Semana Revista
Entre geopolítica e expectativa de juros

Semana Revista Entre geopolítica e expectativa de juros

As atenções na primeira semana de Dezembro dividiram-se entre eventos geopolíticos e expectativa sobre as taxas de juro desde o Japão aos Estados Unidos da América.

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia está perto do seu quarto ano e Trump continua sem conseguir a tal paz desejada. Esta semana delegações dos Estados Unidos, voltaram a discutir o plano de paz de Donald Trump, tanto com representantes ucranianos nos Estados Unidos, como com Putin em Moscovo.
Noutra frente temos tensões a aumentarem entre os Estados Unidos e a Venezuela, seguidas também atentamente pelos mercados financeiros.
Uma semana em que as expectativas sobre as taxas de juro ficaram mais claras desde o Japão até aos Estados Unidos e passando pela União Europeia.




Durante esta semana o mundo acompanhou com atenção uma nova ronda de diplomacia intensa em torno do plano de paz proposto pelos EUA para a Ucrânia.
No primeiro dia do mês foi anunciado que os enviados norte-americanos se reuniram com o presidente russo Vladimir Putin. Entretanto, o governo ucraniano, através do presidente Volodymyr Zelensky, declarou que a versão do plano de Genebra tinha sido “aperfeiçoada” após conversações com os Estados Unidos, sublinhando que Kiev encara com seriedade todos os esforços diplomáticos.

As negociações intensificaram-se: os representantes americanos — entre os quais o enviado especial e conselheiros próximos a Trump — e a delegação russa sentaram‑se em Moscovo para uma reunião de cinco horas, conforme previsto.
Segundo o Kremlin, houve aceitação de alguns elementos do plano proposto, embora outras partes tenham sido rejeitadas. Apesar desse gesto de abertura, a parte russa manteve exigências firmes, sobretudo em torno do controlo do território da região do Donbass.

No entanto, ao longo desses dias, ficou evidente que não houve avanço decisivo no cerne das negociações. As questões territoriais, militares e de soberania continuam a ser os principais obstáculos.
Em paralelo, autoridades ucranianas anunciaram uma deslocação da delegação liderada por Zelensky, incluindo o negociador principal, para reuniões em Bruxelas, onde pretendem informar os parceiros europeus sobre o teor das conversas e discutir medidas de segurança e apoio à Ucrânia.

No fim da semana, o saldo era ambíguo: há disposição entre os EUA e a Rússia para manter o diálogo, mas permanece um abismo entre o que Moscovo exige e o que Kiev está disposto a aceitar. O plano de paz de Trump — embora ainda em negociação — continua a gerar fortes críticas da Ucrânia e dos seus aliados europeus, que questionam a legitimidade de ceder território ou limitar a soberania ucraniana como base para o fim da guerra.

As negociações em curso mantêm os mercados financeiros em alerta. Qualquer avanço tangível no plano de paz poderia reduzir a percepção de risco geopolítico, fortalecendo moedas como o euro e impulsionando os preços das acções. Por outro lado, se os impasses persistirem ou houver sinais de escalada militar, a aversão ao risco tende a aumentar, reflectindo-se em queda de bolsas, principalmente na Europa, e fortalecimento de activos de refúgio com o dólar, o franco suíço e o ouro e ainda em decisões futuras de política monetária.





As tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela voltaram a ganhar intensidade nos últimos meses, reacendendo uma rivalidade que combina geopolítica, economia e disputas de legitimidade política. A administração norte-americana endureceu claramente a sua posição, acusando o regime de Nicolás Maduro de proteger redes de narcotráfico e utilizando essas alegações como justificação para uma presença militar reforçada no Caribe. Washington tem conduzido operações navais e aéreas mais agressivas, enquanto Caracas reage com exercícios militares e uma retórica que apela à resistência nacional, descrevendo a situação como a maior ameaça à sua soberania em décadas. Este confronto, que há muito ultrapassou o plano das sanções económicas, agravou-se com a retirada de direitos de voo a diversas companhias, alertas para riscos no espaço aéreo venezuelano e relatos de ataques a embarcações suspeitas de tráfico de droga, episódios que elevaram o risco de incidentes de maior escala. Pelo meio, a diáspora venezuelana observa com ansiedade a possibilidade de um conflito aberto, ao mesmo tempo que líderes regionais sublinham a urgência de evitar uma guerra na América Latina. Embora não faltem sinais de escalada, existem ainda canais diplomáticos que podem ser reativados — como demonstra o recente contacto entre Maduro e o presidente dos EUA —, mas o equilíbrio permanece frágil. No essencial, este é um confronto que vai muito além das acusações de narcotráfico: trata-se de uma disputa pela influência regional, pelo controlo de recursos estratégicos e pela capacidade de cada país impor a sua narrativa num tabuleiro onde a margem para erros é cada vez mais reduzida.





