Semana Revista
Médio Oriente, Fed e o dólar

Semana Revista Médio Oriente, Fed e o dólar

Uma semana com relevantes dados económicos, mas onde o cessar-fogo entre o Irão e Israel voltou a acalmar os mercados financeiros, suportando ganhos accionistas, enquanto pressionou o petróleo e o dólar.

Tão inesperadamente como o ataque de Israel ao Irão e a escalada do conflito com a entrada em cena dos Estados Unidos, chegou um cessar-fogo entre as partes, trazendo de volta a confiança aos investidores.
A independência do Fed voltou ao centro das atenções, o dólar à sua tendência de desvalorização e o petróleo caiu para os níveis onde se encontrava antes do conflito.




O conflito entre Israel e o Irão entrou numa fase de acalmia, com uma trégua que, para já, parece manter-se. Esta evolução ajudou a aliviar os receios nos mercados financeiros quanto à possibilidade de o Irão tentar perturbar o fornecimento global de energia através de bloqueios no Estreito de Ormuz. Como reflexo, o preço do petróleo recuou cerca de 15% face ao pico da semana passada, regressando a níveis semelhantes aos registados antes do ataque aéreo surpresa de Israel. De forma geral, os mercados financeiros reagiram com relativa estabilidade à escalada do conflito, pelo que a resposta ao actual alívio das tensões tem sido igualmente contida.





Nos dados económicos, os PMIs da Zona Euro saíram ligeiramente abaixo do esperado, sugerindo que o crescimento do PIB terá abrandado no segundo trimestre, embora se mantenha em terreno positivo. Em contrapartida, os primeiros dados de inflação de Junho, em Espanha e França, ficaram ligeiramente acima das previsões. Nos Estados Unidos, os PMIs continuam a mostrar um desempenho superior ao europeu, apontando para uma recuperação do PIB no segundo trimestre, após a queda registada no início do ano. Já a confiança dos consumidores desiludiu em Junho, com uma descida na percentagem de americanos que consideram haver abundância de emprego, um sinal que, historicamente, tem antecedido um enfraquecimento do mercado laboral. Com as expectativas de inflação também a recuar, o sentimento nos mercados reforça o cenário de cortes nas taxas de juro por parte do Fed nos próximos meses.





Foi mais uma semana de pressão para Jerome Powell e para a independência da Reserva Federal dos Estados Unidos.

A Reserva Federal dos Estados Unidos voltou a ser foco de atenção esta semana, com várias declarações de membros do comité de política monetária (FOMC) e do próprio presidente Jerome Powell, que reforçaram o tom prudente face a cortes imediatos nas taxas de juro. Apesar das crescentes pressões políticas e de mercado, o banco central norte-americano continua a sinalizar que prefere aguardar por dados mais claros antes de ajustar a sua política monetária.

Powell, em audições no Congresso e no Senado, destacou que a inflação permanece uma preocupação, sobretudo devido ao impacto potencial das novas tarifas comerciais, e insistiu na necessidade de cautela para evitar uma subida persistente dos preços. As taxas de juro de referência mantêm-se assim no intervalo restritivo de 4,25% a 4,5%, com o presidente do Fed a indicar que apenas uma combinação de inflação mais baixa e uma deterioração mais evidente no mercado laboral poderá antecipar um corte.

Ao longo da semana, vários responsáveis da Fed reforçaram esta linha de prudência. Neel Kashkari sublinhou que o banco central precisa de maior clareza sobre os efeitos das tarifas nos preços antes de alterar o rumo da política monetária, apesar dos últimos dados de inflação terem sido “bastante positivos”. John Williams considerou “totalmente apropriado” manter as taxas inalteradas enquanto se avalia o impacto completo das políticas comerciais sobre o emprego e a inflação. Também Jeff Schmid defendeu que é sensato esperar para ver como as tarifas e outras medidas irão afetar a economia antes de tomar novas decisões sobre as taxas.

Ainda assim, as opiniões no seio do FOMC não são unânimes. Michelle Bowman e Christopher Waller expressaram maior abertura a um corte já em Julho, citando riscos no mercado de trabalho e um impacto limitado das tarifas na inflação, enquanto outros membros, como Susan Collins, consideram que cortes apenas fariam sentido mais para o Outono. Mary Daly, por sua vez, apontou que as novas tarifas não deverão gerar um surto inflacionista prolongado, o que poderá permitir algum alívio monetário mais à frente. Já Thomas Barkin alertou para o risco de pressão inflacionista associada ao aumento das tarifas, realçando a incerteza e a necessidade de flexibilidade.

