Semana Revista
O Fed, os outros e Médio Oriente

A escalada de tensões no Médio Oriente, nomeadamente o conflito directo entre o Irão e Israel, acabou por ofuscar o impacto das decisões de política monetária do Fed e dos restantes bancos centrais nos mercados financeiros.
Tensões no Médio Oriente eclipsam decisões de política monetária e dominam a atenção dos mercados.
Num contexto em que múltiplos bancos centrais divulgaram esta semana decisões relevantes de política monetária, incluindo a Reserva Federal dos Estados Unidos, os mercados financeiros mantiveram o foco quase exclusivo na escalada do conflito entre o Irão e Israel, cujo potencial desestabilizador está a gerar fortes reações nos preços dos activos, nas expectativas de risco e nas perspectivas económicas globais.
A reunião do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC), realizada esta quarta-feira, resultou numa decisão amplamente antecipada: a manutenção da taxa directora do Fed no intervalo entre 4,25% e 4,50%. No entanto, a actualização das projecções macroeconómicas e o tom ligeiramente mais restritivo do banco central norte-americano foram recebidos com relativa indiferença pelos mercados. O mesmo sucedeu com as comunicações de outros bancos centrais, incluindo os da Suíça, Reino Unido, Japão e Noruega entre outros.
O epicentro da atenção dos investidores deslocou-se rapidamente para o Médio Oriente, onde os confrontos directos entre Israel e o Irão marcaram uma nova fase de instabilidade geopolítica, sem precedentes nas últimas décadas. Após o ataque israelita a instalações nucleares e militares iranianas, Teerão retaliou com o lançamento de mísseis balísticos
As implicações de curto e médio prazo desta escalada têm vindo a sobrepor-se, em termos de impacto nos mercados, às decisões de política monetária. Em particular, o potencial encerramento do Estreito de Ormuz, considerado uma das principais rotas globais de transporte de petróleo, está a suscitar crescente preocupação. Cerca de um quinto do comércio mundial de crude atravessa diariamente aquele corredor marítimo, e a possibilidade de interrupções está já a reflectir-se numa subida do preço do petróleo.
Política monetária em pausa, mas sensível ao contexto externo.
Apesar de manterem a trajectória de análise e prudência, os bancos centrais não estão alheios ao contexto. Jerome Powell, presidente do Fed, sublinhou que a política actual permanece “no lugar certo” e que os dados económicos recentes são encorajadores, mas admitiu que a incerteza continua elevada e que os efeitos indirectos da tensão geopolítica, nomeadamente sobre os preços da energia e os custos de produção, poderão condicionar o calendário de eventuais cortes de juros.
Outras autoridades monetárias, nomeadamente na Europa e na Ásia, expressaram preocupações semelhantes, reforçando o tom cauteloso nas suas comunicações. Embora a prioridade imediata continue a ser a estabilidade dos preços, a evolução do conflito e os seus impactos económicos poderão reconfigurar as decisões futuras.
Donald Trump: entre diplomacia e ambiguidade estratégica
Acrescentando mais complexidade ao cenário, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adoptou uma postura ambígua nas suas declarações públicas. Por um lado, afirmou que irá decidir nas próximas duas semanas se os EUA lançarão uma ofensiva militar contra o Irão, deixando em aberto todas as opções, incluindo a possibilidade de uma acção imediata. Por outro lado, indicou também que a via diplomática ainda está em cima da mesa, e que não exclui tentar travar o enriquecimento de urânio iraniano através de pressão política.
Anteriormente, o vice-presidente norte-americano, JD Vance, afirmou que o Presidente poderia vir a tomar medidas mais firmes se considerar que a diplomacia falhou. Ainda assim, o compromisso público dos países do G7 com uma solução negociada e a realização de conversações nucleares entre líderes europeus e representantes iranianos, no final da semana em Genebra, representam um esforço para conter o conflito antes que este atinja proporções regionais descontroladas.
A ambiguidade do discurso de Trump, nomeadamente ao afirmar desconhecer o ataque israelita inicial apesar de previamente ter ordenado evacuações diplomáticas, tem gerado desconfiança quanto ao grau de envolvimento real dos Estados Unidos na escalada. A formulação vaga (“nas próximas duas semanas”) é também vista como uma forma de manter a pressão sobre Teerão e os aliados ocidentais, sem excluir uma acção militar de fim de semana ou de surpresa táctica.
Os Bancos Centrais
A Reserva Federal dos Estados Unidos decidiu esta semana manter inalterada a sua taxa directora, mantendo o intervalo dos Fed funds entre 4,25% e 4,5%. Esta decisão, tomada por unanimidade, já era amplamente esperada pelos mercados e reflecte a avaliação de que a economia norte-americana continua a crescer a um “ritmo sólido”, com o desemprego a manter-se em níveis baixos, apesar de a inflação permanecer “algo elevada”.