Nesta primeira semana de Dezembro as divergências das expectativas em torno das decisões de política monetária em três das maiores economias globais ficaram ainda mais acentuadas.

Nos Estados Unidos, a atenção centrou-se na nomeação do próximo presidente da Reserva Federal. O Presidente Trump anunciou já ter tomado uma decisão, com rumores a apontarem para Kevin Hassett, economista próximo do círculo presidencial. A eventual nomeação de Hassett alimenta a perspectiva de cortes adicionais nas taxas de juro, alimentando o sentimento de alívio monetário entre os investidores. Contudo, a rotação regular dos presidentes das reservas regionais — membros votantes do Comité de Mercado Aberto (FOMC) — poderá alterar a dinâmica em 2026, introduzindo uma postura mais cautelosa ou mesmo restritiva relativamente a cortes futuros, mantendo alguma incerteza sobre a trajectória da política monetária americana.

Na Zona Euro, os últimos indicadores económicos trouxeram sinais mistos, mas ligeiramente mais fortes do que o esperado. O crescimento dos salários manteve-se resiliente, o PIB apresentou sinais de recuperação e a inflação de Novembro ficou marginalmente acima das previsões. Este quadro sustenta a expectativa de que o Banco Central Europeu opte por uma pausa prolongada no seu ciclo de cortes, contrastando com a postura mais acomodatícia prevista nos Estados Unidos. Esta divergência entre as duas principais economias poderá ter impacto nos fluxos cambiais e de capital, à medida que os investidores ajustam posições em antecipação das decisões dos bancos centrais no final do mês.

No Japão, o cenário é diferente: o governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, proferiu declarações hawkish esta semana, elevando as probabilidades de uma subida de taxas para 0,75% na reunião de 18-19 de Dezembro, agora precificada em cerca de 80% pelo mercado. Em Nagoya, Ueda destacou a melhoria das perspectivas económicas, lucros empresariais robustos e salários em alta sustentada. No parlamento, reconheceu a incerteza sobre a magnitude das subidas, mas sublinhou que o BoJ continuaria com incrementos graduais se as projecções se confirmarem. Apoio político interno também foi evidente: a ministra das Finanças, Satsuki Katayama, afirmou não haver divergências entre governo e o Banco do Japão, enquanto a primeira-ministra Sanae Takaichi poderia aprovar o movimento caso o iene se mantivesse fraco. Os rendimentos dos JGB a 10 anos atingiram 1,93%, um pico de 18 anos, reflectindo esta antecipação de aperto monetário.

Em suma, o panorama global revela três trajectórias distintas: os Estados Unidos podem caminhar para cortes adicionais, a Zona Euro tende a manter uma postura de pausa cautelosa, e o Japão aproxima-se de mais uma subida de taxas. Para os mercados financeiros, esta diversidade de sinais reforça a volatilidade cambial, influencia fluxos de capitais e exige uma análise cuidadosa por parte de investidores que tentam antecipar os efeitos destas políticas sobre juros, moedas e activos de risco.



