A semana que começa
Uma semana mais tranquila. Será?
A primeira semana que antecede a da importante reunião da Reserva Federal dos Estados Unidos não irá contar com os habituais dados do emprego norte-americano. Uma semana ligeira de indicadores económicos, mas será tranquila?
O mês de Dezembro arranca com uma semana relativamente leve em termos de eventos e indicadores económicos. Na Europa, o foco estará nos dados consolidados da inflação da Zona Euro, enquanto, nos Estados Unidos, o ISM e as leituras de Setembro do PCE deverão marcar a agenda.
Esta será também a semana que antecede a última decisão de política monetária da Reserva Federal, um período tradicionalmente mais silencioso, já que os seus responsáveis entram em blackout e se abstêm de qualquer comentário sobre política monetária ou económica.
Com o calendário macro mais vazio, os mercados deverão voltar-se para o plano geopolítico, onde o tema dominante continuará a ser o plano de paz norte-americano para pôr fim ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia — isto numa fase em que as tensões com a Venezuela parecem estar a intensificar-se de forma acelerada.

“Guerra e Paz — Edição 2025: Entre Kiev e Moscovo”
No vasto território da Ucrânia, onde as planícies e cidades carregam memórias de gerações, ecoa a dor de um povo que resiste. A guerra, como tempestade implacável, arrastou vidas, sonhos e esperanças. Entre escombros de cidades e o silêncio dos campos bombardeados, vivem famílias — camponeses, operários, professores, soldados — cada uma com o seu medo, dor, coragem e uma pergunta sempre presente: haverá paz sem humilhação?
Surge então um novo mapa de promessas: um plano que clama pôr fim à guerra, assinado nos salões do poder, longe das ruínas. O plano — com facilidade de linguagens diplomáticas — sugere fronteiras fixas, concessões de territórios, limites nas forças armadas, garantias de segurança. Propõe tornar certas regiões «oficialmente perdidas», transformar o território da guerra em linhas demarcadas no papel: áreas cedidas — como o leste do Donbas e a península da Crimeia —, como se o destino de milhões de viventes pudesse ser traçado com tinta diplomática.
Para muitos ucranianos, aceitar o plano seria como abrir mão de parte da própria alma: perder casas, memórias, identidades, e o direito de decidir o seu destino. O plano exige limites ao exército, impede a entrada em alianças de defesa e concede amnistia a crimes de guerra — medidas que muitos veem como rendição embrulhada em promessas de paz.
Por outro lado, há quem aceite o plano como única forma de parar a engrenagem de destruição, de regressar à terra, de reconstruir vidas — ainda que feridas. Há quem defenda a paz realista, mesmo que imperfeita, como um caminho para reerguer o país, cuidar dos órfãos, dos feridos, das ruínas.
Nesse dilema — entre honra e sobrevivência, memória e pragmatismo — ecoa o grande tema de Tolstói: o de viver em tempos de convulsão, onde o destino colectivo se sobrepõe ao destino individual, e onde cada escolha moral carrega o peso de gerações. Há amor (pelas famílias que restam), há dor (pela perda irreparável), há esperança (no regresso ao lar) — e há o medo de que a paz escrita em tratados seja um recomeço com fantasmas do passado.
No final, não se trata apenas de fronteiras ou mapas. Trata-se de dignidade. De liberdade. De decidir o que resta de um povo. A paz proposta responde ao desejo de cessar-fogo, mas impõe concessões. A guerra destruiu cidades, mas o plano ameaça apagar história. E os protagonistas desta nova “Guerra e Paz” não serão generais ou estadistas — serão os cidadãos comuns, com voz, memória e vontade de sobreviver com dignidade.
Dados Económicos

Estados Unidos da América
Os mercados irão estar atentos à divulgação de mais uma série de dados económicos atrasados, ainda devido ao shutdown.
O destaque vai para o índice de preços do PCE de Setembro, que deverá mostrar um aumento mensal de 0,3%, em linha com o mês de Agosto, com a medida anual a acelerar de 2,7% para 2,8%, o ritmo mais acelerado desde Abril de 2024. A medida preferida da Fed para a inflação, o Core PCE Price Index, deverá manter-se nos 2,9%, com um crescimento mensal de 0,2%. Os gastos pessoais provavelmente aumentaram 0,4%, abrandando em relação ao ganho de 0,6% de Agosto, enquanto o crescimento do rendimento pessoal deverá se manter estável em 0,4%.