Num contexto de elevada incerteza, o Presidente Donald Trump intensificou os apelos públicos a cortes de juros e voltou a admitir que poderá antecipar a nomeação de um novo presidente para o Fed, apesar de o mandato de Jerome Powell só terminar em Maio de 2026. Este cenário reforça o debate sobre a independência da Reserva Federal, um princípio essencial para a credibilidade da política monetária dos Estados Unidos.
Por seu lado, os mercados passaram a descontar dois cortes de taxas até ao final do ano, e já consideram possível um terceiro, num claro ajustamento face às previsões de há poucas semanas.



Dados Económicos




Nos Estados Unidos, tivemos bastantes pontos de interesse na agenda económica desta semana.
Começamos logo no primeiro dia com os dados da actividade económica privada do S&P global que se mostraram ligeiramente acima das estimativas do mercado. O índice PMI composto recuou de 53 para 52,8, mas ficou acima do consenso do mercado de 52,5. A actividade manufactureira manteve-se nos 52,0, acima dos 51,1 esperados pelo mercado e o índice de serviços caiu de 53,7 para 53,1, também acima das estimativas de 52,9.
Os dados do mercado imobiliário começaram com a divulgação das vendas de casas existentes que subiram inesperadamente 0,8%, enquanto as previsões apontavam para uma queda de 1,3%. Já as vendas de casas novas mostraram uma queda de 13,7%, despontando os mercados que esperavam por uma queda de 5,8%, após o aumento de 10,9% em Abril. As vendas pendentes de casas superaram as expectativas do mercado aumentando 1,8%, bem acima do aumento ligeiro esperado de 0,1%, mais do que recuperando da queda de 0,5%, revista em baixo, do mês anterior. O índice do preço das casas da S&P/Case Shiller mostrou um aumento de 3,4%, bem abaixo dos 4% estimados e dos 4,1% do mês anterior.
O índice de confiança do consumidor da Conference Board desiludiu os mercados ao cair de 98,4 (revistos em alta) para 93,0, contrariando as estimativas do mercado que esperavam ver uma subida para 99,1.
Já o índice manufactureiro de Richmond subiu de -9 para -7, em linha com as estimativas do mercado.
Os números finais do PIB desiludiram os mercados, mostrando que a economia norte-americana contraiu no primeiro trimestre 0,5%, bem mais do que os números preliminares que mostraram uma queda de 0,2%.
A balança comercial de bens de Maio apresentou um défice de 96,6 mil milhões de dólares, acima dos 91,9 mil milhões estimados, aumentando o défice do mês anterior de 87 mil milhões de dólares.
Já os habituais números semanais de novos pedidos de subsídio de desemprego caíram dos 246 mil da semana anterior para 236 mil, o número mais baixo das últimas quatro semanas.
As encomendas de bens duradouros superaram as estimativas do mercado, aumentando 16,4%, bem acima dos 6,8% esperados e mais do que recuperando da queda do mês anterior, revista em baixo, de 6,6%. Sem as encomendas de transportes, as encomendas aumentaram 0,5%, mais do que os 0,1% previstos, e do mês anterior.
O destaque da semana esteve reservado para o último dia, com a divulgação da medida de inflação preferida do Fed, o Core PCE Price Index. Em termos mensais o índice subiu 0,2%, ligeiramente acima dos 0,1% estimados, com a medida anual a subir de 2,6% do mês anterior, revisto em alta, para 2,7%, ficando acima das estimativas de 2,6%. O índice PCE do mês anterior foi também revisto em alta para 2,2% e a medida deste mês subir para 2,3%, acima dos 2,2% previstos pelo mercado.
Os dados das despesas pessoais mostraram uma redução de 0,1%, face a um crescimento esperado, igual ao do mês anterior de 0,2%. Os rendimentos pessoais caíram inesperadamente 0,4% em Maio, face a estimativas de um aumento de 0,2%, com o crescimento do mês de Abril a ser revisto em baixo para 0,7%.
Por fim, tivemos a revisão dos dados da Universidade de Michigan. O índice da confiança do consumidor foi revisto ligeiramente em alta, de 60,5 para 60,7, enquanto as expectativas de inflação foram revistas em baixo. No curto prazo, foi revista de 5,1% para 5,0% e no prazo mais longo de 4,1% para 4,0%.