Dados Económicos




Nos Estados Unidos, a primeira semana de Dezembro não contou com os habituais dados oficiais do mercado de trabalho, devido ainda à anterior paralisação governamental.
A semana começou com dados privados da actividade económica. O PMI manufactureiro do ISM caiu para um mínimo dos últimos quatro meses, para 48,2, dos 48,7 do mês anterior, enquanto o PMI industrial da S&P Global foi revisto em ligeira alta de 51,9 para 52,2.
Mais tarde, o ISM PMI de serviços subiu inesperadamente de 52,4 para 52,6, face a um recuo estimado para 52,1. O subíndice dos preços caiu, enquanto o do emprego subiu, apesar de se manter em contracção. Já o PMI de serviços da S&P Global foi revisto em baixo de 55,0 para 54,1.
Os dados do mercado de trabalho saíram mistos. Os números privados da ADP mostraram que a economia norte-americana perdeu 32 mil empregos durante o mês de Novembro, bem diferente dos cerca de 10 mil que o mercado esperava ver aumentar e após o crescimento de 47 mil no mês de Outubro. O número semanal de novos pedidos de subsídio de desemprego foi o mais baixo desde Janeiro de 2024 (191 mil) e o “Challenger Job Cuts”, o relatório que mostra quantas pessoas receberam aviso de despedimento durante o mês, foi de 71 mil, bem abaixo do de 153 mil do mês de Outubro e das previsões de 98 mil.
Tivemos também o índice de optimismo económico que mostrou uma subida de 43,9 para 47,9.
Os dados atrasados (de Setembro) da produção industrial mostraram um aumento de 0,1%, em linha com as previsões, mas os do mês anterior foram revistos em baixo, mostrando uma redução de 0,3%. Os números das encomendas às fábricas mostraram um aumento de 0,2%, desacelerando do aumento (revisto em baixo) de 1,3% no mês de Agosto e ficando abaixo de uma subida estimada de 0,5%.
A semana terminou com a medida preferida da Fed para a inflação, o Core PCE price index, que em termos mensais, em Setembro, saiu em linha com o esperado, com os preços a subirem 0,2%, mas onde em termos anuais caiu de 2,9% para 2,8%, contra previsões de 2,9%. O PCE subiu de 2,7% para 2,8%, como esperado. Os gastos pessoais aumentaram 0,3%, abaixo dos 0,4% estimados e dos 0,5%, revistos em baixo, de Agosto, enquanto o crescimento do rendimento pessoal se manteve estável em 0,4%, como esperado.
Os dados da Universidade de Michigan mostraram um aumento na confiança dos consumidores, com o índice a subir de 51,0 para 53,3, acima da estimativa de 52,0, com as suas expectativas de inflação de curto prazo a caírem de 4,5% para 4,1%, bem abaixo dos 4,4% esperados, e as de mais longo prazo de 3,4% para 3,2%.

Na Zona do Euro foi uma semana relativamente tranquila de indicadores económicos, onde as atenções se dividiram principalmente entre os dados da inflação e das leituras finais do PMI da S&P Global.
Os números da inflação saíram ligeiramente abaixo das estimativas dos mercados. Os preços, em termos mensais, caíram 0,3% e a inflação anual subiu de 2,1% para 2,2%, em linha com as previsões, mas a inflação subjacente manteve-se nos 2,4%, abaixo de uma subida prevista para 2,5%.
A inflação à porta das fábricas em termos mensais manteve-se inalterada nos 0,1%, em linha com as previsões do mercado.
As leituras finais dos PMI da S&P Global tiveram revisões mistas, com a actividade manufactureira a cair ligeiramente de 49,7 para 49,6, mas com a actividade de serviços a mostrar uma subida de 53,1 para 53,6.
Tivemos as divulgações dos PMI em Espanha e Itália. Em Itália o PMI manufactureiro superou as estimativas, subindo de 49,9 para 50,6, assim como o de serviços que subiu de 54 para 55. Já em Espanha, a actividade económica mostrou-se abaixo das estimativas, com o PMI industrial a cair inesperadamente de 52,1 para 51,5, e o sector de serviços de 56,6 para 55,6.
Os dados do emprego desiludiram os mercados, com a taxa de desemprego na União Europeia a ficar em 6,4%, o mesmo nível revisto em alta do mês anterior. Os números mensais das vendas a retalho estabilizaram.
Os números finais do PIB na Zona Euro mostraram um crescimento trimestral de 0,3%, revendo em alta os 0,2% das leituras preliminares, tal como foi revisto em alta o crescimento do número de pessoas empregadas de 0,1% para 0,2%.
Na Alemanha, os números das encomendas às fábricas aumentaram 1,5%, superando as estimativas de 0,4% e acelerando o crescimento de 1,1% do mês anterior.
Em França, os números da produção industrial de Outubro surpreenderam os mercados com um aumento de 0,2%, face a estimativas que apontavam para uma contracção de 0,1%, após o crescimento revisto em baixo de 0,7% em Setembro, e a balança comercial apresentou um défice de 3,9 mil milhões de euros, bem abaixo do défice previsto de 5,2 mil milhões de euros.
Em Itália, a taxa de desemprego do mês de Setembro foi revista em alta de 6,1% para 6,2%, mas a de Outubro caiu surpreendentemente para 6,0%, tal como surpreenderam os números das vendas a retalho que mostraram um crescimento mensal de 0,5%, acima dos 0,4% estimados e onde a queda de 0,5% no mês de Setembro foi revista para 0,4%.

