A semana que começa
Médio Oriente, PMIs e Jerome Powell

As atenções irão estar na evolução dos acontecimentos no Médio Oriente, mas os mercados irão estar também atentos a dados económicos e às palavras de Jerome Powell no Congresso dos Estados Unidos
A instabilidade no Médio Oriente agrava-se após ataque norte-americano a instalações nucleares iranianas
A instabilidade no Médio Oriente continua a ser um factor de elevada incerteza nos mercados financeiros globais. Na madrugada deste domingo, os Estados Unidos lançaram ataques aéreos contra instalações nucleares iranianas em Fordow, Natanz e Esfahan, num momento em que as tensões entre Israel e o Irão já se encontravam em níveis críticos.
Este desenvolvimento representa uma escalada significativa no conflito e aumenta o risco de uma resposta militar directa por parte do Irão ou dos seus aliados regionais. A possibilidade de alastramento do conflito para outros países do Golfo ou do Levante torna-se agora mais real, intensificando os receios de disrupções severas no fornecimento energético global, nomeadamente petróleo e gás natural.
Os mercados deverão reagir com nervosismo perante este cenário, ponderando as consequências económicas de um agravamento das hostilidades. Espera-se que o prémio de risco suba, pressionando os activos mais voláteis, ao mesmo tempo que os preços da energia poderão disparar, alimentando pressões inflacionistas.
O foco dos mercados nos próximos dias estará centrado na resposta iraniana e nas declarações de líderes internacionais.
PMIs e outros Indicadores económicos
Para além da geopolítica, os investidores estarão atentos a um conjunto de dados económicos relevantes.
Logo no início da semana serão os dados da actividade económica privada que irão estar no foco dos investidores, desde a Ásia aos Estados Unidos, com os mercados especialmente atentos às informações sobre o desempenho na Zona Euro.
Para o final da semana são os dados da inflação que estarão no centro das atenções, onde iremos ter a medida preferida do Fed para a inflação e os índices de preços do consumidor de França e Espanha.
Powell e companhia
Após um período de silêncio que precedeu a reunião de política monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos, que neste mês de Junho de 2025 teve a divulgação dos “Summary of Economic Projections” iremos ter esta semana um número elevado de intervenções verbais dos diversos membros do FOMC, provavelmente justificando as suas projecções económicas e de taxas de juro.
Algumas intervenções já começaram no final da semana passada, nomeadamente a do influente Christopher Waller, que surpreendeu ao mostrar uma faceta mais “dovish”, apontando para a possibilidade de um corte de taxas já em Julho.
A intervenção mais esperada desta semana será a de Jerome Powell no Congresso norte-americano. Irá testemunhar, na terça-feira, perante a Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes e no dia seguinte perante o Comité do Senado para a Banca, Habitação e Assuntos Urbanos, no âmbito da apresentação semestral do Relatório de Política Monetária.
Num ambiente altamente partidário, enfrentará críticas de alguns membros do Partido Republicano por não cortar as taxas de juro, alinhados com as opiniões do Presidente Trump. Powell, irá provavelmente enfatizar a importância da independência do Fed e que, em tempos económicos e políticos incertos, serão os dados que determinarão o caminho a seguir para as taxas de juro.
Na passada semana, após ter mantido as taxas inalteradas, Jerome Powell recebeu mais um forte ataque de Donald Trump, com insultos e ameaças de despedimento (apesar de ter anteriormente afastado essa hipótese). Os rumores apontam para que Christopher Waller possa estar numa “short list” de substitutos de Powell.
China avalia novas medidas económicas e de segurança em reunião parlamentar chave
Esta semana, o Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da China irá realizar uma reunião decisiva num momento sensível para a economia chinesa. Os trabalhos deverão focar-se em três áreas principais: estímulos económicos para impulsionar o consumo e apoiar sectores estratégicos como a tecnologia verde e os semicondutores; reforço do controlo sobre plataformas digitais e inteligência artificial, no âmbito da política de segurança nacional; e eventuais medidas face às crescentes tensões comerciais com os Estados Unidos e a União Europeia.