No comunicado divulgado após a reunião do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC), o Fed reiterou o compromisso com o objectivo de inflação de 2% a médio prazo, mas reconheceu que a incerteza em torno das perspectivas económicas, embora tenha diminuído, permanece elevada. O banco central norte-americano sublinhou ainda que continuará a monitorizar de perto os dados económicos e está preparado para ajustar a política monetária caso surjam riscos que possam comprometer os seus objectivos.
Um dos pontos centrais da reunião foi a actualização das projecções económicas e do chamado “dot plot”, que reflecte as expectativas dos membros do FOMC para a evolução das taxas de juro. Apesar de manter a previsão de dois cortes nas taxas ainda em 2025, o comité mostrou-se mais dividido: sete dos 19 membros já não antecipam qualquer descida este ano, face a quatro em março, e outros dois veem apenas uma redução. Esta divisão evidencia uma postura mais cautelosa perante a persistência de pressões inflacionistas e o abrandamento do crescimento económico.
As novas projecções apontam para uma inflação (PCE) de 3,0% no final de 2025 (acima dos 2,7% previstos em Março) e uma inflação subjacente de 3,1% (face aos 2,8% anteriores). O objectivo de trazer a inflação para os 2% foi adiado para 2028, reflectindo as dificuldades em controlar a subida dos preços. Quanto ao crescimento económico, o Fed reviu em baixa a previsão para o PIB em 2025, de 1,7% para 1,4%, e antecipa uma taxa de desemprego de 4,5%.
Na conferência de imprensa, Jerome Powell, presidente do Fed, reforçou que a política monetária está “bem posicionada” e que os dados recentes sobre o mercado de trabalho e inflação são encorajadores, mas sublinhou que a instituição continuará vigilante face ao impacto das tarifas e à evolução da conjuntura internacional, nomeadamente o conflito no Médio Oriente. Powell minimizou o risco de pressões inflacionistas persistentes derivadas do conflito Israel-Irão, reiterando a tendência do Fed para olhar além da volatilidade de curto prazo nos mercados financeiros.
Os primeiros membros do FOMC a fazer-se ouvir esta semana, após a decisão de taxas foram o influente Christopher Waller, que mostrou uma faceta ”dovish” e Thomas Barkin, mostrando um lado mais ”hawkish”.
Segundo Waller, as medidas tarifárias terão um efeito limitado e pontual nos preços, sem gerar pressões inflacionárias persistentes. Argumenta que os bancos centrais devem "olhar além" destes impactos, uma vez que apenas uma fração dos custos será repassada aos consumidores.
Quanto à política monetária, Waller defende uma abordagem cautelosa, sugerindo que o Fed inicie os cortes das taxas de juro de forma gradual, mantendo flexibilidade para pausar o processo em caso de choques inesperados. Salienta que existe margem para reduzir os juros, devendo depois a evolução da inflação ser cuidadosamente monitorizada. Esta perspectiva assenta num cenário económico em que a inflação se aproxima do objectivo de 2%, com tendência favorável, e o mercado de trabalho, embora sólido, mostra sinais de moderado arrefecimento face aos níveis excepcionais de 2022.
Waller observa que, apesar de o emprego se manter robusto, há indicadores de menor dinamismo, como a desaceleração na criação de postos de trabalho e o aumento do desemprego entre grupos específicos, como os recém-licenciados. Neste contexto, sublinha que o Fed não deve adiar a descida dos juros até que o mercado laboral mostre sinais de deterioração acentuada. Além disso, descarta preocupações com efeitos secundários significativos das tarifas, argumentando que a actual falta de pressão salarial impede que os trabalhadores consigam compensar eventuais aumentos de preços através de subidas generalizadas de remunerações, o que, em sua opinião, reduz o risco de uma espiral inflacionária.
Por fim, Waller reafirma o duplo mandato do Fed, focando-se no equilíbrio entre o controlo da inflação e a estabilidade do emprego, e rejeita qualquer sugestão de que a instituição deva facilitar financiamento a baixo custo para o governo federal. A sua visão reflecte uma postura prudente, mas aberta a ajustes, com a política monetária a depender da continuação de dados económicos favoráveis e sem sobressaltos inesperados.
Thomas Barkin, presidente do Fed de Richmond, afirmou que o mercado de trabalho e o consumo têm mostrado resistência, sustentando a actividade económica, sublinhando que os dados actuais não justificam, por agora, uma redução urgente das taxas de juro, dado que os índices de preços permanecem acima do objectivo definido pelo Fed. Alerta que qualquer pico inflacionário não pode ser ignorado, exigindo uma resposta adequada por parte da autoridade monetária.