No Reino Unido, a semana começou com os números das aprovações de hipotecas que mostraram uma pequena queda ainda menor do que o estimado, de 66 para 65 mil, tal como os empréstimos a particulares que mostraram um recuo dos 6,6 mil milhões de libras (revistos em baixo) para 5,4 mil milhões, bem abaixo das previsões de 6,4 mil milhões de libras.
A leitura preliminar do PIM manufactureiro foi confirmada a 50,2, enquanto, mais tarde, o índice PMI de serviços foi surpreendentemente revisto em alta, dos 50,5 preliminares para 51,3. Já o PMI da construção caiu inesperadamente de 44,1 para 39,4.
Ainda no mercado imobiliário, tivemos a divulgação do índice de preço dos imóveis da Nationwide que, em termos mensais, mostrou um aumento de 0,3%, após os 0,2% revistos em baixo, no mês anterior, enquanto o índice da Halifax se manteve inalterado, abrandando dos 0,5% (revistos em baixo) do mês anterior.
O índice de preços de retalho do BRC mostrou um crescimento de 0,6%, bem abaixo dos 1,1% estimados e dos 1% do mês anterior.

No Canadá foi semana de dados do emprego. A taxa de desemprego caiu, surpreendentemente, de 6,9% para 6,5%, contrariando fortemente a subida estimada para os 7%, mas com a taxa de participação a cair de 65,3% para 65,1%, face a uma estabilidade prevista. O número de novos postos de trabalho aumentou em 53.600, com o número de empregos a tempo parcial a aumentar em 63.000 e os de a tempo inteiro a reduzirem 9.400.
Tivemos também a divulgação do Ivey PMI que caiu inesperadamente para terreno de contracção dos 52,4 do mês anterior, para 48,4 e ainda o PMI manufactureiro da S&P Global que caiu de 49,6 para 48,4.

Na Suíça a semana começou com a divulgação das vendas a retalho que surpreenderam positivamente os mercados. As vendas mostraram um aumento homólogo de 2,7%, bem acima dos 1,9% previstos e dos 1,8%, revistos em alta, do mês anterior.
Também o índice PMI manufactureiro superou as estimativas ao subir de 48,2 para 49,7, mas manteve-se em terreno de contracção.
Já os dados da inflação do mês de Novembro saíram abaixo do esperado, mostrando uma queda mensal dos preços de 0,2%, com a inflação anual a cair de 0,1% para 0%.
A taxa de desemprego do mês de Novembro manteve-se inalterada nos 2,9%.

Na China tivemos a divulgação dos PMI privados da RatingDog, após a divulgação durante o fim de semana dos oficiais.
Tanto a actividade industrial como a de serviços desiludiram os mercados, com o PMI manufactureiro a cair de 50,6 para 49,9, voltando para terreno de contracção, enquanto o PMI de serviços caiu de 52,6 para 52,1.

No Japão, a semana começou com a leitura final do PMI manufactureiro que reviu ligeiramente em baixo o número preliminar de 48,8 para 48,7.
O índice de confiança do consumidor superou as estimativas dos mercados ao subir de 35,8 para 37,5, bastante acima dos 36,3 estimados.
Por fim, os números da despesa das famílias de Outubro apresentaram uma queda inesperada de 3,5% em termos mensais, contrariando previsões de um aumento de 0,7%, e em termos homólogos caíram 3%, face a um crescimento esperado de 1,1%.

Na Nova Zelândia os números das licenças de construção, após o aumento de 7,3% no mês anterior, mostraram uma queda de 0,9%, bem menor do que a estimada de 5%.

Na Austrália a semana começou com a divulgação dos lucros líquidos empresariais do terceiro trimestre que mostraram estabilidade após a queda revista em alta de 2,6% no trimestre anterior, desiludindo os mercados que esperavam ver um crescimento dos lucros de 1%.
Os dados de anúncio de empregos em Novembro mostraram uma redução de 0,8%, face a uma esperada de 0,3%, após a redução revista em alta de 2,6% no mês anterior.
Os números das licenças de construção de Outubro mostraram uma queda de 6,4%, bem maior do que a esperada de 2%, com o aumento do mês anterior a ser revisto em baixo de 12% para 11,1%.
Os números da conta corrente do terceiro trimestre mostraram um défice de 16,6 mil milhões de dólares australianos, bem maior do que os 10 mil milhões de dólares australianos previstos e os da balança comercial de Outubro mostraram um excedente de 4,39 mil milhões de dólares australianos, em linha com as previsões e acima dos 3,71 mil milhões revistos em baixo, em Setembro.
As atenções estiveram especialmente voltadas para a divulgação dos números do PIB do terceiro trimestre, onde a economia australiana mostrou um crescimento trimestral de 0,4%, abaixo das estimativas de 0,6% e desacelerando do crescimento revisto em alta do trimestre anterior de 0,7%. Em termos homólogos, o PIB cresceu 2,1%, abaixo dos 2,2% previstos, acelerando dos 2%, revistos em alta, apresentados no trimestre anterior.
Por fim, os números da despesa das famílias mostraram em Outubro um aumento de 1,3%, ultrapassando claramente os 0,2% previstos e os 0,3%, revistos em alta, no mês anterior.