Na Zona do Euro as atenções estavam dirigidas especialmente para os dados de actividade económica privada (PMI), que foram divulgados logo no início da semana, saindo ligeiramente abaixo das estimativas do mercado.
O índice PMI composto da Zona Euro manteve-se nos 50,2, abaixo dos 50,5 estimados, onde o índice da actividade manufactureira a manter-se nos 49,4 (face a 49,6 esperado) e o sector de serviços a subir de 49,7 para 50, bem em linha com as estimativas.
Antes, os dados das duas principais economias da Zona Euro tinham mostrado caminhos diferentes. Em França, o índice composto caiu de 49,3 para 48,5, onde tanto o sector industrial como o de serviços recuaram. O primeiro de 49,8 para 47,8 e o segundo de 48,9 para 48,7, ambos abaixo das estimativas do mercado. Na Alemanha, o índice composto subiu de 48,5 para 50,4, bem acima de estimativas que apontavam para 49,0, e onde tanto o sector de serviços como o manufactureiro apresentaram subidas acima do esperado, de 47,1 para 49,4 e de 48,3 para 49,0, respectivamente.
No dia seguinte, o índice alemão de confiança empresarial IFO subiu pelo sexto mês consecutivo, superando as estimativas do mercado. O índice subiu de 87,5 para 88,4, ficando ligeiramente acima dos 88,2 esperados.
Já o índice de confiança do consumidor alemão da GfK caiu inesperadamente de -20 (revisto em alta) para -20,3, quando o consenso apontava para uma subida para 19,0.
Finalmente, no último dia da semana, tivemos os primeiros dados da inflação de duas das maiores economias da União Europeia, França e Espanha. Em França, os preços no mês de Junho subiram 0,3%, acima dos 0,2% estimados, após a contracção no mês anterior de 0,1%, com a inflação anual a subir de 0,7% para 0,9%, em linha com as estimativas do mercado. Em Espanha, a inflação subiu de 2% para 2,2%, face a previsões de se manter nos 2%, com os preços em termos mensais a subirem 0,6%, acima dos 0,4% esperados e acelerando o aumento de 0,1% do mês anterior.

No Reino Unido, foram também os dados da actividade económica privada que maior atenção mereceram por parte dos mercados.
O índice composto subiu de 50,3 para 50,7, superando as estimativas que apontavam para 50,4. A actividade manufactureira continua em contracção, mas o índice mostrou uma subida de 46,4 para 47,7, bem acima dos 46,9 esperados, enquanto o índice do sector de serviços subiu de 50,9 para 51,3, ficando abaixo das estimativas de 51,5, mas segue em expansão.
O índice da expectativa de encomendas industriais CBI caiu inesperadamente de -30 para -33, face a uma subida esperada para -28, tal como o índice CBI Realized Sales que afundou de -27 para -46, quando o mercado esperava por uma ligeira subida para -24.

No Canadá os olhos estiveram colocados nos dados da inflação do mês de Maio.
Em termos mensais os preços aumentaram 0,6%, acima das previsões que apontavam para 0,5%, onde a inflação anual se manteve nos 1,7%, acima dos 1,5% estimados. Sem alimentos nem energia, a inflação manteve-se a 2,5%, abaixo das previsões de uma subida para 2,6%. A medida seguida mais de perto pelo Banco do Canadá, que exclui 40% dos itens mais voláteis, caiu de 3,1% para 3,0%, contra estimativas de 2,9%, com a mediana a recuar de 3,1% (revista em baixo do mês passado) para 3%.
No último dia da semana tivemos os dados mensais do PIB. Os números de Abril mostraram uma inesperada contracção de 0,1%, face a previsões de um crescimento de igual valor, com os dados preliminares de Maio a mostrarem também uma contracção de 0,1%, em linha com as estimativas do mercado.

Na Suíça, o índice de confiança económica UBS surpreendeu os mercados ao subir este mês de -22 para -2,1, bem acima das expectativas de -17.

Na China tivemos os números dos lucros industriais, que mostraram uma queda inesperada de 1,1%, após um aumento de 1,4% no mês anterior e de estimativas que apontavam para um aumento de 1,5%.