No que diz respeito ao comportamento das empresas, Barkin observa que muitas continuam numa postura de "esperar para ver", adiando decisões de investimento em capital e contratações. Esta hesitação reflecte, em parte, a incerteza em torno da política comercial, cujos contornos finais e impactos nos preços e no emprego permanecem imprevisíveis. Curiosamente, destaca que mesmo empresas não directamente afectadas por tarifas estão a aproveitar o clima de confusão para aumentar preços, justificando-o com outros factores externos. Além disso, várias firmas indicaram que preveem ajustar os preços para cima nos próximos meses, à medida que os bens importados, mais caros, forem sendo incorporados nos seus inventários.
Barkin mostra a necessidade de manter a vigilância sobre a evolução da inflação, sem pressa em alterar o rumo da política monetária. A incerteza geopolítica e comercial, combinada com o comportamento estratégico das empresas em relação aos preços, constitui um desafio adicional para o Fed, que terá de navegar estes riscos sem comprometer a estabilidade económica.
No Japão, no Reino Unido e na Suíça, os respectivos bancos centrais cumpriram as expectativas dos mercados, mantendo uma linha de actuação amplamente antecipada pelos analistas.
O Banco do Japão manteve a política monetária inalterada com cautelas face às tarifas dos Estados Unidos.
O BoJ manteve as taxas de juro em 0,5%, por decisão unânime, e confirmou o plano de reduzir gradualmente as compras de títulos públicos, de 4 para 2 biliões de ienes mensais até 2027, a partir de Abril do próximo ano. O mercado reagiu com indiferença, já que a medida era esperada.
O governador Kazuo Ueda mostrou-se cauteloso, alertando que as tarifas comerciais dos Estados Unidos podem pressionar salários e investimento no Japão, embora sem preocupações imediatas com a inflação.
Apesar da inflação actual estar abaixo do esperado, o BoJ prevê que atinja a meta no 2º semestre de 2025. Se as pressões inflacionárias persistirem, uma subida de juros no 4º trimestre permanece possível. A instituição mantém, contudo, uma postura prudente, condicionada pela incerteza das políticas comerciais globais.
Banco de Inglaterra, também sem surpresa, manteve a sua taxa de juro e adopta tom cauteloso perante incerteza económica.
O Banco de Inglaterra decidiu esta semana manter a taxa directora inalterada nos 4,25%, tal como era amplamente esperado pelos mercados. A decisão, no entanto, contou com uma divisão interna no comité de política monetária: seis membros votaram a favor da manutenção da taxa, enquanto três, Dhingra, Ramsden e Taylor, defenderam um corte de 25 pontos base, sinalizando uma ligeira inclinação para uma postura mais acomodatícia.
Apesar desta divisão, o BoE manteve a sua orientação estratégica, sublinhando que "uma abordagem gradual e cuidadosa à retirada adicional do actual aperto monetário continua a ser apropriada". Esta linguagem confirma a intenção de continuar a flexibilizar a política monetária, mas de forma controlada e com prudência, face às actuais incertezas económicas.
O Governador Andrew Bailey reforçou essa mensagem, afirmando que as taxas de juro “permanecem numa trajectória de descida gradual”, deixando antever que o banco poderá avançar com mais um corte na próxima reunião, agendada para 7 de agosto, altura em que será também publicado um novo Relatório de Política Monetária.
As expectativas do mercado apontam agora para dois cortes adicionais de 25 pontos base até ao final de 2025, o que colocaria a taxa directora nos 3,75%.
A reação do mercado foi contida. A libra esterlina manteve-se relativamente estável face ao euro e ao dólar, e os mercados de taxas de juro não registaram grandes oscilações.
O Banco Nacional da Suíça cortou a taxa de juro para 0% perante nova queda da inflação.
O Banco Nacional da Suíça decidiu na passada quinta-feira reduzir a sua taxa directora em 25 pontos base, para 0%, em linha com as expectativas do mercado e com a sua própria avaliação macroeconómica mais recente. Esta é a segunda descida consecutiva da taxa de juro este ano, numa altura em que a inflação na Suíça voltou a surpreender pela negativa e ameaça instalar-se em terreno deflacionista.
Segundo os últimos dados, o índice de preços no consumidor (CPI) caiu 0,1% em termos homólogos no mês de Maio. Esta evolução levou o banco central a rever em baixa as suas projecções de inflação, agora estimadas em 0,2% para 2025, 0,5% para 2026 e 0,7% para 2027, todas dentro, mas no limite inferior, da banda de estabilidade de preços definida pelo SNB (0% a 2%).