Mercados accionistas



A primeira semana de Dezembro trouxe a consolidação aos mercados em termos globais, mostrando que o “rali de Natal” poderá estar a “aquecer os motores”. As expectativas em torno de cortes de taxas de juro nos Estados Unidos já na próxima semana, os dados económicos europeus a darem sinais positivos da actividade económica e o sector tecnológico na Ásia a continuar a impulsionar a confiança dos investidores, levou as bolsas globalmente para terreno positivo.

Ásia
No Japão, o índice Nikkei avançou 0,47%, o mesmo que o Topix recuou no final da semana. Os principais índices na Índia ficaram praticamente inalterados. O índice ASX 200, da Austrália, avançou 0,24%, enquanto na Coreia do Sul, o índice Kospi liderou os ganhos ao subir esta semana 4,42%. Na China, o índice CSI300 ganhou 1,28%, o Shanghai Composite 0,37% e o Hang Seng 0,87%.

Europa
O índice Euro Stoxx 50 liderou os ganhos ao valorizar esta semana 1%, com o Euro Stoxx 600 a avançar 0,41%. Na Alemanha, o índice DAX ganhou 0,80%, enquanto o CAC 40 de França e o FTSE 100 do Reino Unido recuaram, respectivamente 0,10% e 0,55%.
Por cá, por Portugal, o PSI 20 ganhou 1,08%.

Estados Unidos
Os principais índices de Wall Street terminaram a semana em ganhos comedidos, mas mantendo-se relativamente perto dos máximos recorde.
O índice Dow Jones avançou 0,50%, o S%P 500 0,31% e o Nasdaq 0,91%.

Gráfico Fonte XTB xStation 5


Mercado cambial



O dólar seguiu a tendência registada na última semana de Novembro, abrindo assim o mês de Dezembro em queda. Expectativas crescentes de novo corte de taxas de juro já na próxima semana, impulsionadas por rumores de Kevin Hassett tomar o lugar de Jerome Powell em Maio, quando este abandonar o leme da Reserva Federal, pesaram no índice DXY, que voltou a negociar em baixa. Após ter iniciado a semana a negociar em torno de máximos a 99,50, o índice terminou a semana abaixo de 99,00 (98,95), recuperando de um mínimo de 98,72.

O euro continua a negociar suportado por expectativas de manutenção de taxas e ainda pela possibilidade de um plano de paz que termine com o conflito entre a Ucrânia e a Rússia a poder-se concretizar.
O EUR/USD voltou a negociar em alta esta semana, ajudado também pelas perdas do dólar. O preço terminou a semana a 1,1644, após ter começado em mínimos de 1,1590 e após ter registado um máximo de 1,1682, em mais uma semana de volatilidade comedida.

O iene japonês negociou esta semana em ganhos, ajudado por comentários de Kazuo Ueda, governador do Banco do Japão, que deu os mais claros sinais até ao momento, relativamente a uma subida de taxas de juro já na próxima reunião do BoJ e insinuou que Sanae Takaichi não se opõe frontalmente a tal movimento. Deu sinais também que a subida de taxas poderá não ficar por aqui, ao afirmar que a taxa neutra se encontrará algures entre 1% e 2,5%.
O USD/JPY caiu dos recentes máximos, para chegar a negociar num mínimo de 154,35, mas terminou a semana a negociar a 155,30.
O EUR/JPY, que negociou entre um máximo de 181,45 e um mínimo de 180,09, terminou a semana ligeiramente abaixo dos níveis de abertura, a 180,83.