No Japão as atenções da semana estiveram nos dados da inflação de Tóquio, divulgados no último dia da semana. A inflação caiu inesperadamente de 3,4% para 3,1%, face a uma subida estimada para 3,5%, com a inflação sem os alimentos frescos a cair de 3,6% para 3,1%, uma queda maior do que a estimada para 3,3%.
No início da semana, os dados dos PMI mostraram um aumento da actividade económica privada, com o índice composto a subir de 50,2 para 51,4, acima dos 50,7 estimados, onde o sector industrial subiu de 49,4 para 50,4, acima dos esperados 50,7 e em terreno de expansão, e o PMI de serviços de 51 para 51,5, bem em linha com as estimativas do mercado.
A semana terminou com os dados do emprego, onde a taxa de desemprego permaneceu nos 2,5%, e com os números das vendas a retalho de Maio em termos anuais a mostrarem um aumento de 2,2%, abaixo dos 2,4% previstos e desacelerando do crescimento de 3,5%, revisto em alta, do mês anterior.

Na Nova Zelândia tivemos os números da balança comercial de Maio, que mostraram um excedente de 1235 milhões de dólares neozelandeses, acima dos 1060 milhões estimados, ligeiramente abaixo dos 1285 milhões de dólares neozelandeses, revistos em baixo, do mês anterior.

Na Austrália a semana começou com os dados dos PMI, onde o índice composto surpreendeu os mercados ao subir de 50,5 para 51,2, contra um recuou estimado para 50,2. O índice de actividade manufactureira manteve-se nos 51,0, face a estimativas que apontavam para um recuo para 50,5 e o índice de serviços subiu de 50,6 para 51,3, contrariando o consenso que indicava a possibilidade de um recuo para 50,1.
A semana terminou com a divulgação dos dados da inflação referentes ao mês de Maio que caiu de 2,4% para 2,1%, surpreendendo os mercados que esperavam por que se mantivesse nos 2,4%.



Os Bancos Centrais



O Banco do México reduziu a sua taxa de juro diretora em 50 pontos base, de 8,50% para 8%, numa votação que não teve unanimidade (4-1; voto dissidente a favor de manutenção da taxa directora). O banco central alterou a sua orientação futura, afirmando que irá avaliar novos ajustes em função dos dados. Em reuniões anteriores, o banco sugeriu cortes mais acomodatícios 50 pontos base. As recentes surpresas de subida da inflação, que levaram a revisões em alta na trajectória esperada do IPC, desencadearam a mudança de tom após 325 pontos base de reduções acumuladas da taxa de juro directora desde Março de 2024.



Mercados accionistas



Mercados accionistas globais recuperam com alívio geopolítico e sinais positivos no comércio internacional

Os mercados accionistas registaram uma recuperação generalizada esta semana, com o sentimento de risco a melhorar tanto na Europa como nos Estados Unidos e na Ásia. Vários factores, de natureza geopolítica, comercial e económica, estiveram na base deste maior apetite por activos de risco, apesar das incertezas que ainda persistem.

Um dos principais motores da melhoria do clima nos mercados foi o alívio das tensões no Médio Oriente. A trégua entre o Irão e Israel parece, para já, estar a ser respeitada, reduzindo os receios de perturbações no fornecimento global de energia. O preço do petróleo desceu cerca de 15% face ao pico da semana anterior, regressando a níveis próximos dos observados antes do ataque surpresa de Israel. Este movimento ajudou a aliviar pressões inflacionistas e reforçou o tom positivo nos mercados, em particular nos sectores mais sensíveis aos custos energéticos, como as companhias aéreas, o retalho e algumas indústrias transformadoras.

No plano comercial, as declarações do Secretário do Comércio dos Estados Unidos, confirmando o fecho do quadro comercial com a China e progressos nas negociações com outros dez parceiros, contribuíram para reduzir as incertezas em torno do comércio global. Embora os detalhes finais destes acordos ainda estejam por clarificar, e com alguns receios quanto aos quadros temporários que países como a União Europeia terão de seguir enquanto as negociações prosseguem, o tom construtivo apoiou o apetite pelo risco nas bolsas asiáticas, norte-americanas e europeias.

No capítulo económico, os dados divulgados nos Estados Unidos e na Europa foram mistos, mas sem choques negativos significativos. Os PMIs da Zona Euro ficaram ligeiramente abaixo das expectativas, sinalizando um abrandamento do crescimento no segundo trimestre, mas mantendo o PIB da região em terreno positivo. Nos Estados Unidos, os PMIs continuam a apontar para um rebound do PIB no segundo trimestre, após o recuo registado no início do ano. Já a confiança dos consumidores nos Estados Unidos desiludiu em Junho, com sinais de um mercado laboral a perder dinamismo, nomeadamente na percentagem de americanos que consideram existirem “muitos empregos disponíveis”.