Na conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio, o Martin Schlegel reiterou que o banco continuará atento aos desenvolvimentos económicos, afirmando que "ajustará a política monetária, se necessário, para garantir que a inflação se mantenha na faixa compatível com a estabilidade de preços a médio prazo". A autoridade monetária helvética também deixou claro que não antevê, para já, um regresso iminente às taxas de juro negativas, embora não exclua completamente essa possibilidade. O banco central suíço manteve as previsões de crescimento económico em 1% a 1,5% para 2025 e 2026, mas reforçou a disponibilidade para intervir, se necessário, no mercado cambial, numa tentativa de conter uma valorização excessiva do franco suíço.
O Norges Bank surpreende ao iniciar ciclo de cortes de taxas
O banco central da Noruega surpreendeu os mercados ao decidir reduzir a sua taxa directora em 25 pontos base, para 4,25%, naquela que foi a primeira descida desde que os juros atingiram o pico em Dezembro de 2023. A decisão não era antecipada pelo consenso do mercado e marca o início de um ciclo cauteloso de flexibilização da política monetária.
A autoridade monetária justificou a medida com base numa trajetória de inflação mais benigna do que a anteriormente prevista. A previsão para a inflação subjacente foi revista em baixa, com as estimativas a reforçar a percepção de que o processo de desinflação está em curso e que a política monetária pode começar a normalizar, ainda que mantendo uma orientação restritiva para garantir a continuação do arrefecimento económico.
Apesar do corte, o Norges Bank prevê que a taxa de juro se situe perto dos 4% no final de 2025, caindo para 3% até ao final de 2028. A orientação comunicada aponta para mais dois cortes este ano, em Setembro e Dezembro, caso a evolução económica se mantenha no do cenário base projectado.
Os mercados reagiram levando a coroa norueguesa para perdas, recuando dos recentes máximos registados face ao euro e ao dólar.
Outros bancos centrais em destaque incluíram o Banco Popular da China (PBoC), o Riksbank da Suécia, o Banco Central da Turquia e o Banco Central do Brasil.
O Riksbank, banco central da Suécia, reduziu a taxa de juro directora em 25 pontos base, para 2%, em linha com as previsões dos analistas. A decisão surge num contexto de recuperação económica mais lenta do que o esperado, pressionada pelas tarifas de importação dos Estados Unidos, apesar de estas poderem acabar por ser menos gravosas do que inicialmente previsto. O banco central reviu em baixa a previsão de crescimento do PIB para este ano, de 1,9% para 1,2%, mantendo praticamente inalteradas as projeções para 2026 e 2027. A taxa de desemprego continua elevada e, ao mesmo tempo, a inflação tem vindo a abrandar desde o início do ano. A procura interna mais fraca deverá contribuir para que o índice de preços se situe ligeiramente abaixo das previsões de Março no horizonte 2025-2027. Perante este cenário, o Riksbank justificou a decisão com base numa perspectiva de inflação e actividade económica que sustenta um certo grau de flexibilização da política monetária.
O Banco Popular da China, sem surpresa, manteve as suas taxas preferenciais de empréstimos a 1 e 5 anos nos 3% e 3,5%.
O Banco Central do Brasil aumentou a taxa Selic em 25 pontos base, fixando-a em 15,00%, o nível mais alto desde 2006, numa tentativa de controlar a inflação. Esta é a sétima subida consecutiva desde Setembro do ano passado e eleva a taxa para um máximo de 19 anos. A inflação no país mantém-se acima da meta de 3% e ultrapassa o limite superior da faixa de tolerância de 4,5%. Apesar das incertezas no comércio global, a economia brasileira tem demonstrado resiliência, suportada por baixos níveis de desemprego e despesas públicas. O Banco Central sublinha que, nestas condições, é necessário manter uma política monetária significativamente contracionista. A recente subida da taxa deverá ser, provavelmente, a última por um período prolongado, com o Comité a indicar que, caso o cenário esperado se confirme, poderá interromper o ciclo de aumentos para avaliar os impactos acumulados da política monetária.
O Banco Central da Turquia manteve a taxa de juro de referência inalterada em 46% na reunião desta semana, após o aumento inesperado de 350 pontos base na decisão anterior, em linha com as expectativas do mercado. Os responsáveis pela política monetária salientaram que as pressões inflacionistas abrandaram desde Abril, enquanto os riscos para o crescimento económico turco se intensificaram, em grande parte devido à elevada incerteza no panorama macroeconómico global, marcada por políticas comerciais proteccionistas e tensões geopolíticas. O Banco Central destacou que o actual nível elevado das taxas de juro é suficiente para evitar pressões adicionais sobre as contas de capitais, que poderiam provocar quedas acentuadas na lira turca. A estabilidade cambial tem sido uma prioridade, especialmente após o aumento agressivo das taxas em Abril, motivado pelos conflitos políticos entre o Presidente Erdogan e o presidente da Câmara de Istambul, que desencadearam uma forte desvalorização da moeda nacional.
Dados Económicos
Nos Estados Unidos, tivemos uma semana com uma agenda económica relativamente tranquila.
