A semana que começa
Inflação e tarifas

Os mercados iniciam a semana focados nas negociações comerciais dos Estados Unidos, dados de inflação e discursos de banqueiros centrais, onde terão ainda a continuação da apresentação de resultados empresariais.
Os mercados financeiros iniciam a semana com os olhos postos no panorama internacional, mantendo elevada atenção às negociações comerciais lideradas pelos Estados Unidos.
Após o anúncio do novo acordo com o Reino Unido na sexta-feira passada, que representou um passo significativo para o reforço das relações comerciais bilaterais, os investidores aguardam agora desenvolvimentos adicionais, nomeadamente no diálogo entre Washington e Pequim, após a China ter regressado à mesa das negociações.
Esta semana, relativamente a dados macroeconómicos, o foco estará centrado nos números da inflação nos Estados Unidos, cujo impacto poderá ser determinante na trajectória da política monetária da Reserva Federal. As leituras poderão levar os mercados a ajustar as suas expectativas em torno de um possível corte de taxas de juro, actualmente antecipado para Julho. Uma aceleração ou desaceleração inesperada nos preços poderá, assim, ditar mudanças nessas expectativas.
Na recta final da semana, os investidores irão ainda acompanhar de perto a divulgação do índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, indicador frequentemente utilizado como barómetro do optimismo dos consumidores norte-americanos e do potencial de crescimento do consumo privado.
Do lado da política monetária, prosseguem os discursos e intervenções públicas por parte de banqueiros centrais, que deverão contribuir para orientar a percepção dos mercados quanto à evolução das taxas de juro. Entre os destaques, estarão as declarações de Christopher Waller, membro da Reserva Federal, na quarta-feira, seguidas de um discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, na quinta-feira. Na sexta-feira, será a vez de Philip Lane, economista-chefe do Banco Central Europeu, que poderá deixar pistas adicionais sobre o posicionamento da autoridade monetária da zona euro.
A semana será também marcada por uma nova vaga de apresentação de resultados trimestrais, à medida que as empresas continuam a divulgar os números referentes ao primeiro trimestre de 2025. Entre os principais destaques encontram-se gigantes tecnológicas, retalhistas e industriais dos Estados Unidos, Europa e Ásia. Estão agendadas as apresentações de resultados da Cisco, Tencent, Alibaba, SoftBank, Walmart, Target, Siemens, Deutsche Telekom, Allianz, Sony, Telefónica e Bayer, entre outras. Os analistas estarão atentos não só aos números, mas também aos comentários das empresas sobre as perspectivas futuras, especialmente num contexto de desaceleração económica global e ajustamentos de política monetária.
Dados Económicos
Estados Unidos da América
Iremos ter pela frente uma semana plena de indicadores económicos onde as atenções irão estar especialmente focadas nos dados da inflação, nas vendas a retalho e ainda nos dados da Universidade de Michigan.
A semana começa com um primeiro dia vazio de dados económicos.
Na terça-feira, iremos ter o destaque da semana, os dados da inflação do mês de Abril. Os mercados estimam que os preços em termos mensais tenham aumentado 0,3%, após a contracção de 0,1% no mês anterior, com a inflação anual a manter-se nos 2,4% e a subjacente nos 2,8%. Teremos ainda o Índice de Pequenas Empresas NFIB, que deverá mostrar uma queda de 97,4 para 94,6.
A quinta-feira será um dia bem preenchido de dados. Teremos mais dados da inflação, desta vez à porta das fábricas, com as estimativas a apontarem para um aumento mensal dos preços de 0,2%, após uma queda de 0,4% no mês anterior, onde sem alimentos e energia deverão mostrar um aumento de 0,3%, após uma contracção de 0,1% no mês de Março. Os mercados estarão bem atentos à divulgação dos números das vendas a retalho, que deverão, segundo as estimativas, mostrar um aumento ligeiro de 0,1%, desacelerando dos 1,4% do mês anterior, e sem vendas automóveis deverão mostrar um aumento de 0,3%, desacelerando do crescimento de 0,5% do mês anterior. O grupo de controlo deverá mostrar uma queda das vendas de 0,1%, após o crescimento de 0,4% do mês anterior. Os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego deverão manter-se em torno dos da semana passada, em 229 mil. O índice manufactureiro de Nova Iorque e o do Fed de Filadélfia deverão mostrar subidas. O primeiro de -8,1 para -7,9 e o segundo de -26,4 para -9,9. A produção industrial deverá mostrar, segundo as estimativas, um aumento de 0,2%, recuperando parte da queda de 0,3% do mês anterior, os inventários empresariais deverão manter o ritmo de crescimento de 0,2% e o Índice de Mercado Imobiliário NAHB deverá manter-se nos 40.
A semana terminará com os dados da Universidade de Michigan, onde o índice da Confiança do Consumidor deverá mostrar uma subida de 52,2 para 53,1 e as expectativas de inflação de curto prazo uma nova subida de 6,5% para 6,6% e de longo prazo de 4,4% para 4,5%. Teremos ainda os números das licenças de construção e os números do início de construção de casas, onde as estimativas apontam para uma queda de 1,2% do primeiro e de 1% do segundo.
Zona Euro
O destaque da semana vai para o indicador alemão de confiança económica ZEW que, segundo as estimativas, deverá mostrar na Zona Euro uma subida de -18,5 para -4,4 e na Alemanha de -14,0 para +9,8.
Iremos ter a segunda estimativa do PIB relativo ao primeiro trimestre, onde o mercado irá esperar pela confirmação do crescimento de 0,4% da leitura preliminar. A produção industrial de Março deverá mostrar um crescimento de 1,9%, acelerando dos 1,1% registados no mês anterior. O emprego no primeiro trimestre deverá mostrar um crescimento de 0,1%, em linha com o do mês anterior.