A semana irá começar com as atenções voltadas para a divulgação do ISM manufactureiro, com as estimativas a apontarem para uma ligeira queda do índice de 48,7 para 48,6, com o subíndice do emprego a subir de 46 para 47 e o dos preços de 58 para 58,2. Teremos também a leitura final do PMI manufactureiro da S&P Global que deverá confirmar os 51,9 preliminares.
Mais tarde iremos ter o ISM do sector dos serviços que também deverá mostrar um recuo de 52,4 para 52,1, onde o subíndice dos preços provavelmente mostrará uma aceleração de 70 para 70,3 e o do emprego um recuo de 48,2 para 48.
Sem dados oficiais do emprego, o mercado irá olhar de novo, com mais atenção, os números privados do ADP, onde as previsões apontam para a criação de 19 mil novos postos de trabalho em Novembro.
Iremos ter provavelmente os dados de Setembro da produção industrial, que deverão mostrar um aumento de 0,1%, em linha com o mês anterior.
Na quinta-feira voltamos a ter dados do mercado de trabalho. O número semanal de novos pedidos de subsídio de desemprego, segundo as previsões, deverá ser de 220 mil, ligeiramente acima dos 216 mil da semana anterior. Teremos também o “Challenger Job Cuts”, um relatório que mostra quantas pessoas receberam aviso de despedimento durante o mês. Em Outubro foi de 153 mil e as previsões apontam para 98 mil no mês de Outubro.
No último dia da semana, além dos números do PCE, iremos ter novos dados da Universidade de Michigan. As estimativas apontam para que o índice de confiança do consumidor suba de 51,0 para 52,0, com as expectativas de inflação a recuarem ligeiramente, as de curto prazo de 4,5% para 4,4%, e as de mais longo prazo de 3,4% para 3,3%.
Zona Euro
Uma semana ligeira de indicadores económicos, onde as atenções irão começar por ir para os números da inflação.
Após os dados recebidos das principais economias da Zona Euro, os números agregados deverão continuar a manter a inflação perto da meta do BCE. As previsões apontam para que os preços em termos mensais mostrem uma queda de 0,3%, com a inflação anual a subir de 2,1% para 2,2% e a inflação subjacente de 2,4% para 2,5%.
Em destaque está também a taxa de desemprego que deverá se manter nos 6,3%.
Teremos também o índice de preços no produtor, que deverá mostrar um aumento dos preços de 0,2%, após a contracção de 0,1% no mês anterior. Os números das vendas a retalho deverão mostrar-se estáveis.
Iremos ter ainda as leituras finais dos PMI da S&P Global, onde não se esperam desvios às leituras preliminares, e a leitura final do PIB que deverá confirmar o crescimento de 0,2% na economia da Zona Euro.
Na Alemanha iremos ter os números das encomendas às fábricas, onde as previsões apontam para um aumento de 0,4%, desacelerando dos 1,1% do mês anterior.
Em França iremos ter os números da produção industrial de Outubro, onde as previsões apontam para uma contracção de 0,1%, após o crescimento de 1,1% em Setembro, e ainda a balança comercial que deverá mostrar um défice de 5,2 mil milhões de euros, após os 6,6 mil milhões no mês anterior.
Em Itália, segundo as estimativas, o PMI manufactureiro deverá mostrar uma subida de 49,9 para 50,1 e o de serviços manter-se nos 54. A taxa de desemprego deverá manter-se nos 6,1% e os números das vendas a retalho deverão mostrar um crescimento mensal de 0,4%, após a queda de 0,5% no mês de Setembro.
Em Espanha, teremos também dados do PMI da S&P Global que deverão mostrar um crescimento na actividade industrial, com o índice a subir de 52,1 para 52,3, enquanto o sector de serviços deverá mostrar um abrandamento de 56,6 para 56,3.
Reino Unido
A semana começa com os números das aprovações de hipotecas que deverão mostrar uma pequena queda de 66 para 64 mil e os empréstimos a particulares deverão mostrar um recuo dos 7 mil milhões de libras para 6,4 mil milhões.
O índice de preços de retalho do BRC deverá mostrar um crescimento de 1,1%, acelerando dos 1% do mês anterior.