Começou com a divulgação do Índice Manufactureiro de Nova Iorque que caiu inesperadamente de -9,2 para -16, a leitura mais baixa dos últimos três meses e face a uma subida esperada para -5,9.
As vendas a retalho, o indicador em destaque desta semana, caíram pelo segundo mês consecutivo. Foram ligeiramente mais fracas do que o esperado em relação ao mês anterior, mas, na verdade, um pouco mais fortes do que o esperado quando se analisam as vendas do "grupo de controlo". Em Maio, os números mostraram uma queda de 0,9%, onde sem vendas automóveis caíram 0,3%, face a uma queda estimada de 0,6% para os primeiros e um crescimento de 0,1% para os segundos. Já o grupo de controlo mostrou um aumento de 0,4%, face a um aumento esperado de 0,3%, com o número do mês anterior a ser revisto em alta de -0,2% para -0,1%.
A produção industrial caiu 0.2% e os inventários empresariais estabilizaram.
O índice de mercado imobiliário NAHB caiu de 34 para 32, contra uma ligeira subida para 35 apontada pelo consenso do mercado. O início de construção de casas reduziu 9,8%, uma queda expressiva e bem maior do que a de 0,8% estimada, e onde as licenças de construção também mostraram uma queda de 2%, face a uma redução esperada de 1,5%.
Os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego ficaram em em torno das estimativas do mercado com 245 mil novos pedidos, após 250 mil revistos em alta da semana anterior.
A semana terminou com a divulgação do índice manufactureiro do Fed de Filadélfia que se manteve nos -4,0, face às estimativas de uma subida para -1,2.
Na Zona do Euro, as atenções foram especialmente para o índice alemão de confiança económica, numa semana bastante ligeira de indicadores económicos.
O ZEW, para a Zona Euro, mostrou uma subida do índice de 11,6 para 35,3, bem acima dos esperados 23,5 e o nível mais elevado dos últimos três meses. Na Alemanha o índice subiu de 25,2 para 47,5, o nível mais elevado desde Fevereiro de 2022, se retirarmos as leituras de Junho de 2024 e de Março deste ano.
Os números da conta corrente mostraram um excedente de 19,8 mil milhões de euros, bem abaixo dos 45,5 mil milhões esperados e dos 50,9 mil milhões de euros do mês anterior.
Os números finais da inflação do mês de Maio confirmaram as leituras preliminares, com a inflação total a 1,9% e a subjacente nos 2,3%.
Os mercados estiveram também atentos à divulgação do índice da confiança do consumidor do Eurostar, no último dia da semana, que se manteve nos -15, em linha com as estimativas e com o mês anterior.
Na Alemanha, o índice de preços do produtor de Maio, mostrou uma queda de 0,2%, ligeiramente melhor do que a esperada de 0,3% e após os -0,6% do mês de Abril.
No Reino Unido, em termos de indicadores económicos, as atenções começaram por ir para os dados de Maio da inflação. Os preços, em termos mensais, registaram um aumento de 0,2%, em linha com as previsões. A inflação global anual caiu de 3,5% para 3,4%, também em linha com as estimativas, enquanto a inflação subjacente caiu mais do que o esperado, de 3,8% para 3,5%.
Os mercados estiveram também atentos aos dados das vendas a retalho que mostraram uma queda mensal de 2,7%, bem maior do que a estimada de 0,5%, com o aumento do mês anterior a ser revisto em alta de 0,1% para 1,3%.
Tivemos ainda, logo no início da semana, o índice de preços das casas do Rightmove, que mostrou uma queda de 0,3%, após o aumento de 0,6% no mês anterior, enquanto no último dia da semana a divulgação do índice da confiança do consumidor GfK subiu de -20 para -18, ficando acima dos -19 esperados.
No Canadá as atenções recaíram principalmente nos números das vendas a retalho divulgados no último dia da semana. As vendas em Abril aumentaram 0,3%, abaixo das previsões que apontavam para 0,5%, desacelerando do aumento de 0,8% do mês anterior. Sem as vendas automóveis, as vendas caíram 0,3%, um pouco mais do que a queda estimada de 0,2%, mas melhor do que a queda revista em alta de 0,8% no mês de Março. Os dados preliminares de Maio mostraram uma queda inesperada de 1,1%, contrariando as estimativas que apontavam para um aumento de 0,3%.
Tivemos ainda dados do mercado imobiliário, com os números do início de construção de casas que se mantiveram em máximos dos últimos dois anos, em 280 mil.
Na Suíça tivemos a divulgação do índice de preços no produtor, que mostrou uma queda mensal de 0,5%, levando a medida anual a cair de -0,6% para -0,7%. Tivemos também os números da balança comercial que mostraram um excedente de 3,83 mil milhões de francos suíços, ficando bem abaixo dos 5,85 mil milhões previstos e dos 6,33 mil milhões do mês anterior.