Também deverão ser discutidas questões sociais, como o envelhecimento populacional e o desemprego jovem, com possíveis ajustes em áreas como a segurança social e a formação profissional. Qualquer anúncio de estímulo poderá ter impacto nos mercados, nomeadamente nas bolsas asiáticas. Tudo aponta para a continuação de uma linha política centralizada, com forte controlo estatal sobre a economia e a sociedade.
Dados Económicos
Estados Unidos da América
Uma semana bem composta de indicadores económicos relevantes, que começa com os dados da actividade económica privada do S&P global.
Depois da subida do mês passado do índice PMI Composto para 53, as estimativas apontam para que neste mês de Junho o índice recue ligeiramente para 52,5. A actividade manufactureira, segundo o consenso, deverá recuar de 52,0 para 51,1 e o sector de serviços de 53,7 para 52,9.
As atenções irão também para o último dia da semana com a divulgação da medida preferida do Fed para a inflação, o core PCE price index. As previsões apontam para que o índice em termos mensais deva mostrar um aumento de 0,1%, em linha com o mês anterior, com a medida anual a subir de 2,5% para 2,6%. O índice PCE em termos anuais deverá subir de 2,1% para 2,2%.
Mas há bastante mais esta semana.
Do mercado imobiliário começamos com as vendas existentes de casas, onde as previsões apontam para uma redução de 1,3%, acelerando a redução do mês anterior de 0,5%. As vendas de casas novas, após o aumento de 10,9% em Abril, deverão em Maio mostrar uma queda de 5,8%. As vendas pendentes de casas deverão registar um ligeiro aumento de 0,1%, após a queda de 6,3% no mês anterior. O índice do preço das casas da S&P/Case Shiller deverá mostrar um aumento de 4,2%, ligeiramente acima dos 4,1% do mês anterior.
O índice manufactureiro de Richmond deverá mostrar uma ligeira subida de -9 para -7.
Iremos ter o índice de confiança do consumidor da Conference Board, com o consenso a apontar para uma subida de 98,0 para 99,1.
Teremos a leitura final do PIB do primeiro trimestre, que deverá confirmar a contracção da economia norte-americana de 0,2% no período.
Os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego deverão continuar a ficar em torno dos recentes níveis a 245 mil.
Iremos ter os números das encomendas de bens duradouros, que após a redução de 6,3% em Abril, deverão em Maio mostrar um aumento de 6,8%. Se retiradas as encomendas de transportes, deverão crescer uns modestos 0,1%.
A balança comercial de bens de Maio deverá mostrar um défice de 91,9 mil milhões de dólares, aumentando o défice do mês anterior de 87 mil milhões.
No último dia da semana teremos ainda, além da medida preferida do Fed para a inflação, os dados do rendimento pessoal, que deverá mostrar uma desaceleração dos 0,8% do mês anterior, para um crescimento de 0,2%, enquanto os dados das despesas pessoais deverão manter o crescimento de 0,2%, em linha com o mês anterior.
Teremos finalmente os dados revistos da Universidade de Michigan da confiança do consumidor e das suas expectativas de inflação.
Zona Euro
A semana começa com o índice PMI de actividade económica privada.
Os dados de França e da Alemanha serão os primeiros a ser conhecidos, com as estimativas a apontarem para um ligeiro crescimento dos índices compostos, mas a manterem-se em terreno de contracção. A actividade manufactureira em França deverá manter-se (49,8) e na Alemanha registar uma ligeira subida de 48,3 para 48,9, o mesmo se espera do sector de serviços, que deverá crescer em França de 48,9 para 49,2 e na Alemanha de 47,1 para 47,8.
No agregado da Zona Euro, as estimativas apontam para uma subida de 50,2 para 50,5 do índice composto, onde a actividade manufactureira deverá mostrar uma ligeira subida de 49,4 para 49,6, mantendo-se em contracção, e a de serviços uma subida de 49,7 para 50,0, ficando em cima da linha que separa a contracção da expansão.
Na terça-feira, iremos ter o índice de confiança empresarial IFO que, segundo as estimativas, deverá mostrar o sexto mês consecutivo de ganhos, subindo desta vez de 87,5 para 88,2.