Por fim, as expectativas em torno da política monetária da Reserva Federal foram outro pilar do sentimento positivo. As declarações de vários responsáveis da Fed sublinharam a intenção de manter a prudência, aguardando por mais clareza sobre o impacto das tarifas e das novas políticas antes de ajustar as taxas de juro. Ainda assim, os mercados continuam a antecipar dois cortes nas taxas até ao final do ano, com a possibilidade de um terceiro, cenário que reforça a confiança nos activos de risco a nível global.

Na Ásia, o índice nipónico Nikkei liderou os ganhos ao avançar esta semana 4,55%, seguido pelo Hang Seng, de Hong Kong, que ganhou 3,20%. Os índices da China continental CSI300 e Shanghai Composite terminaram a semana a subir um pouco menos de 2%, aproximadamente o mesmo que os índices na Índia, enquanto na Austrália, o índice ASX 200 foi o que menos avançou (0,10%).

Na Europa, o índice alemão DAX foi o que mais valorizou esta semana, avançando 2,78%. O índice Euro Stoxx 600 ganhou 1,33% e o Euro Stoxx 50 1,82%. Já o FTSE 100, no Reino Unido, foi o que pior desempenho registou, avançando 0,28%. Por cá, por Portugal, o índice PSI ganhou 1,06%.

Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street foram os que melhor desempenho apresentaram esta semana. O índice S&P 500 voltou a atingir um novo máximo histórico nos últimos minutos da semana e ganhando na semana 3,44%. O índice tecnológico Nasdaq liderou os ganhos da semana, ao subir mais de 4%, seguido de perto pelo Dow Jones que subiu 3,82%, enquanto o índice de pequenas e médias empresas, Russell 2000, foi o que menos ganhou (3%).

Gráfico Fonte XTB xStation 5


Mercado cambial



De novo, e sem surpresa, o Médio Oriente foi também o grande motor do mercado cambial durante esta semana, em conjunto com uma alteração no discurso conjunto dos membros do FOMC e do continuado “ataque” a Jerome Powell por parte da administração Trump.

O dólar norte-americano foi a divisa que mais perdeu valor no mercado cambial durante esta semana, reflectindo as expectativas renovadas de uma política monetária mais flexível por parte da Reserva Federal. A estabilização no Médio Oriente diminuiu os receios em torno de possíveis perturbações nos fornecimentos de energia e contribuiu para a queda dos preços do petróleo, o que por sua vez retirou o suporte que vinha a fornecer ao dólar.
Por fim, a história nos meios de comunicação social de que o Presidente Trump poderá considerar substituir Jerome Powell como chefe da Reserva Federal antes do seu mandato terminar no próximo ano, coloca também em causa a independência do banco central, que por sua vez leva a pressões sobre o dólar.
O índice DXY perdeu esta semana cerca de 1,2%, caindo de um máximo de 99,00 até a um mínimo de mais de três anos a 96,60, tendo terminado a negociar em torno de 97,00.

Por outro lado, o euro, o franco suíço e a libra foram as moedas que mais ganharam esta semana.

Com os mercados a afastarem-se do dólar, o euro volta a beneficiar da sua condição de segunda moeda mais líquida. A acrescentar, o alívio dos preços da energia, com a situação no Médio Oriente menos tensa, trouxe também um impulso adicional à moeda única. Nem mesmo os dados de actividade económica (PMIs) um pouco abaixo das estimativas, evitou os fortes ganhos da semana.
O EUR/USD renovou vários novos máximos do ano durante a semana, terminando no último dia a atingir os 1,1753, valor que não se registava em quase quatro anos.

O franco suíço continuou a ser a divisa preferida pelos mercados. As tensões geopolíticas e comerciais abrandaram mas continuaram latentes nos mercados e o franco suíço continua a ser o porto mais seguro.
Enquanto o EUR/CHF continuou pouco alterado e a negociar em torno dos recentes níveis entre os 0,9300 e os 0,9400, o USD/CHF negociou em mínimos de mais de uma década, abaixo de 0,8000, o que não sucedia desde Setembro de 2011.

A libra esterlina beneficiou de uma semana em que a instabilidade e volatilidade nos mercados voltou a cair. Face ao euro ficou praticamente inalterada, com o EUR/GBP em torno de 0,8545, mas face ao dólar registou um novo máximo acima de 1,3700 (1,3770), nível que não se registava desde Outubro de 2021.