Na China, logo no início da semana, foram divulgados um conjunto interessante de dados económicos relativos ao mês de Maio.
A queda dos preços das casas novas acelerou em termos mensais, com o índice a cair 0,22%, após a queda de 0,12% no mês anterior. Em termos anuais os preços mostram agora uma queda de 3,5%, face aos -4,3% estimados e aos 4% do mês anterior.
Os dados da produção industrial mostraram um crescimento de 5,8%, ligeiramente abaixo dos 5,9% estimados e dos 6,1% do mês anterior.
Os números das vendas a retalho subiram muito mais do que o esperado, de 5,1% em termos homólogos para 6,4%, face a um aumento previsto de 4,9%.
Já os investimentos em activos fixos aumentaram 3,7%, ficando abaixo das expectativas e do crescimento do mês anterior de 4,0%.
Por fim, a taxa de desemprego caiu de 5,1%, para 5%, melhorando as estimativas que apontavam para se manter nos 5,1%.
No Japão foi uma semana ligeira de indicadores económicos, com o destaque a ir para os dados da inflação de Maio. Em termos mensais, os preços subiram 0,3%, acima dos 0,1% estimados, com a medida anual global a cair de 3,6% para 3,5%, contrariando as estimativas de se manter nos 3,6%. A medida sem alimentos frescos, a mais observada pelo Banco do Japão, surpreendeu os mercados ao subir de 3,5% para 3,7%, acima dos 3,6% previstos.
Tivemos também a divulgação das encomendas de maquinaria excluindo navios e centrais energéticas de Abril, que mostraram uma redução mensal de 9,1%, melhor que os 9,6% estimados e após o aumento de 13% no mês de Março.
E ainda, os números da balança comercial de Maio, que apresentaram um défice de 310 mil milhões de ienes, face a previsões de 380 mil milhões de ienes e após o défice de 350 mil milhões em Abril, revistos em baixa.
Na Nova Zelândia o destaque da semana foi para a divulgação do PIB do primeiro trimestre, que mostrou um crescimento trimestral de 0,8%, acima dos esperados 0,7%, mas com o número do trimestre anterior a ser revisto em baixo de 0,7% para 0,5%. A medida anual mostrou uma contracção de 0,7%, ligeiramente acima dos 0,7% estimados, com o número do último trimestre de 2024 a ser revisto de -1,1% para -1,3%.
A semana começou com o índice de serviços BusinessNZ a cair inesperadamente de 48,5 para 44, face a uma subida esperada para 48,6.
Já o índice de confiança do consumidor da Westpac subiu de 89,2 para 91,2, tendo ainda assim ficado abaixo dos 91,5 esperados.
Tivemos ainda os números da conta corrente do primeiro trimestre, que mostraram um défice de 2,32 mil milhões de dólares neozelandeses, superior aos 2,2 mil milhões previstos e após o défice anterior estimado de 6,80 mil milhões de dólares neozelandeses.
Na Austrália, os olhos estiveram postos nos dados do mercado de trabalho do mês de Maio.
A taxa de desemprego manteve-se nos 4,1%, com a taxa de participação a registar uma ligeira queda de 67,1% para 67%, em linha com as estimativas do mercado. A variação de emprego mostrou uma redução de 2500 novos postos de trabalho, face a previsões que apontavam para um aumento de 15 mil, em que os empregos a tempo parcial reduziram em 41,2 mil e a tempo inteiro aumentaram em 38,7 mil.
Mercados accionistas
As incertezas provocadas pelo agravamento do conflito no Médio Oriente, especialmente entre Israel e o Irão, condicionaram o comportamento dos mercados accionistas ao longo da semana. A postura ambígua dos Estados Unidos, ora sinalizando abertura à diplomacia, ora admitindo uma possível intervenção militar, aumentou a incerteza entre os investidores, dificultando uma direcção clara nos principais índices bolsistas. Neste contexto, os participantes do mercado mantiveram uma atitude de cautela, reavaliando o prémio de risco geopolítico num ambiente já marcado por tensões elevadas. A valorização dos preços da energia, impulsionada pelo receio de disrupções no fornecimento global, reforçou as preocupações com potenciais pressões inflacionistas adicionais, ao mesmo tempo que reacenderam os receios de perturbações nas cadeias de abastecimento internacionais. Este cenário contribuiu para uma maior volatilidade e para um clima geral de prudência nos mercados financeiros.