Na sexta-feira iremos ter os números da balança comercial do mês de Março, que deverá mostrar um excedente de 17,5 mil milhões de euros, recuando dos 21 mil milhões do mês anterior.
Iremos ter os números finais da inflação na Alemanha e em França, onde as previsões apontam para que os números preliminares se mantenham inalterados.
Em Itália iremos ter os números da balança comercial de Março, que deverá mostrar um excedente de 5,15 mil milhões de euros, acelerando dos 4,47 mil milhões.
Reino Unido
Iremos ter também uma semana bem preenchida de dados económicos.
As atenções começam por ir para os dados do mercado de trabalho. A taxa de desemprego, segundo as estimativas, deverão mostrar um aumento de 4,4% para 4,5%. O número líquido de novos postos de trabalho deverá mostrar uma queda de 20 mil empregos, com o crescimento salarial, incluindo bónus, a desacelerar de 5,6% para 5,2%.
Na quinta-feira iremos ter a divulgação da primeira estimativa do PIB do primeiro trimestre, com as estimativas a apontarem para um crescimento económico trimestral de 0,6%, após o crescimento de 0,1% no trimestre anterior, e com o número anual a mostrar uma queda de 1,5% no trimestre anterior para 0,9%. O PIB do mês de Março deverá mostrar um crescimento de 0,1%, desacelerando dos 0,5% do mês de Fevereiro.
Iremos ter também os números da balança comercial de bens de Março, que deverão mostrar um défice de 19,7 mil milhões de libras, após o excedente de 20,8 mil milhões do mês anterior.
A produção industrial deverá mostrar uma queda de 0,6%, após o crescimento de 1,5% no mês anterior, e a produção de construção deverá mostrar uma desaceleração dos 0,4% do mês anterior para 0,2%.
Os números preliminares do investimento empresarial relativos ao primeiro trimestre deste ano deverão mostrar um crescimento de 0,4%, após a queda de 1,9% no trimestre anterior.
Canadá
Uma semana com dados económicos de segunda linha, onde iremos ter os números de Março das licenças de construção que deverão mostrar um aumento de 1%, desacelerando dos 2,9% do mês anterior, com o início de construção de casas em Abril a aumentar de 214 mil para 234 mil.
Iremos ter dados das vendas de Março onde as manufactureiras deverão mostrar uma redução de 1,8%, após o aumento de 0,2% do mês anterior e as vendas grossistas um aumento de 0,2%, mas desacelerando dos 0,3% mostrados em Fevereiro.
Suíça
Uma semana tranquila onde iremos ter os dados de Abril do índice de preços importados e do produtor, com as estimativas a apontarem para uma aceleração mensal dos 0,1% do mês anterior para 0,2%.
China
Uma semana ligeira de dados económicos, onde esperamos ter os números dos novos empréstimos em yuans, com as estimativas a apontarem para um aumento dos 3640 mil milhões de yuans, para 710 mil milhões.
Japão
As atenções irão estar especialmente focadas nos dados preliminares do PIB do primeiro trimestre deste ano, que serão divulgados no último dia da semana. As previsões apontam para uma contracção trimestral da economia nipónica de 0,1%, após o crescimento de 0,7% no trimestre anterior. Em termos homólogos, a economia deverá mostrar uma contracção de 0,2%, face ao crescimento de 2,2% há um ano.
A semana começa com os números da conta corrente, que deverão mostrar um crescimento do excedente de 2,32 triliões de ienes para 2,42 triliões e ainda com o indicador de confiança da economia onde as estimativas apontam para uma queda de 45,1 para 44,7.
Iremos ter dados dos preços à porta das fábricas, com o Índice de Preços do Produtor, segundo as previsões, a mostrar uma subida de 4,0%, desacelerando dos 4,2% do mês anterior.
Teremos ainda as encomendas de maquinaria do mês de Abril onde as previsões apontam para um aumento de 11,7%, acelerando ligeiramente dos 11,4% do mês de Março.
Nova Zelândia
O destaque da semana irá ser o das expectativas de inflação a divulgar no último dia da semana, onde as estimativas apontam para que suba dos 2,06% no trimestre anterior, para 2,40%.
Antes, teremos ainda o índice manufactureiro BusinessNZ, onde o consenso aponta para um recuo dos 53,2 do mês passado, para 53,0.
Austrália
As atenções por aqui irão estar nos dados do mercado de trabalho a divulgar na quinta-feira. As previsões apontam para que a taxa de desemprego permaneça nos 4,1%, assim como a taxa de participação nos 66,8%. As estimativas apontam para o crescimento do emprego em 25,5 mil postos de trabalho, divididos entre tempo parcial e a tempo inteiro.
A semana irá começar com a divulgação do índice de confiança do consumidor Westpac, com o consenso a apontar para uma ligeira subida de 90,1 para 90,5 e o índice de confiança empresarial NAB a cair de -3 para -5.
Iremos ter também o índice do preço dos salários do primeiro trimestre, onde as estimativas apontam para um crescimento trimestral de 0,8%, acelerando dos 0,7% do trimestre anterior.
Teremos ainda as expectativas da inflação do consumidor do Melbourne Institute, onde as estimativas apontam para uma queda dos 4,2% em Abril, para 3,8% em Maio.
Bancos Centrais
O Banxico
O banco central mexicano deverá continuar a reduzir a sua taxa de juro directora, depois de na reunião anterior em Março, vários membros do conselho terem apontado para a possibilidade de voltar a reduzir, ao mesmo ritmo, as taxas nesta reunião de Maio. O mercado estima que o banco central reduza a sua taxa directora de 9% para 8,5%.