Café da Manhã
Confiança abalada

Café da Manhã Confiança abalada

Os mercados financeiros seguem de novo com a confiança abalada entre tensões geopolíticas e incertezas tarifárias, mesmo após acordo entre a China e os Estados Unidos e dados suaves da inflação norte-americana.

O presidente norte-americano, Donald Trump, disse ontem estar "muito menos confiante" em relação ao acordo nuclear com o Irão, sublinhando que Teerão não conseguirá obter uma arma nuclear independentemente do resultado das negociações. O Irão respondeu com uma retórica mais dura, ameaçando atacar os activos militares dos EUA no Médio Oriente se as negociações falharem e forem alvo de intervenção militar. Anteriormente, Teerão também afirmou que atacaria as instalações nucleares de Israel em caso de ataque. Os Estados Unidos ordenaram a evacuação da sua embaixada em Bagdad e permitiram que as famílias dos militares abandonassem o Médio Oriente.

O entendimento assinado entre os EUA e a China não desencadeou entusiasmo no mercado. Foi visto como uma confirmação da trégua comercial alcançada em Genebra no mês passado. Ambos os países estão a tentar criar alguma boa vontade, com a China a concordar em aliviar as restrições à exportação de terras raras ou os Estados Unidos de tecnologia. Sem detalhes sobre o acordo e uma comunicação escassa, aparentemente haverá ainda muito trabalho a ser feito para um entendimento comercial mais amplo.

Os dados da inflação nos Estados Unidos divulgados ontem mostraram que os preços em Maio subiram menos do que o esperado (0,1%), com a inflação a subir de 2,3% para 2,4% (face a 2,5% estimados) e a inflação subjacente a manter-se nos 2,8% (contra 2,9% esperado).

Entretanto, as negociações comerciais deverão manter-se, com Trump a anunciar planos para enviar cartas aos parceiros comerciais nas próximas semanas, delineando tarifas unilaterais específicas e informando os países sobre o acordo. À medida que a pausa das tarifas se aproxima do fim, Trump manifestou a disponibilidade para prolongar o prazo para além de 8 de Julho para finalizar as discussões comerciais com 18 parceiros comerciais importantes, incluindo a Índia, a Coreia do Sul, o Japão e a União Europeia.

Os mercados accionistas norte-americanos terminaram a sessão de ontem em terreno negativo, entre um aumento de tensões no Médio Oriente, apesar de dados da inflação abaixo do estimado pelos mercados e de um entendimento nas negociações entre os Estados Unidos e a China.
Os principais índices de Wall Street terminaram em perdas ligeiras, com o Dow Jones inalterado, o S&P 500 a recuar 0,27% e o Nasdaq 0,50%.

Esta noite, na Ásia, os mercados accionistas negociaram também em perdas, com a confiança abalada pela instabilidade comercial.
No Japão, o índice Nikkei recuou 0,68% e o Topix 0,21%.
Na Austrália, o índice ASX 200 recuou 0,31%, enquanto o Kospi, na Coreia do Sul, continuou a negociar em ganhos, avançando 0,45%.
Na China, o índice CSI300 e o Shanghai Composite terminaram praticamente inalterados (-0,06% e +0,01%, respectivamente), enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, caiu 1,36%.
Na Índia, as acções seguem a negociar em perdas, com o índice Nifty 50 a cair 1,21% e o Sensex 0,94%.

Na Europa, o sentimento do mercado accionistas também é negativo, com os principais índices a iniciarem o dia em perdas significativas.
O índice Euro Stoxx 600 segue de momento a recuar 0,76% e o Euro Stoxx 50 1,02%.
Na Alemanha, o índice DAX cai 1,36% e o CAC 40, de França, 0,79%.
No Reino Unido, e após dados do PIB de Abril terem mostrado uma contração maior do que a esperada, o índice FTSE 100 recua de momento, marginalmente, 0,12%.

No mercado cambial, a inflação abaixo do estimado nos Estados Unidos, tensões geoestratégicas a aumentarem e o sentimento de risco a recuar, levaram o dólar a perdas. O índice DXY segue de momento a negociar em mínimos de mais de um mês a 98,20 e o EUR/USD está de volta acima de 1,1500, a 1,1535, aproximando-se do máximo deste ano a 1,1574.
A libra continua acelera as perdas recentes, após os fracos dados do PIB de Abril, colocarem mais pressão no Banco de Inglaterra para cortes de taxas de juro. O EUR/GBP negocia acima de 0,8500, tendo já registado um máximo de 0,8520, enquanto o GBP/USD se mantém a negociar em torno dos níveis de fecho de ontem a 1,3565.
O iene e o franco suíço seguem a beneficiar do sentimento de aversão ao risco dos mercados, negociando em ganhos. O USD/JPY negocia de momento a 143,80 e o USD/CHF a 0,8150, enquanto o EUR/JPY negocia a 166,00 e o EUR/CHF a 0,9400.

Os preços do petróleo dispararam ontem cerca de 6%, após as tensões entre os Estados Unidos e o Irão, com os últimos a levantarem a hipótese de atacar bases americanas na região. O barril de Brent que começou o dia a negociar a $66,55, terminou em torno de $70, um máximo de mais de dois meses, tal como o WTI que começou a negociar abaixo de $65 para terminar acima de $68.
Os preços estão a começar o dia a recuar dos ganhos iniciais, com o Brent a negociar a $69,00 por barril e o WTI a $67,50.


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