Das principais divisas, o iene japonês foi a que teve um desempenho mais fraco face ao dólar. O USD/JPY atingiu mesmo um máximo de mais de um mês a 148,03 logo no início da semana, terminando ligeiramente abaixo de 145,00, após ter registado um mínimo de 143,75. Face ao euro, o iene continua a negociar em mínimos de quase um ano, com o EUR/JPY a registar máximos muito perto dos 170,00 (169,80).

Nas moedas das economias emergentes a lira turca continua a destacar-se pela negativa e o peso mexicano pela positiva.

A lira turca seguiu esta semana a negociar em perdas, caindo cerca de 0,50% face ao dólar e de 2,5% face ao euro. O EUR/TRY voltou a registar esta semana um novo máximo de sempre, desta vez muito perto dos 47,00 (46,92).

O peso mexicano, apesar do seu banco central ter cortado esta semana a sua taxa de juro em 50 pontos base, ficou praticamente inalterado face ao euro e ganhou cerca de 1,8% face ao dólar. O USD/MXN registou um novo mínimo dos últimos dez meses ao negociar a 18,81.

Gráfico Fonte XTB xStation 5


Commodities



Petróleo

Os preços do petróleo recuaram com sinais de menor risco de disrupção da oferta

Os mercados petrolíferos registaram uma forte correcção durante esta semana, com os preços do crude a devolverem os ganhos acumulados na sequência da escalada de tensões no Médio Oriente. O principal motor desta evolução foi o acordo de trégua entre o Irão e Israel, que ajudou a dissipar, pelo menos temporariamente, os receios de perturbações nos fluxos de petróleo através do estratégico Estreito de Ormuz.

O preço do Brent, referência para a Europa, acumulou uma descida próxima de 15% face ao pico da semana anterior, regressando a níveis semelhantes aos registados antes do ataque surpresa de Israel. Já o WTI, referência norte-americana, seguiu movimento idêntico, penalizado também por dados mistos sobre a procura e sinais de robustez na produção dos Estados Unidos.

Os mercados continuaram também a monitorizar os dados sobre reservas e produção. Os relatórios semanais indicaram um aumento das reservas comerciais de petróleo nos Estados Unidos, o que levou a pressão sobre os preços, num contexto em que a procura global ainda revela sinais mistos.

O WTI registou esta semana a maior queda semanal desde Abril de 2020, em plena crise de Covid19, tendo caído cerca de 13,1%, enquanto o Brent perdeu 12%, a maior perda semanal desde Agosto de 2022.
O barril de Brent começou a semana a negociar em torno de máximos a 79 dólares, para terminar perto de mínimos da semana a 66,5 dólares. Já o barril de WTI terminou a semana a negociar em torno de 65 dólares por barril, recuperando de um mínimo de 64 dólares, após ter começado a semana a negociar em máximos de 78 dólares.

Gráfico Fonte XTB xStation 5



Ouro

O Ouro corrigiu em baixa com menor procura por activos de refúgio e dólar mais fraco

O mercado do ouro atravessou uma semana de correcção durante esta semana, penalizado pela redução da procura por activos de refúgio num contexto de menor tensão geopolítica e sinais de alívio no comércio internacional. Apesar da fraqueza do dólar, o metal precioso perdeu parte do prémio de risco acumulado nas últimas semanas.
O principal catalisador deste movimento foi o alívio das tensões no Médio Oriente, após o anúncio da trégua entre o Irão e Israel, que ajudou a conter os receios de escalada do conflito. Este desanuviamento levou os investidores a reduzir posições defensivas em ouro, optando por activos de maior risco.
A evolução positiva nas negociações comerciais entre os Estados Unidos, a China e outros parceiros, incluindo o fecho do acordo com Pequim, reforçou o sentimento de menor aversão ao risco, contribuindo para a pressão sobre os preços do metal precioso.
Embora o dólar norte-americano tenha registado perdas na semana, o impacto no ouro foi limitado, uma vez que o movimento de rotação dos investidores para activos de maior risco se sobrepôs ao habitual suporte cambial. As expectativas de cortes nas taxas de juro do Fed, descontados pelos mercados para o segundo semestre, também não foram suficientes para travar a correcção do ouro no curto prazo.

A onça de ouro perdeu esta semana cerca de 3%, terminando a negociar a 3 271,25 dólares, após ter começado a semana a negociar a 3 383,50 dólares.

Gráfico Fonte XTB xStation 5



O que pensa sobre este tema?