Do mercado imobiliário teremos o PMI da construção que deverá mostrar uma ligeira recuperação dos 44,1 para 44,3, o índice de preço dos imóveis da Nationwide, em termos mensais, deverá mostrar-se estável, após o aumento de 0,3% no mês anterior, enquanto o índice da Halifax deverá mostrar um abrandamento dos 0,6% do mês anterior, para 0,4%.
Iremos ter ainda a leitura final dos PMI manufactureiro e de serviços, que deverão confirmar as leituras preliminares de 50,2 e de 50,5.
Canadá
Por aqui é semana de dados do mercado de trabalho. As previsões apontam para uma subida da taxa de desemprego de 6,9% para 7,0%, com a taxa de participação a manter-se estável nos 65,3%. O número de novos postos de trabalho deverá aumentar em 10 mil, com o número de empregos a tempo parcial a aumentar em 20 mil e os de a tempo inteiro a reduzirem em 10 mil.
Iremos ter também a divulgação do Ivey PMI que deverá mostrar um ligeiro recuo dos 52,4 do mês anterior, para 52,2.
Suíça
A semana começa com os números das vendas a retalho do mês de Outubro, onde as previsões apontam para um crescimento mensal de 0,1%, desacelerando dos 0,6% do mês anterior, e onde em termos homólogos deverão mostrar um crescimento de 1,9%, face a 1,5% no mês de Setembro. Teremos também o índice PMI manufactureiro que deverá mostrar uma subida de 48,2 para 48,6, mas mantendo-se ainda em contracção.
Iremos ter também dados da inflação do mês de Novembro, que deverão mostrar uma queda mensal dos preços de 0,1%, com a inflação anual a manter-se a 0,1%.
Por fim teremos ainda dados do mercado de trabalho com a divulgação da taxa de desemprego do mês de Novembro que deverá se manter nos 2,9%.
China
Após os dados oficiais dos PMI manufactureiro e industrial divulgados já este Domingo, mostrando que a actividade de serviços caiu inesperadamente para 49,5, voltando a contrair, enquanto o sector industrial se mantém em contracção, a semana irá continuar com os índices privados da RatingDog.
As estimativas apontam para que o índice manufactureiro recue ligeiramente dos 50,6 do mês anterior, para 50,5 e o de serviços de 52,6 para 51,9.
Japão
Uma semana tranquila de indicadores económicos que começa com a leitura final do índice PMI manufactureiro que deverá confirmar a leitura preliminar de 48,8.
Iremos ter a divulgação do índice de confiança do consumidor, onde as estimativas apontam para uma ligeira subida de 35,8 para 36,3.
O destaque vai para os números da despesa das famílias que, segundo as previsões, deverão mostrar um crescimento mensal de 0,7%, após os -0,7% mostrados em Setembro, e onde em termos homólogos deverão desacelerar de 1,8% para 1,1%.
Nova Zelândia
Esta semana iremos ter os números das licenças de construção que deverão mostrar uma queda de 5%, após o aumento de 7,2% no mês anterior.
Austrália
Iremos ter por aqui uma semana relativamente bem preenchida de dados económicos, onde as atenções irão recair especialmente sobre a divulgação dos números do PIB do terceiro trimestre.
As previsões apontam para que a economia australiana tenha crescido 0,6% desde o trimestre anterior, em linha com o crescimento anterior, e onde em termos homólogos mostre uma aceleração do crescimento de 1,8% mostrado no segundo trimestre, para 2,2% no terceiro.
A semana começa com a divulgação dos lucros líquidos empresariais do terceiro trimestre, onde as previsões apontam para um crescimento de 1%, após a queda de 2,4% no trimestre anterior. Teremos também os dados de anúncio de empregos em Novembro, que deverão mostrar uma redução de 0,3%, após a redução de 2,2% no mês anterior.
Iremos ter os números das licenças de construção de Outubro que deverão mostrar uma queda de 2%, após o aumento de 12% do mês anterior.
Os números da conta corrente do terceiro trimestre deverão mostrar um défice de 10 mil milhões de dólares australianos, reduzindo dos 13,7 mil milhões do trimestre anterior.
Os números da balança comercial de Outubro deverão mostrar um excedente de 4,4 mil milhões de dólares australianos, ligeiramente acima dos 3,94 mil milhões em Setembro.
Por fim, os números da despesa das famílias, segundo as previsões, deverão mostrar em Outubro um aumento de 0,2%, em linha com o mês anterior.