A libra , continuou também a manter o impulso dado quando a apresentação do Orçamento de Outono de Rachel Reeves na semana anterior, e voltou a negociar em ganhos, numa semana ligeira de indicadores económicos. A revisão em alta do PMI de serviços, foi a “desculpa” dos mercados para impulsionarem ainda mais a libra para ganhos.
O GBP/USD, que começou a semana a negociar a 1,3220, perto dos mínimos de 1,3180, terminou a 1,3332, perto de máximos a 1,3385.
O EUR/GBP ainda registou um máximo de 0,8801, mas terminou a 0,8733, perto do mínimo da semana a 0,8721.

O franco suíço, com a aproximação da possibilidade de um plano de paz que faça terminar o conflito entre a Ucrânia e a Rússia, o sentimento de risco a aumentar e a inflação divulgada a sair abaixo das estimativas do mercado, voltou esta semana a negociar em perdas.
O USD/CHF terminou a semana a negociar a 0,8042, após a ter iniciado a 0,8028 e depois de ter registado um mínimo de 0,7986.
O EUR/CHF começou a semana em mínimos de 0,9312, para terminar em máximos de 0,9371.

O dólar australiano, das divisas do G10, foi a que mais se destacou, ganhando face ao dólar cerca de 1,4% e face ao euro 1%, com a subida das expectativas de manutenção das taxas por parte do RBA.
O AUD/USD subiu de um mínimo/abertura de 0,6535 em torno de máximos a 0,6640, enquanto o EUR/AUD caiu de um máximo de 1,7763, até um mínimo de 1,7530.

O real brasileiro destacou-se das demais divisas dos mercados emergentes pela negativa, ao inverter abruptamente a tendência recente, depois de ter ensaiado uma aproximação aos máximos de Maio de 2024. O choque veio da frente política: a possibilidade de Jair Bolsonaro apoiar Flávio Bolsonaro em 2026 apanhou o mercado desprevenido e quebrou a expectativa de uma coligação mais moderada e alinhada com as preferências dos investidores. O resultado imediato foi um aumento do prémio de risco soberano, precisamente numa fase em que a margem de segurança da moeda já era escassa.
Este abalo político somou-se a indicadores que confirmam a perda de dinamismo da economia. O PIB do terceiro trimestre avançou apenas 1,8% em termos homólogos, a expansão mais fraca em mais de três anos, reforçando a percepção de que o país se prepara para condições financeiras mais flexíveis num futuro próximo. Ainda assim, o mercado de trabalho continua apertado e os salários reais mantêm um ritmo de crescimento que sustenta o rendimento das famílias e as receitas fiscais. Essa resiliência limita o impacto orçamental de curto prazo e impede que o choque político se transforme, de imediato, numa crise de confiança mais profunda. O real perdeu esta semana mais de 2%, tanto face ao dólar, como face ao euro.

Gráfico Fonte XTB xStation 5


Commodities



Petróleo

Entre decisões da OPEP+ e tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela, os preços do crude voltaram esta semana a negociar em alta, iniciando positivamente o último mês do ano, após as perdas voltadas a registar no passado mês de Novembro.
Ainda no fim de semana passada, a OPEP+ decidiu manter inalteradas as metas de produção de petróleo no primeiro trimestre de 2026 e criou um novo mecanismo para medir a capacidade máxima de produção de cada país, que servirá de base para as cotas a partir de 2027.​ Continuam em vigor cortes de produção de mais de 3 milhões de barris por dia, cerca de 3% da procura global, que não foram alterados nesta reunião.​ A continuação dos ataques ucranianos a infraestruturas petrolíferas russas, seguiram também a dar suporte aos preços de crude, que terminaram a semana a ganhar cerca de 2,5%.

O barril de Brent começou a semana a negociar abaixo de 63 dólares para terminar a 63,75 dólares, após ter atingido um máximo acima dos 64 dólares por barril. O WTI terminou a semana de novo acima dos 60 dólares por barril, após a ter começado a negociar abaixo dos 59 dólares.

Gráfico Fonte XTB xStation 5



Ouro

Nesta primeira semana do último mês do ano, o metal amarelo estabilizou em torno dos recentes máximos. O preço do ouro continuou impulsionado pelo aumento de expectativas de cortes de taxas de juro, assim como por um dólar mais fraco, enquanto o alívio das tensões geopolíticas acaba por refrear o ímpeto ganhador deste activo de porto seguro dos mercados.

Esta semana a onça de ouro negociou num intervalo bastante curto, entre um mínimo de 4.164,00 dólares e um máximo de 4.264,50 dólares, tendo esta semana registado uma queda insignificante de 0,30%, num ano que leva até ao momento uma valorização em torno de 60%.

Gráfico Fonte XTB xStation 5



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