Na Ásia, a semana foi marcada por desempenhos díspares nos mercados accionistas. No Japão, os investidores mostraram algum optimismo, com o índice Nikkei a subir 1,50% e o Topix a avançar 0,54%, beneficiando de dados económicos positivos e de um iene mais fraco. Na Coreia do Sul, o Kospi destacou-se pela positiva, registando um ganho expressivo de 4,40%, impulsionado sobretudo pelo desempenho das empresas tecnológicas. Em contraciclo, o mercado australiano recuou, com o ASX 200 a perder 0,49%. Na China continental, os principais índices fecharam em queda, o CSI 300 recuou 0,45% e o Shanghai Composite 0,51%, enquanto em Hong Kong, o índice Hang Seng liderou as perdas na região, caindo 1,52%. Na Índia, o sentimento foi mais positivo, com os principais índices a registarem um ganho de 1,29%.
Na Europa, prevaleceu um tom negativo, com quedas generalizadas nos principais mercados bolsistas. O índice Euro Stoxx 600 recuou 1,54% e o Euro Stoxx 50 caiu 1,03%, refletindo o aumento das incertezas geopolíticas. Na Alemanha, o DAX cedeu 0,70%, enquanto em França, o CAC 40 desvalorizou 1,24%. No Reino Unido, o FTSE 100 caiu 0,86%. Em Portugal, o índice PSI acompanhou a tendência europeia, fechando a semana com uma perda de 0,41%.
Nos Estados Unidos, a semana foi de relativa estabilidade nos principais índices de Wall Street. O Dow Jones terminou praticamente inalterado, com uma ligeira valorização de 0,02%. O S&P 500 registou uma queda marginal de 0,15%, enquanto o Nasdaq avançou 0,21%. O mercado continua a equilibrar sinais de abrandamento económico com expectativas em torno da política monetária da Reserva Federal.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Mercado cambial
A situação no Médio Oriente foi o principal motor dos mercados financeiros durante esta semana, e tal também foi reflectido no mercado cambial. O abrandamento das tensões e da crispação entre Irão e Israel, onde pelo meio fomos vendo os avanços e recuos norte-americanos, determinaram um arrefecimento das tensões geopolíticas, o que levou a algum suporte ao risco dos mercados, com o respectivo recuo na volatilidade dos mercados.
Os ganhos do petróleo suportaram uma ligeira recuperação do dólar norte-americano durante esta semana, onde os receios de uma disrupção da oferta de crude manteve os mercados em alerta. A reunião do Fed, um pouco mais “hawkish” do que o esperado pelos mercados, impulsionou também a moeda norte-americana. O índice do dólar, DXY, recuperou dos mínimos da semana passada, perto de 97,00, para voltar a negociar bem acima de 98,00 (98,70) e terminar em torno de 98,30.
O euro continuou a sua tendência ascendente, suportada por um papel de divisa de refúgio atribuído pelo próprio mercado, devido à sua elevada liquidez. Em termos técnicos, a vela desta semana do EUR/USD configura, no entanto um padrão de indecisão, um doji, com o preço a terminar em torno dos níveis de início da semana (1,1525), com o preço a ficar contido entre um máximo de 1,1615 e um mínimo de 1,1446.
Dados económicos que desiludiram os mercados, a iinflação ligeiramente abaixo das estimativas e ainda as vendas a retalho bem abaixo das previsões, levaram a pressões sobre a libra, que continuou ainda a sofrer devido ao sentimento de incerteza nos mercados cambiais.
O Banco de Inglaterra manteve as suas taxas de juro inalteradas, tal como esperado pelos mercados, mas os três votos para baixar as taxas nesta reunião de Junho, colocou os mercados a esperarem pela possibilidade de verem um corte na próxima reunião, levando pressão adicional à libra.
O GBP/USD caiu do nível de abertura a 1,3565 e de máximos de 1,3623, para terminar a 1,3449, tendo registado um mínimo de 1,3383. O EUR/GBP começou a semana em mínimos de 0,8500, para terminar em máximos a 0,8567.
O franco suíço, recuou esta semana dos recentes máximos, pressionado por um sentimento de risco dos mercados financeiros a recuperar e pelo corte do Banco Nacional da Suíça para terreno neutro (0%).
O índice suíço perdeu cerca de 0,60% esta semana. O USD/CHF subiu de um mínimo de 0,8089 até um máximo de 0,8215, tendo terminado a semana a negociar a 0,8180. O EUR/CHF terminou a semana em máximos de mais de dois meses, a 0,9426, depois de a iniciar perto de mínimos a 0,9369.
O iene japonês seguiu a negociar pressionado durante esta semana, com o sentimento de risco dos mercados accionistas a melhorar, em simultâneo com um Banco do Japão um pouco mais “dovish” do que o esperado.
O USD/JPY terminou a semana a negociar em máximos acima de 146,00, após ter começado a semana a negociar em torno de 144,00 e ter registado um mínimo de 143,65. O EUR/JPY terminou em máximos de um ano acima de 168,00 (168,40), depois de ter começado a semana a 166,15, perto dos mínimos da semana.
