EUR/USD
Semanal

Médio Oriente, pressões sobre a Reserva Federal, divergências no FOMC e expectativas crescentes de cortes de juros: a combinação quase perfeita que fragilizou o dólar. Os dados desta semana irão travar ou acelerar a queda?
A situação tensa no Médio Oriente, com um conflito aberto entre o Irão e Israel, levou os preços do petróleo a fortes ganhos, trazendo algum suporte ao dólar norte-americano, ao mesmo tempo que pressionava a moeda única, dependente de energia. A entrada no teatro de guerra dos Estados Unidos levou à intensificação desses receios, contribuindo ainda mais para as perdas do euro e ganhos do dólar.
Logo no início da semana passada deu-se uma inesperada e surpreendente reviravolta. O Irão deu uma resposta moderada ao ataque norte-americano, naquilo que foi interpretado como para “salvar a face”, e Donald Trump anunciou um rápido cessar-fogo que, apesar de inicialmente ameaçado, acabou por ser cumprido até este momento.
O sentimento de risco nos mercados voltou a subir, os preços do petróleo recuaram para níveis onde se encontravam antes da crise Israel/Irão e o dólar voltou a perdas, com os mercados a aproveitarem o “dip” para voltarem a construir posições curtas de dólares.
Mas o dólar voltou a sofrer pressões em torno dos receios da autonomia da Reserva Federal.
Jerome Powell foi novamente atacado por Donald Trump que “exige” um corte de taxas de juro por parte do Fed. Voltaram a surgir rumores/notícias da possibilidade de Trump nomear mais cedo um novo presidente do Fed, um que siga a sua orientação. Powell será (provavelmente) o presidente do Fed até terminar o seu mandato em Maio do próximo ano, mas a nomeação antecipada de um novo timoneiro, que vá dando indicações ao mercado do que faria no actual momento, irá certamente levar os mercados a começar a descontar futuros movimentos na taxa de juro.
Jerome Powell no Congresso esta semana voltou a reiterar a sua narrativa cautelosa de esperar por dados concretos que forneçam confiança suficiente que a inflação não voltará a aquecer, nomeadamente por causa do efeito, ainda desconhecido, das tarifas. Apesar desta narrativa ter sido seguida por muitas das intervenções verbais de membros do FOMC durante toda a semana, assistimos a algumas vozes dissidentes. Essas vozes chegaram mesmo a adiantar a possibilidade de votarem em cortes de taxas de juro já na próxima reunião de 30 de Julho.
Os mercados financeiros, que chegaram a descontar apenas um corte de taxas de juro até ao final do ano, esperam agora seguramente dois cortes e mesmo a possibilidade de um terceiro corte.
Esta semana, com Jerome Powell a falar em Sintra no Fórum do BCE, dados do emprego que agora retomam a importância que os mercados lhe atribuíam há uns meses e ainda, provavelmente, com o tema das tarifas a voltar a renascer, poderemos ver um recuo nessas expectativas de corte de taxas ou, por outro lado, o mercado a descontar o tal terceiro corte ainda este ano.
Na minha opinião, não creio que Jerome Powell se vá afastar dos últimos discursos, tanto naquele após a decisão do dia 18 de Junho, como no do Congresso na semana passada. O impacto das tarifas na inflação continuará a ser uma questão em aberto para o Fed. Resta-nos então olhar para os dados desta semana, nomeadamente os do emprego.
Um arrefecimento nestes dados, nomeadamente com o número dos nonfarm payrolls a ficarem visivelmente abaixo dos 100 mil, e/ou uma taxa de desemprego a começar a subir (o mercado espera que se mantenha nos 4,2%), poderá levar de novo o dólar a perdas e o EUR/USD a ganhos. Teremos ainda o ISM onde, além do número principal do índice, o mercado estará também atento aos subíndices dos preços e do emprego.
Creio que o comportamento do EUR/USD continuará a ser mais determinado pela dinâmica do dólar do que por factores específicos do euro. O sentimento de mercado parece apontar para uma estratégia de vender o dólar em qualquer recuperação temporária, ou seja, um claro “buy the dip” no EUR/USD. Neste contexto, com o par a iniciar a semana acima de 1,1700, considero mais provável uma aproximação aos 1,2000 do que um recuo para a zona dos 1,1500.
Tecnicamente
Gráfico EUR/USD semanal
Fonte XTB xStation 5
O EUR/USD registou na semana passada o maior ganho semanal desde Abril, quebrando o máximo do ano de há duas semanas, negociando acima de 1,1700 pela primeira vez desde Setembro de 2021, marcando um novo máximo a 1,1753.
Por aqui nada de novo, tanto o RSI como o MACD, no gráfico semanal, continuam a mostrar um momentum positivo no par.
A vela da semana anterior configurava um doji, o quebrar destes máximos atribui a esse doji um de continuação de tendência.
A forte tendência ascendente deste ano do EUR/USD parece estar retomada e o mercado segue agora de olhos postos na referência psicológica 1,2000.
A projecção Fibonacci do movimento mínimo 2025 (1,0177)/ máximo de Abril a 1,1573/ mínimo de Maio a 1,1065, dá-nos um primeiro possível objectivo a 1,1928 (61,8%), sendo que o objectivo dos 100% está a 1,2461, ligeiramente acima do máximo de 2021 a 1,2349.
O quebrar do anterior máximo relevante do ano a 1,1573 poderá indicar que uma correcção do movimento que trouxe o preço do mínimo de Maio a 1,1065 até ao actual máximo de 1,1753 estará em curso. O potencial primeiro objectivo poderemos encontrá-lo a 1,1491 (38,2% Fibonacci retracement), com o objectivo de uma correcção mais ampla a estar nos 61,8% do mesmo movimento a 1,1328.
Gráfico EUR/USD diário
Fonte XTB xStation 5
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O comentário é disponibilizado todas as manhãs, tentativamente entre as 10h00 e as 10h30.
O EUR/USD voltou a negociar em forte tendência ascendente, ultrapassando o anterior máximo do ano de apenas duas semanas aproximadamente, para registar um a 1,1753 e terminar acima de 1,1700 pela primeira vez desde 24 de Setembro de 2021.
No gráfico diário, os indicadores de momentum MACD e RSI continuam a indicar um ímpeto positivo para o par, tendo o MACD durante a semana ter dado um forte sinal de entrada longa no par.
Com o price action a continuar a dar sinais de continuação desta forte tendência ascendente no par, o ultrapassar do máximo da passada sexta-feira (actual máximo do ano) a 1,1753, poderá dar força ao par para tentar um teste ao nível psicológico de 1,1800, antes dos 1,1909, a próxima referência dada pelo máximo de Setembro de 2021, que se ultrapassada, deixa exposto o importante nível psicológico de 1,2000.
O quebrar do máximo de duas semanas atrás de 1,1632 poderá abrir caminho a uma correcção do movimento desta última semana, onde encontrará um primeiro suporte a 1,1573 (anterior máximo do ano relevante em Abril). Abaixo iremos ter o suporte dado pela MM 21 dias (de momento a 1,1519), antes do mínimo da semana passada a 1,1453).
Resistências - Suportes
1,1800 - 1,1632
1,1909 - 1,1573
1,2000 - 1,1453