Na quinta-feira teremos o índice de confiança do consumidor alemão da GfK, com o consenso a apontar para uma subida de -19,9 para -19,0.
No último dia da semana iremos ter os dados preliminares da inflação de Junho em França e em Espanha. Os preços em termos mensais em França deverão mostrar um aumento de 0,2%, após a contracção em Maio de 0,1%, com a inflação em termos anuais a subir de 0,7% para 0,9%. Em Espanha, a inflação deverá manter-se nos 2%, com os preços em termos mensais a acelerarem dos 0,1% do mês anterior, para 0,4%.
Reino Unido
Também por aqui o destaque vai para os PMI, onde as estimativas apontam para se manter em expansão, com uma ligeira subida do índice composto de 50,3 para 50,4. A actividade manufactureira deverá mostrar uma subida de 46,4 para 46,9, continuando em contracção, enquanto a actividade de serviços deverá mostrar um crescimento de 50,9 para 51,5, mantendo-se em expansão.
Iremos ter também as expectativas de encomendas industriais CBI, com previsões de uma subida de -30 para -28, e ainda o índice CBI Realized Sales que deverá subir de -27 para -24.
Canadá
As atenções do mercado estarão esta semana nos dados da inflação de Maio. Os preços em termos mensais deverão mostrar um aumento de 0,5%, com a inflação a cair de 1,7% para 1,5%. Sem alimentos nem energia, a inflação deverá subir de 2,5% para 2,6%. A medida seguida mais de perto pelo Banco do Canadá, sem 40% dos itens mais voláteis, deverá, segundo as previsões, cair de 3,1% para 2,9%, com a mediana a recuar de 3,2% para 3%.
No último dia da semana, os mercados terão os dados mensais do PIB, onde em Abril é esperada que se mantenha com um crescimento de 0,1%, com os números preliminares de Maio a poderem mostrar uma contracção de 0,1%.
Suíça
Uma semana praticamente vazia de indicadores económicos, onde teremos o índice de confiança económica UBS, com o consenso a apontar para uma subida de -22 para -17.
China
Iremos ter os números do investimento estrangeiro directo do mês de Maio, que no mês de Abril mostrou uma queda de 10,9%, e ainda os números dos lucros industriais, onde as estimativas apontam para uma aceleração do aumento do mês de Abril de 1,4% para 1,5% em Maio.
Japão
Por aqui, o destaque vai também para os dados da inflação, com a divulgação dos números da inflação de Tóquio no último dia da semana. Deverão mostrar um crescimento de 3,4% para 3,5%, onde sem os alimentos frescos (a medida seguida mais de perto pelo Banco do Japão) deverá cair de 2,1% para 1,9%.
A semana começa com os dados dos PMI, onde o índice composto deverá mostrar, segundo as estimativas, uma subida de 50,2 para 50,7 e manter-se em expansão, com o sector industrial a ficar em contracção, mas subindo de 49,4 para 49,5, enquanto a actividade de serviços deverá subir de 51 para 51,5.
No último dia da semana iremos ter ainda dados do emprego e do consumo.
A taxa de desemprego deverá permanecer nos 2,5% e as vendas a retalho, segundo as previsões, deverão aumentar 2,4%, desacelerando do crescimento do mês anterior de 3,3%.
Nova Zelândia
Por aqui teremos os números da balança comercial de Maio, que deverá mostrar um excedente de 1060 milhões de dólares neozelandeses, abaixo dos 1426 milhões do mês anterior.
Austrália
A semana começará com dados dos PMI. O índice composto, segundo as estimativas, deverá mostrar um recuo de 50,5 para 50,2, mas mantendo-se em expansão, com a actividade industrial a baixar de 51 para 50,5 e o sector de serviços de 50,6 para 50,1.
A semana terminará com os dados mensais da inflação, onde as previsões apontam para que em Maio se mantenha nos 2,4%.
Bancos Centrais
O Banco do México
Após ter reduzido a sua taxa directora de juros desde oa 10% no início deste ano, até aos actuais 8,5%, o banco central mexicano deverá esta semana manter inalterada a sua política monetária.