As moedas nórdicas foram as mais penalizadas esta semana, pressionadas tanto pelas incertezas geopolíticas como pelas reduções de taxas dos respectivos bancos centrais.
A coroa norueguesa, nem mesmo o suporte dado pelos preços do petróleo em alta, conseguiu evitar perdas em torno de 2% na semana, após o corte de taxa de juro inesperado do Norges Bank. O USD/NOK, que começou a semana em mínimos de mais de dois anos a 9,90, terminou em máximos a 10,11, enquanto o EUR/NOK terminou a semana a 11,65, depois de ter começado em torno dos mínimos dos últimos dois meses a 11,40.
A coroa sueca perdeu esta semana também cerca de 2%, após o corte de 25 pontos base do Riksbank, não totalmente esperado pelos mercados. O EUR/SEK subiu de mínimos a 10,92 para máximos de 11,15 e o USD/SEK, que na semana passada atingiu um mínimo de mais de três anos a 9,38, terminou esta semana a 9,68, depois de ter começado a 9,49.
Os mercados emergentes seguiram relativamente tranquilos esta semana.
O peso mexicano destacou-se pela negativa, sendo a divisa de economia emergente que mais perdeu esta semana. Um pouco mais de 1% face ao dólar e 0,85% face ao euro. O USD/MXN que começou a semana a negociar a 18,95 e chegou a atingir um mínimo dos últimos dez meses a 18,83, terminou perto de máximos da semana de 19,20, tal como o EUR/MXN que começou a semana a negociar a 21,81 e terminou a 22,10.
O real brasileiro registou ganhos esta semana, após novo aumento da sua taxa Selic, colocando-a num máximo dos últimos 19 anos. Ganhou cerca de 0,50% face ao dólar e de 0,81% face ao euro.
Já a lira turca continua a desvalorizar, apesar do seu banco central ter mantido a sua taxa directora nos 46%. O USD/TRY atingiu a marca das 40 liras por dólar pela primeira vez de sempre e o EUR/TRY o das 46 liras por euro.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Commodities
Petróleo
Os preços do petróleo continuaram esta semana a negociar em torno dos máximos atingidos logo no início do conflito aberto entre Israel e o Irão, no final da semana anterior. Os mercados continuam a descontar o risco de um alargamento do conflito que pode levar a uma séria disrupção na oferta de crude aos mercados internacionais. A volatilidade segue elevada, mas o conflito ao continuar contido durante esta semana, permitiu que os preços se mantivessem em torno dos actuais máximos, sem acelerar ainda mais o movimento ascendente dos preços das últimas semanas.
O Brent terminou a semana a negociar a $77,20 por barril, com a semana confinada entre um mínimo de $70,70 e um máximo de $79,00.
O WTI abriu a semana em máximos acima de $75,00 por barril, mas terminou ligeiramente a recuar desse nível, a $73,90 por barril, tendo ainda registado um mínimo de $67,90.
Gráfico Fonte XTB xStation 5
Ouro
Esta semana o preço do ouro registou uma descida moderada, acumulando uma perda semanal próxima de 2%. O metal precioso fechou a sexta-feira em torno dos 3 365 dólares por onça, afastando-se dos máximos recentes, num contexto de fortalecimento do dólar e expectativas revistas em relação à política monetária norte-americana.
Apesar de o ouro continuar a ser procurado como ativo de refúgio, a ausência de cortes iminentes nas taxas de juro por parte da Reserva Federal dos Estados Unidos contribuiu para reduzir a sua procura. O Fed manteve as taxas inalteradas esta semana, e o tom das declarações que se seguiram à reunião foi mais restritivo do que o esperado, indicando que o número de cortes previstos para este ano poderá ser inferior ao anteriormente antecipado.
Esta mudança de expectativa levou a uma valorização do dólar e a uma subida das taxas de juro reais, dois fatores que tradicionalmente penalizam o ouro, que não gera rendimento. Em paralelo, houve alguma realização de lucros por parte de investidores, sobretudo após as valorizações das semanas anteriores.
Ainda assim, o ouro manteve-se relativamente sustentado por factores de risco geopolítico, nomeadamente a instabilidade no Médio Oriente, que continua a alimentar alguma procura por activos considerados seguros. Analistas referem que a zona entre os 3 300 e os 3 350 dólares por onça continua a oferecer suporte técnico relevante, sendo improvável uma correção mais profunda enquanto persistirem incertezas no panorama internacional.
Em resumo, apesar da queda registada ao longo da semana, o ouro mantém uma base sólida sustentada por riscos globais e pela cautela dos investidores. O comportamento futuro do metal dependerá em grande parte da evolução da política monetária do Fed e da estabilidade geopolítica.
Gráfico Fonte XTB xStation 5