mês anterior, com os números preliminares de Março a apontarem para uma contracção de 0,6%.
Iremos ter também o PMI manufactureiro onde as estimativas apontam para uma queda de 46,3 para 46, mantendo-o ainda em terreno de contracção.

Suíça
Por aqui iremos ter também uma semana relativamente tranquila.
Os mercados esperam ver uma queda no Barómetro Económico KOF de 103,9 para 101,8 e o indicador de confiança económica do UBS de -10,7 para -10,9.
Teremos os números das vendas a retalho do mês de Março, que deverão mostrar um aumento mensal de 0,3%, após a redução de 0,7% no mês anterior, com a medida anual a subir de 1,6% para 1,9%.Iremos ter ainda o PMI manufactureiro, onde as estimativas apontam para uma ligeira queda de 48,9 para 48,7.

China
Esta é semana de PMIs!
Após a divulgação dos lucros da indústria, logo no primeiro dia da semana, as atenções irão estar na divulgação dos PMI que fornecerá a primeira visão de como as acções tarifárias impactaram o sector da indústria transformadora.
Os lucros da indústria deverão mostrar um aumento de 0,1%, após a queda de 0,3% no mês anterior.
Os mercados estimam uma queda no PMI geral, pressionado pela guerra comercial em curso, com o índice a poder cair de 51,4 para 49,5, voltando para terreno de contracção. A actividade industrial, segundo as estimativas, deverá cair de 50,5 para 49,9 e a de serviços de 50,8 para 50,7.
O PMI privado da Caixin deverá mostrar também uma queda da actividade manufactureira de 51,2 para 49,9.

Japão
Uma semana que começa vazia de indicadores e eventos mas que vai ficando mais bem preenchida para o final.
Na quarta-feira teremos os números preliminares da produção industrial de Março, onde as previsões apontam para uma redução de 0,5%, após o aumento de 2,3% anterior. Teremos os números das vendas a retalho que deverão mostrar um crescimento de 3,6%, acelerando dos 1,3% mostrados em Fevereiro. O início de construção de casas deverá mostrar um aumento de 0,9%, desacelerando dos 2,4% do mês anterior.
Na quinta-feira, relativamente a indicadores económicos, será o índice de confiança do consumidor que chamará a atenção dos mercados, onde o consenso aponta para uma queda de 34,1 para 33,9.
Na sexta-feira, iremos ter a taxa de desemprego do mês de Março que se deverá manter nos 2,4%.

Nova Zelândia
Tudo o que iremos ter por aqui será o indicador de confiança empresarial ANZ, onde as estimativas apontam para uma queda de 57,7 para 50 e ainda os números das licenças de construção de Março, onde as previsões apontam para um aumento de 2,9%, após os 0,7% do mês anterior.

Austrália
As atenções do mercado irão estar principalmente nos dados da inflação do primeiro trimestre deste ano.
Os preços em termos trimestrais deverão mostrar um aumento de 0,8%, acelerando dos 0,2% mostrados no trimestre anterior, com a inflação anual a cair de 2,4% para 2,2%. A medida mais seguida pelo Reserve Bank of Australia, sem 30% dos itens mais voláteis, deverá mostrar que os preços em termos trimestrais aumentaram 0,6%, acelerando dos 0,5% do trimestre anterior, com a medida em termos anuais a cair de 3,2% para 2,8%. O Índice de Preços do Consumidor de Março deverá mostrar um aumento de 2,3% em termos homólogos, recuando dos 2,4% do mês anterior.
A balança comercial de bens de Março deverá, segundo as previsões, mostrar um excedente de 3,12 mil milhões de dólares australianos, após os 2,97 mil milhões mostrados no mês anterior.
Teremos também números das vendas a retalho do mês de Março, onde as estimativas apontam para um aumento de 0,4%, acelerando dos 0,2% do mês anterior. Iremos ter ainda o Índice de Preços no Produtor da primeiro trimestre, onde as previsões apontam para um aumento de 0,8% em termos trimestrais, em linha com o aumento do trimestre anterior.



Bancos Centrais



O Banco do Japão
O banco central nipónico deverá manter inalterada a sua taxa de juro directora nos actuais 0,50%, apesar da inflação elevada, entre a incerteza em torno da política comercial dos Estados Unidos. No entanto, o BoJ deverá dar sinais de aumentos das taxas de juro nos próximos meses.


O que pensa sobre este tema?